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Leonardo de Jesus

“DIRETO AO PONTO” - A EDIÇÃO DE VÍDEOS E IMAGENS A SERVIÇO DO DOCENTE
Leonardo de Jesus Tavares
Mnt. História ProfHISTÓRIA - UFRRJ

O uso didático das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC´s)
No relato de minha experiência, devo dizer que, durante minha formação sempre tive o interesse de utilizar o recurso do audiovisual como apoio para as aulas. Imagens, filmes, músicas, todo esse material serviria de grande recurso para compreensão dos estudantes, se utilizados de maneira objetiva e esquemática dentro de um procedimento de aula previamente pensado.
Ao ingressar no trabalho docente – na Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro, no ano de 2010 – com turmas cheias e indisciplinadas, tive a intenção de utilizar recursos de mídias que havia produzido durante a licenciatura, para envolver os estudantes nas propostas de aula. Porém percebi que utilizar massiva e constante os recursos de mídia tiram deles o encantamento lúdico necessário para que os estudantes interajam com as aulas. O que as primeiras tentativas me ensinaram foi que o recurso de mídia não exclui, nem diminui a importância da exposição verbal do docente, momento no qual aluno e professor estabelecem um vínculo vital para o processo de aprendizagem.
Concordo com a afirmação de MENEZES (2013), segundo a qual “... para o processo de aprendizagem se efetivar é necessário que haja motivação e interação entre professor e aluno ...” , ou seja, o docente deve estar em constante esforço de interação - integração com os seus estudantes, estabelecendo e desenvolvendo vínculos, que serão facilitadores para o bom desempenho das propostas educacionais.
Sobre a forma como os estudantes vivenciam as aulas, MORAN (2004) possui um estudo que ilustra a percepção dos discentes. De acordo com esse estudo, “... a maior reclamação dos alunos é a forma como os professores ministram suas aulas, falando por horas, expondo o conteúdo, com pouca possibilidade de participação dos discentes, não ocorrendo assim uma interação professor-aluno ...” (in.: MENEZES, pg.: 4). É fato que a geração atual de jovens encontram-se em uma freqüência de velocidade de resposta e uma conseqüente inquietação com longos processos. Destaco aqui, que a vivencia com os estudantes tem me despertado o ímpeto de ser cada vez mais ágil e direto em minhas exposições explicativas dos temas das minhas aulas, aproveitando ao máximo os momentos (curtos) de atenção que os estudantes nos ofertam. Constatar essa inquietude e aceleração dos jovens, nos auxilia, enquanto facilitadores de informações educacionais, à manter o foco na objetividade de nossa fala.
O uso de ferramentas tecnológicas como apresentações de Power Point são um considerável apoio para a organização de uma abordagem retilínea de temas educacionais. Especificamente na experiência de trabalho escolar que venho relatar por meio dessa comunicação, a plataforma PowerPoint foi utilizada como recurso expositivo bastante satisfatório. Unindo possibilidades diversas de exposição de áudio, desenhos, mapas, e vídeos, encontrei sempre soluções bastante praticas para as minhas necessidades de expositor.
Sendo de uma família de professores, eu dispunha em minha casa, de várias as informações sobre a crise social que causava o desinteresse dos estudantes pela aprendizagem, e das propostas governamentais que imputavam plenamente, os docentes pelo fracasso escolar.
Minha preocupação didática era produzir um material que proporcionasse aumento de curiosidade nos estudantes, e a experiência me permitiu perceber que os recortes de vídeo causavam uma curiosidade para o decorrer do filme, porém, no momento da aula o ideal é que a informação áudio-visual seja bastante objetiva, para evitar dispersão da atenção dos estudantes. Sobre esse aspecto do trabalho enfatizarei no subitem referente à Metodologia.
Ainda sobre os profissionais de ensino que atuam nas salas de aula na nossa realidade brasileira de 2017, considero válido dizer que; os professores não recebem o devido treinamento e capacitação para introduzir as TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) em suas práticas de sala de aula. Em muitas das vezes, realmente o quadro que temos é de docentes acomodados e reticentes com todos os movimentos de renovação e modernidade. Porém, ainda existe um numero importante de docentes que pretendem realizar trabalhos com significado para seus alunos.
A crítica sobre o uso de filmes em sala de aula é bastante forte. Ainda existem até hoje atitudes com as aulas com vídeo, como se elas fossem uma recreação simples, um tipo de aula divertimento, ou uma demonstração pura e simples dos conteúdos da disciplina. Esse fato é enfatizado por CAPARRÓS-LERA & ROSA (2013):
(...) identificamos que não são todos os mestres que sabem utilizar a sétima arte dentro do processo de ensino. Ainda existem professores que empregam o cinema como divertimento ou como ilustrador do conteúdo. Para essa atitude temos uma explicação muito simples: o professor não tem conhecimento de como utilizar o cinema nas aulas de História (...) in.: CAPARRÓS-LERA, Josep M. & ROSA, Cristina S. O cinema na escola: uma metodologia para o ensino de História. 2013 pg.: 190
O uso que sempre pretendi fazer dos trechos de filme, nunca foi de “ilustração de conteúdo”, metodologicamente poderia dizer que me aproximo conceitualmente com alguns aspectos da proposta de Jonatas Serrano e Venâncio Filho, autores do livro “Cinema e Educação” (1930). Nesse livro os autores sugerem algo que considero de fundamental importância para que a aprendizagem seja bem sucedida - o auxilio do professor passo-a-passo junto aos estudantes: “... os autores sugeriam o emprego do cinema como auxiliar de ensino, em que as exibições de filmes seriam acompanhadas pelas explicações do professor ...” (in.: CAPARRÓS-LERA & ROSA, pg.: 192). Utilizei a referencia do livro “Cinema e Educação” (VENANCIO FILHO; SERRANO, 1930) como um auxilio sobre alguns aspectos da metodologia da narrativa fílmica em sala de aula; porém, no produto educacional que produzi e relato a experiência didática nessa comunicação, sempre utilizei trechos curtos de cenas de filmes, agilizando e dinamizando o andamento das aulas.
Outro item válido em minha avaliação prévia dessa experiência didática, foi a articulação entre a proposta de trabalho e os Parâmetros Curriculares Nacionais, que estimulam “... o desenvolvimento de atividades com diferentes fontes de informação (livros, jornais, revistas, filmes, fotografias, objetos, etc) para confrontar dados e abordagens; e o emprego de documentação variada, como sítios arqueológicos, edificações, mapas, instrumentos de trabalho, objetos cerimoniais e rituais, adornos, meios de comunicação, vestimentas, textos, imagens e filmes.” (BRASIL, 1998, pg.: 77).
Em minha experiência de trabalho, identifiquei que o Power Point se configurou como a plataforma mais adequada para a utilização das múltiplas mídias com as quais trabalhei. Os recursos oferecidos pelo software, me possibilitaram fazer incursões em imagens (fotografias, charges, pinturas, etc), músicas e vídeos de forma bastante produtiva. Dessa forma, harmonizo-me com a conclusão de NOGUEIRA sobre o referido software e seu uso educacional: “... o Power Point, como recurso tecnológico, pode facilitar o ensino e a aprendizagem de determinados conteúdos e pode motivar o aluno levando-o a ter interesse pela aula, desde que o professor saiba conduzi-la, promovendo reflexões, debates e abrindo espaço para questionamentos a respeito dos conteúdos abordados ...” (in.: NOGUEIRA, 2013. Pg.: 25).

Metodologia do trabalho
Particularmente discordo com um procedimento sugerido por CAPARRÓS-LERA & ROSA sobre cenas de violência e sexo nos filmes:
(...) Se o filme tem cenas de sexo ou violência, é interessante falar sobre isso com os alunos, principalmente com os adolescentes, para que as imagens não se tornem motivo de piada, distraindo a turma (...) in.: CAPARRÓS-LERA, Josep M. & ROSA, Cristina S. O cinema na escola: uma metodologia para o ensino de História. 2013 pg. 201.
Acredito que as cenas “inapropriadas” devem ser utilizadas em circunstancias bem especificas, cercadas de um objeto bem preciso de instrução. Um bom exemplo seria a cena clássica de sexo entre o monge e a camponesa do filme “O nome da Rosa”. Tal cena poderia ser exibida durante o 3º ano do Ensino Médio, em um debate sobre a História da exploração da sexualidade feminina, pois na faixa etária desse ano de escolaridade, os estudantes costumam estar mais abertos ao debate necessário para que o objetivo da cena não se perca com agitações e brincadeiras inadequadas.
As apresentações PowerPoint que produzi possuem um foco na agilidade e objetividade. Desenvolverei a partir de agora, uma síntese sobre a apresentação que produzi que causou melhores resultados educacionais, com o tema de Consciência Negra.

Considerações parciais: Uma síntese sobre a Apresentação PPT Consciência Negra.
A apresentação PPT Consciência Negra foi produzida no ano de 2014, para apresentação na escola onde trabalho, a Unidade Escolar CIEP Brizolão 324 – Mahatma Gandhi, como parte das atividades de celebração ao dia da Consciência Negra. A referida apresentação é composta de 35 slides, constituídos por: 4 mapas, 3 fotografias, 18 gifs animados, 1 pintura, 6 sons de música (mp3), e 11 trechos de filme.
Os resultados de aprendizagem obtidos com essa apresentação PPT, foram altamente satisfatórios, com um grupo significativo de estudantes realmente impressionados com os processos de violência e desumanização praticados contra a população negra ao longo da História, e que se manifestam até os dias de hoje em forma de ações racistas nos meios de comunicação e internet. Entretanto, devo destacar que esse trabalho foi realizado com grupos de estudantes que já participavam de aulas interativas semelhantes apresentadas bimestralmente comigo, à pelo menos 3 anos, e estavam acostumados a refletir através das emoções despertadas pelas imagens dos trechos de filmes. Ou seja um resultado, a longo prazo, porem visível que demonstra melhoras na compreensão e envolvimento dos estudantes com as praticas educativas.
Devo destacar que ainda não realizei uma conclusão final sobre outros aspectos do trabalho pois o mesmo ainda encontra-se em processo de estudos inserido como produto educacional em meu projeto de Dissertação de Mestrado, no PROFHISTÓRIA – UFRRJ.

Referências Bibliográficas:
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: História. Brasília: MEC: SEF, 1998.
CAPARRÓS-LERA, Josep M. & ROSA, Cristina S. O cinema na escola: uma metodologia para o ensino de História. Educação em Foco. Juiz de Fora, v. 18 n.2, pg.: 189-210, jul./out. 2013.
MAHAR, Steve; YAYLACICEGI, Ulku e JANICKI, Thomas N. Less is more when developing PowerPoint Animations. Proc ISECON, 2008, v. 25 (Phoenix): § 3115 (refereed).
MENEZES, S. D. Mídia e educação: O uso das novas tecnologias em sala de aula. Disponível em URL:
MORAN, J. M. (2004). Os novos espaços de atuação do professor com as tecnologias. In: ROMANOWSKI, J. P. et al. (Org.). Conhecimento local e conhecimento universal: diversidade, mídias e tecnologias na educação. Curitiba: Champagnat.
MORAN, J. M., MASETTO, M. T. & BEHRENS, M. A. (2000). Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas, SP: Papirus.
NOGUEIRA, Jorge Bonfim. A utilização de animações em Power Point como ferramenta Didático-Pedagógica para o ensino de Matemática. Dissertação de Mestrado Profissional em Ensino de Matemática, Polo Universidade Estadual da Bahia – UESB. 2013.
ROULKOUSKY, Emerson. Tecnologias no ensino de matemática. Curitiba: Ibpex, 2011 – Série Matemática em Sala de Aula.

VENÂNCIO FILHO, Francisco; SERRANO, Jonathas. Cinema e Educação. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1930.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Olá Leonardo,

    Parabéns pelo desenvolvimento do seu trabalho. Fiquei curioso com duas questões.

    1. Sei que quando terminamos uma aula, pela experiência como professores, é possível apontar se o resultado foi ou não satisfatório. ainda que seja uma observação pragmática. Mas é interessante, nesse tipo de trabalho, materializar essas afirmações. Você teria gravado os comentários, ou realizado atividades em que os alunos pudessem escrever suas impressões ou relatar a aprendizagem? Minha pergunta não é para questionar suas reflexões, e sim para dar uma sugestão. Em trabalhos próximos poderia colocar relatos dos alunos a respeito do tema. O que você acha?

    A outra pergunta é: seria possível dar mais detalhes sobre o processo de escolha das fontes que você trabalhou?

    att

    Thiago Augusto Divardim de Oliveira

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