Páginas

Fábio André Hahn

Fábio André Hahn
Pós-Doutorado/Unicentro - PNPD/Capes

As reflexões aqui realizadas surgiram a partir das leituras e investigações vinculadas ao projeto de pesquisa, intitulado: “A formação do professor de História no século XXI: estudo dos graduandos, evadidos e egressos dos cursos de História” (Apoio Unespar/Fundação Araucária). O objetivo, portanto, é tratar neste momento de aspectos do cenário conjuntural da formação de professores desenhado no atual contexto, pois ainda não é possível apresentar os resultados da pesquisa que se encontra em andamento.
O debate acadêmico tem apontado, nos últimos anos, para a necessidade do repensar da função e das ações das instituições universitárias. O crescimento do número de universidades e de cursos de graduação é fato facilmente perceptível e criou uma ilusão de ótica de que o crescimento estaria ancorado em qualidade formativa. Assim, mais recentemente, o debate foi revelando essa ilusão e deixando claro que é necessário e urgente implementar mudanças na universidade. O que se tem identificado é não apenas um debate voltado à reestruturação dos currículos dos cursos de ensino superior, mas também um redirecionamento para um novo modelo de universidade, fazendo com que essas instituições de ensino superior se aproximem da sociedade, fugindo, em certa medida, do mundo paralelo em que têm coexistido por muito tempo. Nesse cenário, os cursos de licenciatura têm sofrido em maior medida, especialmente quando se torna comum e popularmente frequente a pergunta: Quem quer ser professor?. Para estimular a reflexão sobre essa questão, apontaremos alguns fatores que contribuem para o debate em torno de um questionamento sobre o qual se esperaria uma resposta positiva tendo em vista os discursos políticos que visam mudanças seguras em direção a uma sociedade do futuro, mas que em nosso contexto tem revelado verdadeira insegurança. Para essa reflexão, trataremos dois grupos: os professores da Educação Básica e os acadêmicos dos cursos de licenciatura.

Os professores que atuam na Educação Básica
Os professores parecem ter sido eleitos como bodes expiatórios do Estado, semelhante em alguns aspectos a “caça as bruxas” do final da Idade Média. Nos últimos anos as notícias de greves de professores tem se alastrado por todo Brasil, resultado das políticas de cortes que tem afetado profundamente o funcionalismo público, além do baixo investimento em infraestrutura e condições adequadas para um trabalho exitoso em sala de aula. No caso do Estado do Paraná, além de todas as questões salariais e estruturais, temos visto claramente a baixa valorização do professor, representado entre outros vários aspectos, por: a) penalização na distribuição de aulas por terem se afastado em algum momento do trabalho, independente do motivo; b) redução da carga horária de horas atividades, o que resultou no maior número de aulas em sala, menor tempo para planejamento e correções das atividades dos alunos, ou seja, menos qualidade e acompanhamento, fatores que forçam os professores a utilizarem seu tempo de descanso nos finais de semana para realizarem tarefas de seu trabalho. Tudo isso impacta na redução da qualidade do ensino. Mas quem está preocupado com isso? O Estado? Qual é o momento em que foi manifestada a preocupação com a qualidade do ensino? As poucas oportunidades de formação continuada já estão com os dias contados. Dois exemplos: 1 - no Estado do Paraná temos o Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, regulamentado desde 2010 e que visa melhoria na formação e na prática escolar do professor, mas ao que tudo indica o programa não passa de 2017; 2 - o Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio do governo federal regulamentado no final de 2013, que visa elevar o padrão de qualidade do Ensino Médio brasileiro, já nem se houve falar mais... Para além da redução na formação continuada, teremos o impacto da reforma do sistema previdenciário que atingirá toda a sociedade, em que classe dos professores terá perdas irreparáveis.  Já contando com todas essas perdas, ainda vem pela frente o impacto da medida provisória 746/16 de Reforma do Ensino Médio, em que para a área de História prevê a não obrigatoriedade da disciplina no Ensino Médio, o que resultará tanto no impacto do mercado de trabalho para a área, quanto na formação crítica e cidadã dos nossos jovens estudantes. Uma ação relâmpago de reforma do Ensino Médio, sem consulta aos setores da sociedade ligados à educação, sem uma mínima perspectiva do papel formativo da escola na formação dos jovens. Uma reforma que prevê o rebaixamento das exigências para o exercício da profissão docente, permitindo a admissão de “profissionais com notório saber”. Se já existe déficit na formação e qualificação dos profissionais ligados a educação, fato que tem contribuído para os baixos índices de aprendizagem dos alunos, imagine então quando as exigências forem menores. O que esses profissionais de “notório saber” conhecem de escola? A escola não se resume a um conteúdo disciplinar. Lecionar não é simplesmente o apertar de um parafuso, o processo é muito mais complexo e repleto de variáveis.

Os acadêmicos dos cursos de licenciatura
Se a expectativa para o professor da Educação Básica não é boa, o reflexo disso incide automaticamente nos acadêmicos dos cursos de licenciatura. Vivemos, portanto, o que alguns estudiosos da área definiram como “crise nas licenciaturas”.
No decorrer da vida universitária os acadêmicos possuem algumas alternativas de formação complementar, como é o caso do Programa de Iniciação Científica - PIC e o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID.  O primeiro está mais voltado aos acadêmicos que tem interesse em seguir carreira como pesquisadores, no caso das licenciaturas em geral, acabam em algum momento lecionando no Ensino Superior. O segundo, o Pibid, é um programa voltado especialmente a integração dos acadêmicos das licenciaturas com a realidade do trabalho nas escolas. A proposta é extremamente inovadora e abrangente, mas não atinge a todos os acadêmicos, o que resulta em formação desigual. O Pibid, ao que tudo indica, é uma política de Estado que já tem seus dias contados. O programa tem previsão de encerramento em fevereiro de 2018, caso o governo não assinale pela abertura de novo edital. Fato este que preocupa estudantes e professores de licenciatura. Nas universidades do Estado do Paraná, além dos programas mencionados, tínhamos a presença de um programa de extensão conhecido como “Universidade Sem Fronteiras”, com vários subprogramas, entre eles o “Apoio as licenciaturas”. Uma proposta interessantíssima que foi perdendo força ao longo dos últimos 5 anos, especialmente com redução de investimentos e de projetos selecionados. O programa ainda existe, reduzido e com nova formatação, tanto que no último edital de seleção realizada em 2016, o subprograma “Apoio as licenciaturas” foi substituído por “Educação”, que é muito mais abrangente e que pode não necessariamente estar voltado as licenciaturas, como foi observado no resultado dos projetos selecionados.
Portanto, assim como já pontuamos no caso dos professores da Educação Básica, no caso dos acadêmicos a preocupação com a qualidade formativa também começa a se afastar no horizonte, como pode ser observado nos exemplos dos programas acima, passando para uma universidade ainda tradicional e de restritos mecanismos de flexibilidade, a total responsabilidade de formar um professor que pouco contato tem com a escola ao longo de seus estudos.
Qual é o problema disso? O problema que constatamos é que cada vez mais os cursos de licenciatura formam menos professores, em geral dos 40 estudantes que ingressam na graduação todos os anos, apenas 1/3 em média conseguem concluir o curso. Certamente o leitor deve estar se perguntando por que isso acontece? As são inúmeras variáveis, mas certamente elas não estão associadas apenas a dificuldade que os acadêmicos tem com as matérias lecionadas, mas outros fatores estão atrelados as desistências, como: acadêmicos desestimulados com os reflexos do mercado de trabalho na área de formação; com as dificuldades financeiras, tendo em vista que a renda familiar média dos acadêmicos das licenciaturas é baixa; com as deficiências de formação ao longo da trajetória estudantil;  entre outros fatores. Esses fatores certamente contribuem para a desistência do curso e de alguma forma já são observados, em alguns casos, no próprio processo seletivo de ingresso nos cursos de licenciaturas. A baixa concorrência é reflexo de um contexto em que a área sofre ataque rotineiramente, gerando desgaste da imagem e reduzindo expectativas de futuros candidatos, pois a escolha de um curso de graduação não se dá apenas pela possibilidade da inserção no mercado de trabalho com representativa rentabilidade, mas por outros fatores, como: perfil, reconhecimento, status, entre outros tantos. Com isso é possível observar uma defasagem da imagem das licenciaturas, ficando cada vez mais óbvia a resposta a pergunta: Quem quer ser professor? O baixo incentivo das últimas décadas para a formação de professores tem tido reflexos negativos nos números atuais.

Por fim, como considerações finais poderíamos apontar para a seguinte questão: Como ficará a qualidade do ensino? Como vimos, os governos não querem incentivar professores a se aperfeiçoarem; extinguem programas de formação docente inicial e continuada; desestimulam profissionais da Educação Básica com baixos salários, com infraestrutura de trabalho precária, com jornadas de trabalho em sala de aula cada vez maiores, obrigando os professores a utilizarem seu tempo de descanso para correções de tarefas e planejamento das aulas e, além de tudo isso, punindo professores que adoecem. Ao olharmos para o futuro, mesmo com um passado repleto de experiências, no horizonte sobram poucas expectativas... O cenário da formação de professores é nebuloso, e não podemos negar, a ferida está ai, aberta e a cicatrização, ao que tudo indica, será lenta. Mas ainda continuamos ouvindo dos nossos políticos que a educação é solução para o país!  Por fim, nos resta perguntar: o que será do professor no século XXI?

20 comentários:

  1. COMO O PROFESSOR PODE SER MAIS FLEXÍVEL DIANTE DOS PROBLEMAS NA ÁREA, SEM DESISTIR DE LECIONAR E COLOCAR EM RISCO A SUA SOBREVIVÊNCIA?

    JÁYSON FELLYPE RIBEIRO PRADO

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Jáyson.
      Gostaria de agradecer pela sua pergunta e por ter lido o texto. É sempre bom podermos conversar sobre o tema. Bem, especificamente sobre sua pergunta, não sei se o professor pode ser mais flexível nesse caso, o professor precisa é resistir. Essa é uma fase e uma política de governo que inevitavelmente terá novos contornos, mas que encontrará o seu eixo estrutural fundamentado na educação.

      Excluir
  2. Olá Fábio,

    Acredito que o "sucateamento" da instituição escola e até mesmo da formação acadêmica de professores (as) faz parte de um planejamento que visa, talvez, a médio ou longo prazo a privatização das universidades públicas. E dentro de ciclo, a formação deficitária de professores, contribuirá direta ou indiretamente por um menor suporte desses na formação integral de seus estudantes. Como professores e professoras poderiam romper com esse ciclo? Como, conjuntamente com todos os personagens da comunidade escolar, professores e professoras poderiam trilhar um caminho que efetivamente coloque a educação como prioridade nacional?

    Maicon Roberto Poli de Aguiar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Maicon.
      Concordo com você, fica cada vez mais evidente na atual conjuntura um horizonte em que as universidades públicas aparecem com espaço cada vez mais reduzido. Tivemos muitas conquistas nos últimos anos que são inegáveis para as licenciaturas, tanto na formação dos graduandos, quanto na qualificação dos professores da educação básica com uma série de programas. No entanto, o cenário parece apontar para o retrocesso, ao invés de continuarmos avançando, mesmo que lentamente. Entendo que é preciso resistir e pressionar, pois o investimento na Educação é parte de uma política pública, deveria ser parte de um plano estratégico de longo prazo.

      Excluir
  3. Olá Fábio, seu texto será de grande valia para o minicurso que eu e André Ricardo ministraremos em maio na UFMG sobre o mercado de trabalho para os graduados (as) em história (licenciatura e bacharel). É um tema pouco explorado e por isso temos poucas referências bibliográficas (a propósito aceitamos sugestões). Não é nosso objetivo desanimar os graduandos, porém precisamos levantar questões que incitem a reflexão da questão, sobretudo após a reforma do ensino médio e todo o contexto político educacional em que estamos vivendo. Parabéns pelo tema!
    Paula Ricelle de Oliveira

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Paula.
      Agradeço pela leitura do texto e pelos comentários. Fico feliz em encontrar mais interessados em debater o tema. De fato, existem poucos estudos sobre o mercado de trabalho para os graduandos. Estou atualmente investigando quais os caminhos tomados pelos egressos dos cursos de História. Gosto de um texto da Marina Alves Amorim que talvez você já conheça e que retrata as trajetórias profissionais de egressos de uma turma do curso de História da UFMG.
      Concordo com você plenamente, por mais que essa discussão possa parecer pessimista, o propósito não é desanimar os graduandos, mas olhar para frente, debater o tema e publicizar as reflexões. O que não podemos é ficar esperando as coisas acontecerem e ignorarmos a atual conjuntura.

      Excluir
  4. Boa Noite, Gostei muito do texto. Parabéns, por suas explanações.
    Att,
    Maria Camila Fernandes de Macêdo Silva

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Maria Camila.
      Agradeço pela leitura e pelo comentário. Penso que esse evento seja um momento interessante para avançarmos no debate.

      Excluir
  5. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  6. Boa noite Fábio! Obrigado pela publicação do excelente texto. Desta forma, pergunto...

    Houve uma significativa expansão das licenciaturas na modalidade EaD, isso incluiu a formação de docentes para a área de história, na primeira década dos anos 2000. Considerando seus apontamentos no texto sobre os docente da educação básica e os acadêmicos de história articulado com o intenso cenário de precarização do trabalho e das universidades, podemos pensar em duas hipóteses:

    1. A expansão do modelo EaD no campo das licenciaturas representou um esforço do Estado brasileiro em manter um contingente alto de egressos das licenciaturas para assim manter os salários, sobretudo nas redes públicas de educação básica, subvalorizados em relação a outras categorias profissionais com mesma formação (graduação)?

    2. O movimento de sucateamento das universidades públicas em curso no momento corresponde, além de um movimento de privatização deliberada das mesma, à tentativa de inserir um paradigma de gestão de mercado no campo da educação?

    Muito obrigado,

    André Ricardo Barbosa Duarte

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá André.
      Agradeço por ter lido o texto e pelas perguntas.
      Quanto a primeira pergunta, penso que a EaD tenha contribuído para o aumento do número de egressos das licenciaturas, mas não acredito que esse fator tenha tido destaque no fato de mantermos um estado de precarização. Me parece que o problema está em uma política de Estado e nem tanto no contingente de egressos. Apesar da quantidade de novos professores que se formam todos os anos, existem cidades em que professores com formação na área ainda são raros. Entendo que a EaD não é ruim, desde que esteja voltado para regiões em que a Universidade não tenha abrangência, é claro que tem outros problemas associados a qualidade. No entanto, a EaD se tornou uma máquina de ganhar dinheiro, em que a preocupação com os resultados educacionais se perderam no caminho. Por esse motivo, penso que é um problema de política de Estado. Enquanto nossos representantes políticos não entenderem que precisamos de qualidade formativa e uma maior preocupação com o processo de aprendizagem nas escolas, pouco iremos avançar. Cito um exemplo. Em Cuba, país que sofre com enormes problemas no setor econômico, apresenta índices altíssimos na qualidade da educação e da saúde, porque foi definido como uma prioridade do investimento do Estado. Nosso país em que as condições econômicas são bem melhores, apresenta uma precariedade assustadora no campo educacional se comparado com outros países.
      Sobre a segunda pergunta, concordo plenamente. Nas atuais gestões tanto em nível estadual (ao menos uma boa parcela delas), quanto nacional, a universidade pública representa gasto apenas. Isso não quer dizer que não reconheço que o atual modelo de Universidade hoje não esteja repleto de problemas. Não tenho dúvida que a concepção de universidade que temos precisa mudar, no entanto nas ações de Estado que temos visto pela frente em nada dizem respeito com uma mudança que melhore a qualidade, mas apenas que eleve os números e de forma que gere cada vez menos gastos para as atuais gestões. Investimento em educação não é prioridade! Tanto que nós professores, em muitos casos, nos tornamos bodes expiatórios do processo de mudança das atuais políticas.
      Espero que os comentários tenham colaborado para a reflexão.
      Abraço,
      Fábio

      Excluir
  7. Olá Fábio,
    Temos um grupo de pesquisa sobre o distanciamento do formado em História das salas de aula, percebemos que a universidade estava formando professores de História, porém os mesmos não estavam desempenhando a profissão e questionamos o por quê? E na maioria das respostas sempre tínhamos as mesmas razões: Baixos salários, baixo prestigio social e a violência sofrida pelos mesmos sempre era o fator principal. O que a Universidade poderia fazer para que esta realidade não ocorresse?
    att,
    Karoline Margarida Fernandes Januário

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Karoline.
      Fiquei interessado em conhecer mais sobre o grupo que trata sobre o distanciamento dos formandos da sala de aula. Desenvolvo pesquisa nessa direção, mas não apenas com os egressos, mas também com os evadidos e os graduandos, de modo a ter um panorama mais amplo. Temos a mesma impressão a partir das pesquisas, o atual cenário não é nada estimulante para as licenciaturas. Como já comentei em respostas anteriores a grande mudança está associado as prioridades de Estado. No entanto, isso não resume tudo. Penso que algumas coisas são responsabilidade nossa, como por exemplo, repensar o modelo de universidade, o modelo de formação de professores que está distante, em grande medida, da realidade dos alunos e das escolas, entre outros vários fatores.

      Excluir
  8. Olá Fábio e Karoline,
    Em primeiro lugar, gostaria de parabenizá-los pelos trabalhos desenvolvidos. Acho que essas pesquisas realmente colaboram para pensarmos em como direcionar os cursos de graduação.
    Como coordenadora de curso e do NDE, estamos trabalhando nesse mesmo levantamento de dados, e a nossa preocupação é já com os índices de abandono, que por causa da atual conjuntura, muitos tem se declarado como desistentes ou em vias de desistência da profissão. E como o que mais se tem discutido neste evento é a conjuntura e a situação docente, e todos nós estamos nos perguntando como chegamos até aqui? E o que vamos fazer agora? Estamos estáticos a tudo isso, mas precisamos dar aos nossos alunos o incentivo de que eles são capazes de mudar. Acredito Fábio que não é somente a ação do Estado, mas também pessoal e profissional do professor, em enfrentar as adversidades que lhe são impostas e ainda assim fazer um trabalho digno, em que seus alunos passem a conhecer a História. E aí, concordo plenamente com você, que a nossa realidade dentro da universidade é muito distante das escolas do ensino básico. São mundos completamente distintos, mas que precisamos aproximar.
    Att.

    Cláudia Cristina do Lago Borges

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Claudia.
      Agradeço pelos comentários e pela reflexão. É muito bom podermos dialogar sobre esse tema delicado.
      Apesar dos apontamentos que fiz sobre sermos reféns de uma conjuntura política de Estado, concordo com você de que existem alternativas e saídas. Não podemos ficar esperando as mudanças, elas precisam partir também de nós. O diálogo entre Ensino Superior e Educação Básica precisa se intensificar, de modo a pensarmos como podemos melhorar o processo de aprendizagem em todos os níveis e aprofundarmos as mudanças. Tive experiências ótimas ao longo dos últimos anos com alunos tanto da Iniciação à Docência (PIBID), quanto, mais recentemente, com os alunos do mestrado profissional em Ensino de História (ProfHistória). Esses programas são ótimos e falo deles porque tenho maior proximidade, pois sinalizam uma mudança de rumo, além de aproximar dois polos que pareciam tão distantes, possibilitam com que jovens estudantes possam vivenciar o ambiente escolar desde o início da graduação, como no caso dos pibidianos. Da mesma forma no ProfHistória, em que os professores da Educação Básica param para pensar a realidade da escola e para proporem alternativas, materiais, estratégias, entre outras possibilidades. Na Universidade em que trabalho, temos investido nas discussões e propostas voltadas ao uso das tecnologias educacionais, como é o caso do site Janela para a história (http://janelaparaahistoria.unespar.edu.br/), na qual recorremos a metodologia WebQuest para a produção de materiais que possibilitem a interação a partir de novas dinâmicas com foco no processo de aprendizagem na disciplina de História. Precisamos formar com maior qualidade, tanto na Universidade, quanto na Educação Básica. E, acima de tudo, continuarmos resistindo e propondo ações de mudança.
      Parabenizo os organizadores desse evento pela iniciativa de propor algo diferente, inovador e muito eficaz, pois possibilitou a todos um diálogo muito interessante e democrático.

      Excluir
  9. Boa noite.

    Excelentes reflexões. Diante do quadro de ataque a disciplina/professores de História, como você tem percebido o papel dos Sistemas de Ensino e das Universidades na perspectiva da Formação Continuada? Apesar de como disseste que estão com os dias contados, mas em uma perspectiva de necessidade do aprimoramento profissional ofertado pelas redes.

    Atenciosamente,

    Renato Alcântara de Abreu.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa noite, Renato.
      Ótima pergunta! Gosto muito do tema da formação continuada. Quando destaco no texto o fato de que: “As poucas oportunidades de formação continuada já estão com os dias contados”, estou me referindo especificamente a dois casos. O primeiro que é desenvolvido no estado do Paraná e que tem resultado em grande impacto, mas vem sendo alvo de ameaças pelo fim de sua manutenção. O segundo, lançado pelo governo federal, parece não ter vingado, em especial porque é um projeto de um dado governo, com “novos” políticos no poder, algumas políticas públicas perderam espaço, como foi o caso desta. Temos ótimas inciativas por todo Brasil, mas me parece que são muito reduzidas, atingem um público de professores muito pequeno. Talvez a grande novidade dos três últimos anos seja o ProfHistória, mestrado profissional em Ensino de História. Falo com alegria desse programa, pois como docente de um dos núcleos, vejo o quanto ele vem contribuindo. No entanto, apesar de inovador, atinge um público pequeno, em especial quando pensamos em termo de território nacional. Hoje, após a expansão de 2015, o ProfHistória conta com 27 núcleos.
      Todos os programas apontados se enquadram em formação continuada, mas são apenas uma pequena parcela do que pode se entender por “formação continuada”, pois ocorrem em determinados momentos pontuais ao longo da carreira dos docentes. A formação continuada, no meu entender, precisa ser permanente e de fato “contínua”, acompanhando as mudanças e as discussões na área. Isso a gente não vê, os professores estão, nesse quesito, literalmente abandonados para falar de forma mais genérica.
      A internet poderia ser uma boa alternativa, no entanto o que mais vejo, de forma generalizada, é a ampliação de espaço em que oportunistas se aproveitam apenas para ganhar dinheiro. A qualidade formativa está em último plano. Isso não quer dizer que não tenhamos ótimas iniciativas, mas como já destaquei anteriormente, continuam sendo muito reduzidas.
      Por fim, as Universidades, neste caso em especial as licenciaturas em História, somente muito recentemente começaram de fato a se preocupar com a “formação de professores”, com o ensino e com a aprendizagem. Parece contraditório, mas é isso mesmo. Os cursos de licenciaturas estavam mais preocupados em formar "pesquisadores" e muito pouco professores de História. As coisas mudaram e estão mudando. A universidade ainda tem um largo campo para pavimentar sua participação na formação continuada dos professores, isso de fato pode fazer uma grande diferença.

      Excluir
  10. Boa noite, Fábio!

    Gostaria de parabenizá-lo pela clareza em seu texto.
    Que o plano do governo é sacrificar os profissionais de educação, embora os políticos levantem bandeiras de que a educação é a salvação do país, penso que eles jogam toda a responsabilidade em nosso colo, sem arcar com questões de estrutura, formação e etc...
    Mas, existe algo no meio da classe de professores que me incomoda: a falta de conscientização política de alguns ou o desdém com que tratam tamanha função. Gostaria de saber o que você pensa a respeito disso?

    Grata,

    Helayne Cândido.

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.