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Lucas Emanoel

O LÚDICO E O ENSINO DE HISTÓRIA: RELATOS DA AÇÃO DO PIBID NA ESCOLA ESTADUAL GRACILIANO RAMOS
Lucas Emanoel Soares Gueiros

Introdução
Este texto se propõe a apresentar uma descrição dos benefícios de atividades lúdicas como recurso metodológico no ensino de História na Escola Estadual Graciliano Ramos, localizada no município de Palmeira dos Índios no Estado de Alagoas. O estudo foi construído a partir da leitura da obra do historiador Marc Bloch e também dos textos mais contemporâneos de Circe Bittencourt, Élia Santos, Flávia Caimi, Kellen Bernardelli, Margarida de Oliveira e Tânia fortuna, acerca do tema da ludicidade como elemento fundamental para o avanço do ensino e aprendizagem na disciplina de História do ensino básico e da observação e aplicação dos projetos lúdicos elaborados pelos bolsistas do PIBID em duas turmas do primeiro ano do ensino médio da referida escola.

A importância da ludicidade no ensino de História
O lúdico é uma ferramenta ou um conjunto de atividades e procedimentos metodológicos muito utilizados pela pedagogia e outras disciplinas, necessitando ser considerada e trabalhada dentro do ensino de história, para aperfeiçoar a transmissão de conteúdos curriculares, e mais ainda para que haja um ensino e aprendizagem longe da ótica conservadora e tradicional e da ideia de que a história apenas faz estudos tidos como cansativos e desestimulantes que são aqueles fatos ocorridos no passado ou de ações dos grandes ‘heróis’, segundo Oliveira:
O senso comum sobre a disciplina História, partilhado, inclusive, por parte dos profissionais de outras áreas de conhecimento, concebe a História como o resgate de todo o passado de todas as sociedades. Essa visão não é de todo desproposital. (OLIVEIRA, 2010, p. 9)
As concepções tradicionais acerca do que realmente vem a ser o objeto de estudo da História, afeta até os dias atuais a sala de aula. Os professores continuam apenas ministrando aulas que explanam os grandes fatos das distantes e grandes sociedades do passado, enaltecendo os feitos de conquistadores, ‘heróis’ e esquecendo de inserir conteúdos sobre os conquistados, a minoria que é maioria e principalmente o estudo da realidade e sociedade em que os seus alunos estão inseridos, fazendo com que os estudantes não sintam-se motivados a querer estudar História e sim fugir desta disciplina por conta de uma visão do senso comum e por práticas tradicionais por parte de profissionais da área que reproduzem a visão da História de séculos passados.
A História não tem como objetivo realizar apenas o estudo de fatos ocorridos em um passado distante, e ainda não deve limitar-se aos feitos de um único homem, ou seja, o ‘herói’ ou conquistador, mas sim, ter como objeto de estudo os homens e suas ações no tempo. Segundo o historiador Bloch:
Há muito tempo, com enfeito, nossos grandes precursores, Michelet, Fustel de Coulanges, nos ensinaram a reconhecer: o objetivo da história é, por natureza, o homem. Digamos melhor: os homens. Mais que o singular, favorável à abstração, o plural, que é o modo gramatical da relatividade, convém a uma ciência da diversidade..(BLOCH, 2001 p. 54)
A História tem como campo de estudo as ações dos homens no tempo, trabalhando com a pluralidade e não se detendo apenas a história de um único ser. Assim como na ideia do historiador Marc Bloch, o ensino na disciplina de História deve abordar a pluralidade, não limitando o seu campo de estudo apenas a uma mera reprodução das datas e feitos de ‘heróis’. E que não tenha como finalidade o simples estudo de eventos presos no passado, pois “A história não é a acumulação dos acontecimentos, de qualquer natureza, que se tenha produzido no passado. Ela á a ciência das sociedades humanas.” (BLOCH, 2001 p. 54). Sendo assim, cabe ao professor de História em suas aulas, não fazer uma mera reprodução de tempos anteriores, mas sim, fazer com que o seu ensino englobe a contemporaneidade e a pluralidade de sociedades como, por exemplo: as comunidades quilombolas e indígenas. E ainda inserir em sala de aula o contexto social em que seus alunos estão inseridos.

Aprendizado formal e informal
A disciplina de História com o uso da ludicidade fez com que os alunos do primeiro ano do ensino médio trabalhassem e desenvolvessem o aprendizado da temática dentro da sala e fora dela, ou seja, fez com que o conhecimento do assunto estudado não ficasse preso apenas a formalidade da sala de aula, mas também em outros ambientes.
As peças teatrais, poemas, objetos e paródias foram produzidas pelos alunos antes da data em que iria ocorrer o evento, para serem apresentadas durante a gincana. Suas elaborações foram realizadas de maneiras formais: dentro da sala de aula com a utilização de aulas explicativas, livro didático e escritas no quadro; e de maneiras informais: fora da sala de aula com a utilização do pátio da escola e até mesmo fora do âmbito escolar, já que os alunos também realizaram suas produções em suas casas e efetuaram pesquisas pela internet e em livros não didáticos. Sobre o desenvolvimento de atividades lúdicas dentro da sala de aula a autora Bernardelli afirma que:
Na sala de aula, o trabalho com atividades lúdicas está cada vez mais frequente nas instituições escolares, o qual é associado também ao conteúdo. Os docentes elaboram jogos, histórias para apresentar ou complementar o currículo de maneira significativa para os alunos. Os jogos, em especial, criam condições fundamentais para o desenvolvimento do aluno, além de promoverem a participação coletiva e individual em ações que possam melhorar o seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e social. (BERNARDELLI, 2015, p. 30)
O lúdico é uma ferramenta importante para o estimulo ou incentivo de estudantes, fazendo com que adquiram um conhecimento de maneira significativa. É uma ação a ser desenvolvida e utilizada mais vezes pelos educadores para que seja efetuada uma aprendizagem dinâmica, longe de um modelo de ensino antigo e ultrapassado.
Existiu para os alunos o incentivo a pesquisa, informação e a busca pela aprendizagem fora do ambiente escolar e fora do livro didático por eles utilizado; mostrando que podem e devem utilizar suas casas ou outros âmbitos para estudar e ir à busca de diversas informações em outros livros, meios de comunicações como a internet, etc. O lúdico foi de fato um sucesso para a motivação dos estudantes para que realizassem o estudo e pesquisas sobre a temática medieval. Segundo Santos:
[...] o lúdico é uma estratégia insubstituível para ser usada como estímulo na construção de conhecimento humano e na progressão das diferentes habilidades operatórias, além disso, é uma importante ferramenta de progresso pessoal e de alcance de objetivos institucionais. (SANTOS, 2010, p. 2)
O lúdico é uma necessidade a ser utilizada pelo professor de História em sala de aula e até mesmo fora dela, já que o ensino dos conteúdos curriculares não precisa limitar-se apenas a formalidade, dentro de uma sala de aula, com apenas a utilização do quadro e livro didático.
As brincadeiras e produções da gincana não apenas enalteceram o desenvolvimento do aprendizado dentro do ensino de História e em especial do assunto Idade Média, mas também desenvolveram várias outras capacidades cognitivas dos educandos, como: produções textuais com criações de paródias e poemas, a capacidade de trabalhar em equipe e também a questão da expressão e oralidade, fazendo com que o aluno melhor se expressasse durante a declamação dos poemas e do cantar da paródia.
As provas da gincana serviram como conteúdos extracurriculares do ensino e aprendizagem da disciplina história, fazendo com que houvesse o desenvolvimento das capacidades cognitivas dos alunos, ou melhor, o enaltecimento do aprendizado dos próprios alunos para com o conteúdo anual curricular por eles estudado.

Referências
BLOCH, Marc. Apologia da História ou O Ofício de Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2001.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: Fundamentos e Métodos. São Paulo. Ed Cortez, 2004.
BERNARDELLI, Cristina Costa Alves. A criança no Ciclo de Alfabetização: Ludicidade nos Espaços/Tempos Escolares. IN. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. A Criança no ciclo de alfabetização. Caderno 02 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. – Brasília: MEC, SEB, 2015.



2 comentários:

  1. Boa tarde, me chamo Érica, A minha dúvida é, até que ponto a ludicidade pode atrapalhar ou ajudar os alunos em suas aprendizagens ? uma vez que alguns professores se utilizam do lúdico, sem pensar em sua metodologia, em como executar tal ação, deixando a desejar na utilização de fontes entre outros!

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    1. Boa Noite Érica!! Como argumentado no artigo e seguindo a linha de pensamento de BERNARDELLI (2015) o lúdico atua positivamente ao promover a ação coletiva e individual dos alunos, uma vez que as atividades lúdicas é uma ferramenta pedagógica que possibilita com que o professor desprenda-se dos padrões tradicionais e conservadores de ensino, atualizando suas metodologias. Tendo assim, como consequência a inclusão dos alunos na aprendizagem de determinados conteúdos, porém é necessário que o docente tome cuidado quanto ao emprego dessas atividades lúdicas, para que o mesmo não caia em armadilhas e torne-se um ponto ou aspecto negativo. Desse modo, é necessário que o docente, ao trabalhar com a ludicidade, tenha o cuidado de não promover um mero ato de brincar, mas faça com que tal atividade esteja dialogando com o assunto, facilitando assim, a aprendizagem. Após isso o professor deverá observar se realmente houve uma aprendizagem a partir da atividade realizada por ele em sala de aula. A prática lúdica torna-se um ponto negativo quando:
      a) É trabalhado de forma displicente os vários meios de ludicidade (Imagens, filmes, documentários, gincanas, entre outros);
      b) Ao não ser feita uma análise rigorosa sobre esses meios;
      c) E ao não promover com que os alunos realizem uma leitura crítica sobre os meios de ludicidade utilizados na aula.
      Att, Lucas Emanoel Soares Gueiros.

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