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Kêmeron Chagas; Carlos Jordan

O PIBID NO COTIDIANO ESCOLAR - UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DA DISCIPLINA DE HISTÓRIA
Kêmeron Chagas dos Reis Almeida
Centro Universitário São Camilo, ES
Carlos Jordan Lapa Alves
Mnt. UENF

Introdução
Segundo pesquisa realizada pela BBC/Brasil (2014), que compara notas e alfabetização em 40 países, o Brasil ficou em 38º lugar. Diante disto, infere-se que há muito que se fazer para alavancar a Educação Brasileira. Diante desta realidade surge a questão: Como desenvolver uma educação de qualidade e o que seria uma educação de qualidade?  Freire (1967, p. 90) aponta a educação como aquela que proporciona “ao homem uma discussão corajosa de sua problemática, [...] que o colocasse em diálogo, que predispusesse a análise crítica de seus achados”.
Considerando essa educação, a que se julga como sendo ''de qualidade'', vê-se a importância de destacar o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID/CAPES como mecanismo de promoção de uma educação de maior qualidade, pois além de permitir aos Bolsistas de Iniciação a Docência elaborarem e desenvolverem projetos direcionados à formação da qualidade de alunos da Educação Básica o projeto potencializa a formação dos licenciandos participantes do programa. Nesse contexto, o presente relato pretende fazer um paralelo entre duas escolas do município de Cachoeiro de Itapemirim, ES. A primeira, doravante “Escola A”, é beneficiada pelo programa, a segunda, doravante “Escola B” é despossuída dos investimentos financeiros e dos recursos humanos do PIBID. Nesse sentido, é importante ressaltar que um dos autores deste relato participou do cotidiano de ambas as escolas, sendo a primeira como bolsista do PIBID e a segunda como estagiário, parte dos requisitos para colação de grau.

O papel da escola
Muitos dos problemas encontrados no processo de ensino-aprendizagem não é somente responsabilidade do professor. A própria escola possui, também, grandes responsabilidades, por exemplo, mediar situações com a família e viabilizar meios para que todos os agentes que coexistem na escola, possam crescer juntos. Chervel (1990, p. 184) apud Fonseca (2003, p. 34) diz que o papel da escola é duplo: “(...) de fato, ela forma não apenas os indivíduos, mas também uma cultura que vem, por sua vez, penetrar, moldar, modificar a cultura da sociedade global”.
A escola tem um papel fundamental de interagir com a família dos alunos no contexto escolar. Afinal, é preciso que a família passe a acompanhar de forma efetiva a vida escolar de seus filhos, para que o papel de ambos se complemente. Trata-se de uma relação de mudança educacional como forma de reavaliar, de refazer as práticas pedagógicas para inclusão dos alunos de forma eficaz nas aulas, permitindo que eles sintam, se não prazer, ao menos a necessidade de um estudo sério das disciplinas, reconhecendo-as como fundamentais para a formação enquanto alunos. Nesse sentido, a escola precisa trabalhar junto ao professor, pois como afirma Nóvoa (1992, p. 17) as escolas não podem mudar sem o empenho dos professores, e estes não podem mudar sem uma transformação das instituições em que trabalham. O desenvolvimento profissional dos professores tem que estar articulado com as escolas e seus projetos.
Além disso, “a mudança educacional depende dos professores e da sua formação. Depende também das transformações das práticas pedagógicas na sala de aula” (NÓVOA, 1992, p. 17), ou seja, é muito difícil melhorar a qualidade na educação brasileira se não houver um sincronismo entre escola, professores, alunos e famílias. Dessa maneira não há chances de existir uma educação que possibilite uma aprendizagem mais inovadora, lúdica, que desperte o senso crítico dos alunos fazendo-os formadores de opiniões.

Os dois lados da educação: relato de experiência
Diante deste contexto, fica evidente a preocupação de se estabelecer uma educação de qualidade, e é importante que o professor que está em início de carreira profissional saiba lidar com as problemáticas em seu dia-a-dia escolar, tendo o mínimo de experiência possível para saber tomar decisões cabíveis. No entanto, como esse “novo professor” pode possuir algum tipo de experiência, uma vez que esta é sua primeira experiência como professor regente? Essas experiências devem se originar com o contato com as escolas no início de sua formação, através dos estágios supervisionados, por exemplo, ou então através do PIBID, que muito tem contribuído para a formação e capacitação de professores.
Na presença de ambas as escolas, foi possível perceber na Escola “A” como que o Pibid ajuda na elaboração de projetos e eventos, os quais na Escola “B” percebe-se dificuldades. Por exemplo, na elaboração da Semana Cultural ocorrida na Escola “B”, houve uma dificuldade muito grande por parte dos professores, que em sua maioria buscava algo menos trabalhoso, uma vez que, não possuíam tempo suficiente para uma organização de maior porte. O evento ocorreu às pressas, sendo organizado de última hora, não por má vontade dos profissionais, mas porque foi a melhor maneira encontrada diante do tempo escasso de cada professor.
Agora, se a Escola “B” possuísse bolsistas do Pibid, assim como na Escola “A”, não digo que a organização do evento seria perfeita, mas com certeza com melhor planejamento, uma vez que o bolsista estaria nos bastidores, auxiliando os professores, ao mesmo tempo em que aprende sobre as atribuições docentes, uma vez que estando inserido num contexto escolar, está à mercê de todas as situações em que o mesmo poderá enfrentar futuramente quando de fato assumir uma sala de aula.
O primeiro projeto vivenciado enquanto bolsista do PIBID na Escola “A” era voltado para observação e interação, no qual o bolsista tinha que acompanhar cada professor da Escola “A” em dias diferentes e conhecer as especificidades de cada turma, observando suas limitações e dificuldades, promovendo planos de estratégias para uma possível diminuição do problema, além de promover também atividades que objetivavam interagir o aluno, professor e, também com o bolsista. Dessa maneira, o bolsista ajudava não somente em manter a ordem em sala de aula, como também auxiliava o professor no processo de aprendizagem e, além disso, no desenvolvimento dos princípios éticos, estéticos e políticos. Por outro lado, analisando a realidade da Escola “B”, se houvesse a existência de bolsistas que auxiliassem tais professores nesse processo, possibilitaria talvez uma diminuição na falta de atenção existente por parte dos alunos, e  ajudaria na propagação do respeito mútuo entre colegas de classe.
Com a análise do cotidiano da Escola “B”, verifica-se a necessidade da aplicação de determinados projetos para melhoria da escola. Por exemplo, uma turma específica da Escola “B” foi considerada a pior turma da instituição, pois os mesmos não são interessados, alguns são arrogantes, não estão preocupados com suas notas e com sua formação. Nesse caso, se houvesse a intervenção do Pibid poder-se-ia, juntamente com os professores, ser organizado um projeto de intervenção trabalhando questões humanísticas com a turma, com mensagens de motivação, mostrando para os alunos que eles são importantes e que precisam pensar em suas escolhas de vidas no futuro.
Outro relato necessário a se fazer para destacar a melhoria da qualidade da educação da Escola “A” refere-se a aplicação do projeto “Brincando e Interagindo”, desenvolvido pelo Pibid. O projeto tinha como objetivo utilizar os jogos, no caso em grupos paralelos, no processo de alfabetização, de uma forma lúdica e menos cansativa dos alunos serem alfabetizadas. Percebeu-se que essa metodologia de ensino, foi muito importante e necessária para trabalhar com os alunos com maiores dificuldades de reconhecer as letras, sílabas e palavras.
Em suma, observa-se que a presença de um bolsista do Pibid na escola facilita o trabalho do professor, uma vez que muitos destes acabam ficando condicionados a transmissão de conteúdos e contribui para a formação de uma educação de qualidade. 

Considerações finais
Diante das experiências vividas foi possível compreender que a Escola “B” fica em grande desvantagem em relação a Escola “A” a nível de práticas pedagógicas diferenciadas, ou seja, a presença do Pibid, seja em qualquer escola, se bem implementada por seus bolsistas tende a trazer grandes benefícios tanto para escola, quanto para o bolsista que se encontra na graduação. Situação também benéfica para escola porque os bolsistas do Pibid podem trabalhar de forma integrada com toda a comunidade escolar, através de projetos que venham influenciar direta ou indiretamente na melhoria da qualidade da educação do educando.
Por outro lado é vantajoso para o bolsista, uma vez que o mesmo estará investindo em sua formação, aprendendo jeitos, maneiras de se portar com determinados problemas no dia-a-dia escolar. E se a escola fizer a sua parte, e se o professor também o fizer, obtendo ainda o auxílio de bolsistas do Pibid, com certeza o caminho para uma educação de qualidade será ainda melhor, sem tantas dificuldades como àquelas vivenciadas na Escola “B”.
Conclui-se então que, com o Programa Institucional de Iniciação à Docência – PIBID, num futuro não tão distante, será possível obter boas mudanças na qualidade da educação brasileira, o que poderá ser confirmado pelas pesquisas de rankings futuramente realizadas.

Referências bibliográficas
BBC BRASIL. Brasil se distancia da média mundial em ranking de educação.  2014. Disponível em <http://g1.globo.com/educacao/noticia/2014/05/brasil-se-distancia-da-media -mundial-em-ranking-de-educacao.html> Acesso em 09 ago. 2014.
FONSECA, Selva Guimarães. Didática e prática de ensino de história: Experiências, reflexões e aprendizados. Campinas, SP: Papirus, 2003.
FREIRE, Paulo. Educação Como Prática da Liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.

NOVOA, António. Formação de Professores e Profissão Docente. 1992. Disponível em: <http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/4758/1/FPPD_A_Novoa.pdf>. Acesso em: 13 jan. 2015.

7 comentários:

  1. Maria Josilda Ferreira da Silva.
    Kêmero e Carlos, gostei muito de vocês trazerem o PIBID para refletir a relevância da qualidade de ensino na sala de aula. Diante do contexto apresentado, como o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência pode contribuir na inovação da Educação, entre a escola, os professores, os alunos e a família? Maria Josilda Ferreira da Silva.

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  2. Gisele Fernandes Antunes5 de abril de 2017 às 05:20

    Gisele Fernandes Antunes
    O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência(PIBID), foi muito bem abordado por vocês, mostrando os benefícios desse programa para os bolsista e para a escola em geral. Gostaria de saber quais práticas pedagógicas utilizar para alfabetizar as crianças e tornar a escola um ambiente mais atrativo?

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  3. Parabéns pela comunicação!

    Como ex-bolsista do PIBID, tive a oportunidade de perceber que partir da experiência do PIBID-HISTÓRIA podemos desenvolver projetos com finalidades educativas e colocá-los em prática nas escolas, além da exposição em eventos acadêmicos que nos possibilitaram ampliar nossas percepções acerca do ensino de história. Além disso, percebemos as renovações que podem ser feitas na dinâmica de ensino-aprendizagem com o objetivo de fornecer subsídios que qualifiquem os docentes e tornem as aulas mais lúdicas, agregando conhecimento aos discentes de forma eficiente e significativa. Nesse sentido, quais projetos, na opinião de vocês, causam melhores efeitos na escola?

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  4. Bom trabalho!
    Através das duas experiências vivenciadas em espaços distintos, é possível perceber o impacto do programa não só para os bolsistas id's, mas, para toda uma comunidade escolar.
    Neste sentido, quais as principais estratégias que você desenvolveu no programa que te auxiliaram no período de estágio? ( caso não tenha passado pela experiência da regência, como você se ver assumindo uma sala de aula com a experiência vivenciada no pibid?)
    Aline da Rocha Coutinho

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  5. Boa noite!

    Como vocês percebem esse impacto do Pibid na sua formação? É possível ver diferenças entre aqueles que fazem parte do programa e os que não fazem?

    Obrigada.

    Mariane Moser Bach

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  6. Boa noite Kémeron e Carlos! Também sou ex membro do PIBID de História de Ponta Grossa o que me possibilitou, a meu ver uma formação de qualidade. Acredito que o PIBID não deveria ser um programa de bolsa e sim um trabalho vinculado aos cursos a bolsa poderia e deveria ser um auxilio ao estudante. A distância entre teoria e pratica se reduziriam muito! O que vocês acham?????

    Reinaldo Glusczka

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  7. Talyta de Fátima Vichnievski7 de abril de 2017 às 19:38

    Boa noite Kémeron e Carlos!
    Fui aluna PIBID, e concordo com suas palavras, acredito sim que em um futuro bem próximo, colheremos frutos do trabalho do PIBID, seja nessa relação entra o aluno PIBID com a escola, ou do ex-aluno PIBID atuando em sala de aula já formado. Essas experiências nos preparam e muito para os desafios da docência. E Diminuem a distância entre a academia e escola, a teoria e a prática.
    Desta forma como vocês consideram a relação entre a teoria e a pratica?

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