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Janaina da Silva

Os suportes audiovisuais no ensino de história
Janaina da Silva
Prof. Esp. UNIASSELVI

A crescente dificuldade por parte dos educadores de conquistar e manter a atenção dos alunos durante suas explicações vem causando uma inquietação na esfera educacional. É preciso encontrar alternativas educacionais que sejam mais atraentes aos estudantes e as novas tecnologias de comunicação podem colaborar com o trabalho do educador quando utilizadas de forma adequada, como um‘suporte educacional’ excedendo as funções de ilustração ou aprofundamento. O presente texto não ambiciona servir de manual, ele apenas sugere o uso cauteloso de histórias em quadrinhos, pequenos filmes, imagens e obras de arte como suportes audiovisuais que contribuem para seduzir os jovens, garantindo uma educação efetiva e prazerosa.

As histórias em quadrinhos no ensino de história
Atualmente a eficácia dos quadrinhos em classe é bastante reconhecida entre educadores, inclusive os livros didáticos mais recentes trazem muitas tirinhas e personagens como forma de cativar o publico jovem. A influência que uma obra deste tipo exerce sobre os estudantes é evidente, isso acontece por causa de duas linguagens em ação simultânea, a verbal e a visual, o que lhe confere características dinâmicas e velozes tornando o aprendizado mais prazeroso e significativo. Esse material pode ser produzido pelos alunos, para os alunos, ou ser uma publicação popular sem finalidade educacional. PALHARES (2008, p. 3) comenta sobre sua utilização:
As histórias em quadrinhos podem ser utilizadas para introduzir um tema, para aprofundar um conceito já apresentado, para gerar discussão a respeito de um assunto, para ilustrar uma ideia. Não existem regras para sua utilização, porém, uma organização deverá existir para que haja um bom aproveitamento de seu uso no ensino podendo, desta forma, atingir o objetivo da aprendizagem.
A organização citada pela autora é fundamental, pois o professor tem a capacidade de conferir caráter educativo a um material não didático desde que o trabalhe corretamente, tenha claro em mente os objetivos de sua aula e mantenha cuidado para não deixar os alunos desprezarem a atividade considerando-a uma maneira do educador ‘matar aula’ ou ‘matar tempo’ como alguns estudantes assim consideram por falta de informação e/ou incapacidade de aceitar novas modalidades de ensino.
Quando trabalhados de forma planejada os quadrinhos desenvolvem o senso de compreensão e colaboram na formação critica do aluno como percebemos em PALHARES (2008, p. 11) que nos adverte: “capazes de divulgar valores e questões culturais que não devem ser simplesmente assimilados, mas avaliados e criticados”. Especificamente na disciplina de História podem ser utilizados de duas maneiras, como fontes históricas do contexto em que foram produzidos ou como um recurso de interpretação do passado.

Os pequenos filmes no ensino de história
os filmes podem ser considerados antigos aliados da educação. Quando comparados aos demais materiais didáticos citados neste artigo seu uso é muito mais comum e frequente. Os alunos costumam recebê-lo de forma bastante sociável por isso sua aplicação é relativamente prática. Entretanto para que o mesmo se transforme em um suporte pedagógico significativo é necessária uma série de cuidados muito importantes por se tratar de um material produzido, na maioria das vezes, para o entretenimento e não para a informação.
Nesta experiência consideramos por filme educativo o mesmo estabelecido por LITZ (2009) “qualquer gênero cinematográfico pode ser utilizado, seja ele documentário, filme histórico ou ficcional”. O requisito ‘pequeno’ foi empregado para salientar a importância de trabalhar com materiais de curta duração ou recortes de grandes obras conforme o sugerido por SARTORI (2008, p. 72) “o professor assistir ao filme previamente e utilizar trechos, e não o filme todo, pois teria de utilizar várias aulas e nem sempre é pedagogicamente viável”.
No caso dos filmes ficcionais o educador deve esclarecer suas características e o objetivo de sua utilização, assim os alunos podem compreender que é uma obra cinematográfica e como tal tende a transformar os acontecimentos em espetáculo, exaltando certos personagens e versões do fato em detrimento dos demais. REZENDE (2008, p. 2) enfatiza que “cabe ao professor apontar e discutir com os alunos como são apresentadas e reconstruídas as versões da História presentes nos filmes.”.
Antes da exibição também é necessário considerar a faixa etária e o contexto social dos acadêmicos alvos da apresentação. Assim como nas histórias em quadrinhos os filmes não podem menosprezar nem superestimar os conhecimentos prévios das crianças. Eles podem ser produzidos exclusivamente pra aula ou não, o importante é o professor deixar claro de que maneira ele contribui para o entendimento da temática em questão, elucidando se sua finalidade é a informação, ilustração, provocação ou avaliação.

As imagens no ensino de história
As imagens constituem a parte mais complexa e abrangente deste artigo. Elas podem ser de variados tipos, funções e origens. Segundo LITZ (2009): “Atualmente, o uso de imagens [...] é uma das formas mais eficazes utilizadas como recurso pedagógico no ensino de história” isso porque elas incrementam o processo de aprendizagem tornando-o muito mais significativo. A autora completa sua opinião afirmando:
Trabalhar com a análise de fotos, slides, transparências, filmes, músicas, mapas, imagens que sejam significativos e relacionados aos assuntos que estão sendo estudados, instigam o senso da observação e da percepção. Quando se apresenta uma imagem ao aluno (fotografia, pintura, gravura, etc), ele pode associar a imagem que está vendo às informações que já possui, levando em conta seu conhecimento prévio. Como toda imagem é histórica, o aluno pode perceber a marca e o momento de sua produção.
Este trecho evidencia as possibilidades abertas pelo uso deste material no ensino da disciplina de História, assim como nas demais ciências. O primordial entre essa gama de opções é escolher corretamente qual delas ilustra de maneira apropriada o conteúdo trabalhado atingindo os objetivos previamente planejados para a aula. Seja ela uma tabela repleta de estatísticas ou uma simples ilustração comercial, o importante é que esteja bem atrelada ao assunto abordado na classe.
Nossos alunos estão imersos em uma sociedade de imagens desde seu nascimento, não importa em que classe social o aluno esteja, ele têm acesso diário a uma série de informações imagéticas. As imagens são de fácil acesso, estão nas ruas em outdoors, placas, letreiros; estão em casa dentro da televisão, do computador, dos livros; e estão também nos espaços públicos nos panfletos, jornais, revistas, etc. Negar sua influência na formação social de nossos alunos seria um grande equívoco, e associá-las a nossa didática pode solucionar vários problemas.
Pensando nisto SARTORI (2008, p. 73) alerta: “Trabalhar com imagens, sejam filmes, gravuras, quadros ou representações, possibilita ao aluno visualizar na concretude o que se vem discutindo e pode abrir espaço para novas leituras e interpretações.” Desta forma possibilitamos ao aluno o desenvolvimento crítico de seu olhar, preparando-o para atuar em futuras atividades sociais com conhecimento e responsabilidade.

As obras de arte no ensino de história
Das opções de materiais didáticos apresentados neste artigo, as obras de arte são as mais complexas, elas compõem a metodologia menos acessível aos educadores e mais complicada aos olhos dos alunos. A própria designação ‘obra de arte’ é motivo de muitas controvérsias. Afinal é preciso ser belo para ser arte ou qualquer produção humana pode receber esta nomeação. Vejamos o que nos diz SOLTAU (2011, p. 14):
Trabalhamos aqui com conceitos abstratos: o que é arte? O que é belo? Imagem e memória, tempo e arte. Conceitos que estão em nosso modo de ver o mundo, mas, nem por isso, de fácil compreensão. Imaginem comigo um aluno nos últimos anos do ensino fundamental: como lida com esses temas? O mais provável é que, ao estimulá-los para tanto, você seja considerado um professor exigente, pois está lidando com exercícios de pensamento e não com mera “decoreba” de conteúdos.

Logo no início de sua colocação o autor afirma que o conceito de arte está em nosso modo de ver o mundo, logo podemos concluir que a arte não é algo homogêneo, ela depende da subjetividade e opinião de seu observador, sendo assim o que é visto como arte por alguns para outros pode não ter a mesma relevância. Daí deriva a complexidade do trabalho do professor ao levar um material desta natureza para a sala de aula.
A arte nas palavras de CARVALHO e SOARES (2006, p. 4) é: “tudo o que rodeia o homem e tenha sido feito pela sua mão – todo o mundo da cultura diferente do mundo da natureza”. Seguindo o pensamento das autoras tudo o que for criado pelo ser humano é arte, assim o professor terá em mãos uma grande quantidade de objetos artísticos que poderá lançar mão durante suas aulas.
Rompemos com o conceito clássico de arte e nos lançamos em um mundo de possibilidades onde o professor de história pode trabalhar de duas maneiras bem instigantes: estimular seus alunos a relacionarem o que veem com algum momento histórico, ou trabalhar o momento histórico da produção artística e como ele influenciou na sua produção.

Referências bibliográficas
CARVALHO, Carla; SOARES, Maria Luiza Passos. A Formação Estética do Professor: conceitos de artes visuais. 2006. Disponível em:<http://www.periodicos.udesc.br/index.php/arteinclusao/article/viewFile/1628/1317> Acesso em: 03 mar. 2017.
LITZ, Valesca Giordano. O Uso da Imagem no Ensino de História. 2009. Disponível em: < http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1402-6.pdf> Acesso em: 04 mar. 2017.
PALHARES, Marjory Cristiane. História em Quadrinhos: Uma Ferramenta Pedagógica para o Ensino de História. 2008. Disponível em: < http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2262-8.pdf> Acesso em 04 mar. 2017.
REZENDE, Luiz Augusto. Historia das Ciências no Ensino de Ciências: contribuições dos recursos audiovisuais. 2008. Disponível em: http://www.cienciaemtela.nutes.ufrj.br/artigos/0208rezende.pdf> Acesso em: 04 mar. 2017.
SARTORI, Anderson. Metodologia de Ensino da História. Itajaí: Universidade do Vale do Itajaí, 2008.

SOLTAU, André. História da Arte. Itajaí: Universidade do Vale do Itajaí, 2011.

4 comentários:

  1. Olá Janaina, tudo bem? Como você acha possível utilizar filmes e documentários, para que os jovens consigam aprender de maneira mais dinâmica os processos históricos, sem que eles se percam no devaneio da preguiça ou do sentimento de "chatice"? Lembrando que temos videos de longa duração em meio a este tipo de acervo. Obrigado!
    Diego Basto dos Santos

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    1. Olá Diego. Realmente não é tarefa fácil. Justamente por isso o material deve ser criteriosamente escolhido para estar de acordo com a faixa etária dos alunos e ser capaz de cativar sua atenção. Transmitir materiais de longa duração é o maior erro dos historiadores, o ideal mesmo é passar somente um trecho para instigar os alunos a querer mais sobre aquilo. Todo material bem selecionado e direcionado é uma boa ferramenta educacional. Mas necessita de cuidado na aplicação.

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  2. É claro que as imagens chamam muito mais a atenção, pois a nosso subconsciente pode ser motivado por um estímulo seja este um som, um cheiro, uma palavra ou uma imagem, mas a imagem tende a prender muito mais, sabendo disso a mídia investe pesado nas imagens, pois ela sabe o quanto pode influenciar na escolha do indivíduo. Janaina sempre buscando o melhor em seu trabalho!

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