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Lucas Eduardo; Pablo Kyoshi

HISTÓRIA E FOTOGRAFIA: UMA VISÃO DE FOTÓGRAFO, DO HISTORIADOR E DO OBSERVADOR COMUM, AS VÁRIAS INTERPRETAÇÕES ACERCA DA IMAGEM
Lucas Eduardo de Oliveira
Pablo Kyoshi Rocha
UEPG

Na programação da Primavera de Museus, os estagiários de História da Associação Parque Histórico de Carambeí (APHC), citados acima, confeccionaram a oficina “Historiografia e Fotografia”. Desenvolvida durante os dias 20 a 23 de setembro de 2016 para alunos entre 10 e 15 anos, a oficina teve como objetivo provocar o público a pensar a respeito das reconstituições de algumas peças do museu e ainda refletindo a respeito da própria História como disciplina, trabalhando com a perspectiva de “como fazer história” do ofício do historiador, prescrito pelo renomado Marc Bloch.
Foi considerado que todos os alunos presentes não possuíam nenhum tipo de conhecimento cientifico quanto à fotografia e história, ou uma visão diferente quanto à fotografia e o seu uso cotidiano. Sendo assim, montou-se uma oficina que abordasse ao mesmo tempo, a construção de passado e a construção do presente, e relacionou-se esta concepção à construção das Alas museais do Parque Histórico de Carambeí. Para isso foi necessário uma abordagem minuciosa, juntando os pequenos fragmentos contidos nos próprios alunos, interligando a história disciplinar com a história científica, para que então definir-se coletivamente a história investigativa que acerca o documento imagético, a visão do fotógrafo e a concepção do historiador.
Em um primeiro momento os alunos foram recebidos em uma sala para o momento teórico da oficina. Um dos estagiários tinha uma fala acerca da visão do fotógrafo e da fotografia. Também sobre as origens da fotografia e para qual função ela surge. Com o objetivo de “registrar a luz” o ato de fotografar surge para guardar momentos e datas que devem ser lembradas. Com isso a imagem torna-se uma fonte, que mostra muito a respeito de um local, época, povo e demais aspectos. Em seguida, foi apresentada aos alunos que o “ato de fotografar”, até mesmo nos dias atuais, é sim uma forma de construir a história, pois não deixa de ser uma fonte de analise, tais como as imagens de hoje, para compreender nossa realidade.
Dando sequência, os alunos foram encaminhados até o local da primeira parada: Casa do Colono. Neste local – em exposição na Vila Histórica do APHC – eles ficaram de frente com a primeira fotografia e também com o espaço físico mostrado na imagem. Neste momento, foi aplicada a primeira comparação e análise de imagem. Eles observaram quais eram as semelhanças e diferenças entres imagem e espaço físico. Foram citados pelos estudantes qual fora o objetivo do fotógrafo no momento em que capturou tal imagem e a partir disso montar sua própria concepção e imersão sobre a história local.
A próxima parada foi na Igreja da Vila Histórica. Neste local os estudantes tiveram contatos com as imagens da construção da Igreja e em seguida dela já pronta. Outra foto que também foi apresentada a eles, foi de um casamento nesta igreja.
Em seguida, o próximo ponto foi na Escola da Vila Histórica, onde eles conheceram o espaço físico e então analisaram a imagem do acervo, que mostra os alunos da década de 1920 a 1940 da Colônia Holandesa dentro desta sala de aula com sua respectiva professora.
A última parada foi na ponte principal do Parque, que dá acesso as alas museais. Neste momento os alunos puderam observar de forma mais apurada a ponte pela qual já tinham atravessado, mas sem muita atenção. Na imagem, era mostrada uma ponte na Holanda, assim, eles puderam observar as semelhanças da ponte do Parque com a da imagem.
É importante destacar que todas as imagens eram fotografias originais da época da Colônia Holandesa de Carambehy entre as décadas de 1920 a 1950. Os espaços físicos citados que foram utilizados na oficina foram da Vila Histórica, uma réplica com 60 por cento do tamanho real da vila original.
A oficina teve por objetivo, oferecer uma visão diferente do museu e de suas construções. Foram utilizadas fotografias disponíveis no acervo do APHC, como fonte de pesquisa e de estudos, e o ensino retórico para que o público chegasse as suas conclusões e interpretações. Diante de cada cenário ou objeto, os estagiários colocavam a fotografia ao lado e perguntavam o que os alunos conseguiam ver naquela foto; o que acontecia; se haviam pessoas e o que elas faziam; se fosse algum objeto, qual era sua função.  Assim, eles (alunos) observaram as fotos e usaram do imaginário para criar alguma cena nas construções da Vila ou para os objetos utilizados.
A intenção do projeto era que os alunos observassem as peças e o processo da Vila Histórica como objeto do seu interesse, os quais representam elementos da imigração holandesa e da Colônia Holandesa de Carambehy. Transmitir que uma prática diária simples, o “ato de fotografar”, pode ser tão importante quanto um documento escrito há muitos anos atrás. E alegar a importância do mesmo como um objeto de estudo.
Ao final, como atividade prática, os alunos deveriam usar suas máquinas fotográficas (celular, tablet, etc.) e fotografar com “a visão de fotógrafo”um cenário de dentro da Vila Histórica e em seguida deviam apresentar aos colegas e explicar os seguintes itens: de que forma aquela imagem era uma fonte; o que poderia se aproveitar dela; como foi sua visão na hora de capturar a imagem.
Fechando o ciclo, tiveram-se então as três interpretações que se tinha como objetivo, do fotografo, do historiador e do observador comum. Foi analisado o que o fotógrafo tinha como intenção transmitir, qual era sua visão ao fotografar tal imagem. Em seguida, os alunos colocaram-se como historiadores e tentaram compreender o que este último observaria, qual seria a visão do historiador sobre as imagens. Por fim, como observadores comuns, os alunos deram suas opiniões sobre o que viam nas fotografias.
A oficina contou ao final com 54 alunos, sendo que esta foi uma das várias atividades ocorridas durante a programação do evento.

Referências
BORGES, Maria Eliza Linhares. História & fotografia. São Paulo: autêntica, 2003.
KOSSOY, Boris. Fotografia & História. São Paulo: Ateliê Editorial. 2014
           


2 comentários:

  1. Boa noite!

    Desde já gostaria de parabenizar pelo trabalho e dizer que a ideia de utilizar a fotografia e a História é algo que me faz pensar o quão popular este recurso se tornou nos últimos anos de forma que acrescente uma facilitação do conteúdo histórico em sala de aula.

    Infelizmente ainda não tive a oportunidade de trabalhar com este recurso, mas que já há algum tempo que vinha pensando em como poderia ser proveitoso.

    Você acha que ainda há uma barreira que impõe dificuldades e não aceitação na utilização da fotografia e a História no Brasil?

    Rodolpho Luiz Almeida Vieira

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    Respostas
    1. Olá Rodolpho, talvez não uma aceitação, mas uma abordagem que se dá à elas, por exemplo, uma "selfie" que tiramos pode não significar nada historicamente nos dias de hoje, mas daqui a 50 anos pode surgir uma abordagem que de significado a esse tipo de material e impulsione novas pesquisas. Agora, para se pesquisar e estudar História, se torna indissociável a foto como uma fonte histórica de pesquisa e aqui principalmente fazemos valer o ditado "mais vale uma imagem do que mil palavras". Portanto, na minha opinião, não acho que há uma barreira, mas existe uma não-abordagem específica em relação a elas.

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