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Suelem Cristina

DIFERENTES LINGUAGENS E SUA UTILIZAÇÃO NO ENSINO DE HISTÓRIA
Suelem Cristina de Abreu
UNESPAR/ União da Vitória

Durante muito tempo o ensino de História foi caracterizado por meio da aula expositiva e por um ensino considerado “tradicional”. Esse método de aula tradicional levou os próprios professores a combaterem e buscarem renovação, pois esse ensino tradicional é considerado um motivo pelo qual os estudantes acabam demonstrando certo desinteresse pela História.
Com a escola dos Annales há um alargamento do que são consideradas fontes, os documentos históricos eram levados em conta apenas se fossem oficiais. Mas com o fortalecimento dos Annales houve o processo de abordagem da chamada interdisciplinaridade que contribuiu para essas novas discussões. Nesse processo todo, a história Cultural também assume papel importante por abrir espaço para novos debates.
Essa perspectiva mais ampla para a pesquisa histórica transformou também o pensar sobre o ensino de História que se abriu para novos temas, novos sujeitos e novos recursos e linguagens de ensino.
O uso de novas e diferentes linguagens tem como objetivo tornar a aprendizagem mais interativa e significativa para o aluno, instigando seu senso crítico e despertando nele a vontade de debater e apresentar seus pontos de vista sobre determinado assunto.
Nesse processo de mudança no ensino tradicional surge a necessidade de renovação, o que acaba ocasionando como conseqüência o uso de novos recursos em sala de aula. Entre essas mudanças a escolha do material didático com diferentes recursos foi algo considerado importante.
Entretanto o professor, muitas vezes, acaba se pautando apenas na aula expositiva por inúmeros fatores, entre eles: o fato de ter muitas aulas, não ter “intimidade” com outros recursos, por sentir-se confortável com o quadro e o giz ou mesmo a falta desses recursos.
A proposta do uso de novas e diferentes linguagens para o ensino de História vem sendo debatida desde a década de 80, mas o uso de tais recursos deve ter a finalidade de contribuir com a aprendizagem e gerar sentido para o aluno, e não para promover simplesmente uma renovação de métodos ou tentar fazer com que leve apenas a um interesse maior dos alunos. Com isso torna-se necessário também uma reflexão sobre a concepção de História e a partir disso desenvolver relações entre ensino e aprendizagem.
o uso de diferentes linguagens em sala de aula deve ser entendido como parte de um processo mais amplo, localizado em práticas que relacionem o uso de tais recursos em um diálogo com uma proposta de ensino que possibilite aos estudantes fazer parte do processo de ensino e produzir significados com ele. (OLIVEIRA, 2012, p. 3)
Os produtos culturais fazem parte das diferentes linguagens e entre eles encontram-se filmes, músicas, imagens, internet, TV, rádio, entre outros. Essas linguagens são consideradas recursos didáticos e devem contribuir para problematizar assuntos e auxiliar o aprendizado.
Para cada uma dessas diferentes linguagens deve haver uma forma de abordagem, atendendo ao fato de que cada uma tem uma finalidade e deve ser lida e criticada. Cabe, portanto ao professor historiador desconstruir o documento e suas impressões iniciais, partindo de observações como, finalidade, autor, contexto, etc.
Segundo a autora Nucia de Oliveira as diferentes linguagens podem ser utilizadas “como meios para estabelecer relações de ensino, ou como instrumento de investigação” (2012, p. 270), portanto a aprendizagem presente na história pode ser apresentada a partir da análise e investigação por meio de diferentes linguagens.
A Educação Histórica deve causar sentido na vida dos alunos com o aprendizado em História, criando narrativas e situações que possam ser interpretadas a partir do que os estudantes sabem. Portanto o uso de fontes históricas é muito relevante para a investigação e compreensão de processos históricos, permitindo também a criação de narrativas.
As diferentes linguagens em sala devem ser usadas como complemento das aulas de história, com finalidades próprias de construir saberes e contribuir para a reflexão.
Algumas vezes é possível perceber que as diferentes linguagens não são utilizadas como um material didático, pois estão sendo apresentadas apenas como uma forma de fazer com que os alunos participem da aula, mas esse objetivo acaba também não sendo alcançado. Com isso o aprendizado histórico não é desenvolvido.
Há uma preocupação com relação a tais recursos sobre o uso crítico deles, construindo assim debates com os estudantes e não levando verdades prontas a eles, despertando a análise própria por parte de cada um deles.
O uso do discurso literário para o ensino de História também é debatido, entretanto um ponto em comum entre o discurso literário e o discurso histórico é o fato de ambos serem narrativas. A literatura pode contribuir na história para demonstrar possibilidades de fatos que não ocorreram na realidade e que contribui também para o entendimento de costumes e da realidade de determinada época.
Com relação á imprensa periódica, ela é um meio de comunicação em massa que não pode simplesmente ser ignorada pelo professor, pois está presente na vida dos estudantes com uma carga de informações muito grande do mundo todo. Portanto cabe ao professor integrar essas informações em suas aulas.
É preciso que se tenha um olhar mais crítico sobre a notícia entendendo que ela por ser um produto cultural se esgota e pode ser “manipulada” de acordo com quem a produz e seus interesses por detrás disso. Apesar disso a imprensa é um meio que permite a observação através de diversos pontos de vista e por vezes fornece dados estatísticos, imagens, canções, quadrinhos, que podem contribuir no ensino de história.
As imagens, mais precisamente as fotografias, não são uma cópia fiel da realidade e sim o registro de uma escolha do fotógrafo. Logo essa imagem traz consigo uma subjetividade que precisa ser analisada de uma forma crítica pelo professor e seus alunos. Segundo a autora Selva Guimarães Fonseca (1995, p.56) o uso da imagem para o ensino de história “amplia pelo olhar as possibilidades de leitura do social, tentando captar aquilo que ao mesmo tempo é estranho e novo”.
 A música como um material didático pode ser utilizada como um meio de percepção social, do estudante interpretar a letra e criar uma ponte com o social, com a sua realidade, mas pode ser utilizada também para deixar a aula mais dinâmica. Portanto a música deve ser analisada, interrogada e entendida como a combinação de palavras.
Muitos são os recursos que podem ser utilizados em sala, e é evidente que a utilização de novas e diferentes linguagens para o ensino de história é importante e contribui com a aprendizagem se for executado de maneira significativa, conseguindo assim criar um “vínculo” entre o aluno e o conhecimento, despertando o senso crítico e gerando debates, desvencilhando-se da aula meramente expositiva.

Referências
DE OLIVEIRA, Nucia Alexandra. “NOVAS” E “DIFERENTES” LINGUAGENS E O ENSINO DE HISTÓRIA: construindo significado para a formação de professores. EntreVer, Florianópolis, v. 2, n. 2, p. 262-277, jan./jun. 2012  
FONSECA, Selva Guimarães. O USO DE DIFERENTES LINGUAGENS NO ENSINO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA. São Paulo, 1995.
GUERRA, Fabiana de Paula. A incorporação de outras linguagens ao ensino de história. Londrina, 2007.


Um comentário:

  1. Olá Suelem,

    Do seu ponto de vista, como as redes sociais podem ser utilizadas nas aulas de história? Quais os limites que essa linguagem possuem dentro do ofício do historiador?

    Maicon Roberto Poli de Aguiar.

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