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Cilésia Lemos

A MÚSICA POPULAR BRASILEIRA NO ENSINO DE HISTÓRIA: A REPRESENTAÇÃO DO FEMININO NA MPB
Cilésia Lemos
Prof. Esp. UFES

Os estudos sobre música popular brasileira têm aumentado significantemente em número e qualidade, no entanto suas abordagens sobre a aplicação desta no ensino de história são ainda escassas. Utilizando-se de referencial teórico sobre estudo da música, em que possibilita reconhecer que os debates a partir das interpretações e reflexões de suas letras corroboram com o fato de que a música popular brasileira -  desde sua origem - se configura enquanto um campo privilegiado de discussão dos problemas sociais do Brasil, no sentido em que a partir de seus versos, rimas e melodias aborda questões de classe, étnico-raciais e de gênero, assim como se tornam evidentes alguns períodos críticos da história e da política do nosso país. (MENEZES BASTOS, 2008).
Com o objetivo de acrescentar a estes trabalhos nos propomos a discutir o uso de análises musicais no processo de ensino e aprendizagem da história. O uso deste objeto possibilitará o resgate de sujeitos excluídos dos processos socioculturais na sociedade brasileira, e como as mulheres são representadas no cenário musical popular brasileiro, principalmente em relação a representação do feminino em canções populares de cantores como Tom Zé, Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso, dentre outros representantes da MPB em que retratam em suas canções o objeto de estudo referido.
É neste sentido de trabalhar novas metodologias e o uso de objetos históricos ainda pouco utilizados em sala de aula que este trabalho se guiará, pois, discutiremos o uso da música como fonte e objeto crítico da história e sua aplicabilidade no ensino, o que viabilizará uma nova proposta de ensino de história, possibilitando a análise além das fontes escritas ditas cristalizadas e imóveis, permitindo a interpretação de músicas em que estão contidas o pensamento e visão do compositor da época em que estão inseridos.
A necessidade de recursos didáticos como facilitadores para a formação do conhecimento transmitido no sistema escolar, em conjunto às contribuições sociais e históricas que as músicas brasileiras carregam, representam os objetos que compõem este trabalho, numa proposta de educação não sexista, e comprometida em possibilitar a formação de cidadãos críticos com vistas à construção de uma sociedade menos excludente e sem preconceitos, instituindo espaços mais justos possibilitando a luta equidade de gênero no ambiente escolar.
Partindo do princípio que o campo das relações de gênero existentes na música popular brasileira passou por profundas transformações, de modo que diversos aspectos da participação feminina na sociedade foram resinificados, pois em algumas décadas atrás era impossível de se pensar uma música em que retrate a mulher com um papel “ativo” ou a perceba independente na sociedade brasileira.
Fazer uso da música como objeto histórico, é compreender a presença da mulher nas letras das músicas de forma distinta, pois em cada letra, mesmo produzidas em contextos diferentes nos leva a perceber como o imaginário sobre a mulher foi constituído pelos discursos masculinos através dos anos.
Como alternativa didática, a música se transforma em recurso indispensável na medida em que são utilizadas para responder perguntas adequadas aos objetivos da história, utilizada como resgate do registro da visão de época dos cantores, tornando-os passíveis de ser selecionados e utilizados enquanto recurso didático.   Um desses objetivos é o de promover o desenvolvimento da consciência histórica a partir do processo de transformação de conhecimentos prévios que o aluno possui, à conceitos científicos.
A música pode contribuir para a discussão sobre a visibilidade/invisibilidade das mulheres, e também remeter a outros sujeitos excluídos da história, abrindo espaço para o debate sobre lacunas de análises historiográficas, permitindo a compreensão das novas questões e temáticas no âmbito da história social e cultural. As relações de gênero fazem parte do cotidiano e da intimidade; se propostas em sala de aula, pode levar à percepção de espaços pouco vistos na história e à crítica de abordagens apoiadas nos acontecimentos políticos e/ou econômicos, percebidos em muitos materiais didáticos.
Carla Bassanezi Pinsk em seu trabalho Estudos de gênero e história social  aborda como a categoria gênero se insere e colabora com a história social, faz também uma retrospectiva historiográfica a partir de estudos iniciais da categoria gênero. Segundo a autora o estudo de gênero, “remete à cultura, aponta para a construção social das diferenças sexuais, diz respeito às classificações sociais de masculino e de feminino”. (PINSK, 2009)
Justificamos a proposta indicando a importância que o tema feminino possui, a constante abordagem e existência dele na música, o que nos impulsiona a pensar historicamente as representações da mulher existentes nas canções, como esta é apresentada contextos históricos, e como são descritas por discursos enraizados presentes na sociedade até os dias atuais.
 Neste sentido, essa proposta de discussão permite uma possível mudança na transmissão de conhecimentos históricos apresentados em sala de aula, percebendo que as metodologias de ensino cada vez mais exigem uma reelaboração dos elementos didáticos, considerando a relação entre o conteúdo curricular que é transmitido e a vivência de cada estudante.
Ao trabalhar com música na sala de aula pensa-se na importância de explorar os significados presentes nas canções, com uma forma de interpretar nossa sociedade a partir de suas mensagens e ideologias, percebendo a música como um veículo possuidor de grande propriedade de comunicação e divulgação.
A música como objeto histórico está arraigada de significações que ao serem utilizadas como material didático pode trazer ao aluno o conhecimento cultural, político e social sobre a época em que esta foi produzida. Neste mesmo sentido se desenvolve também a capacidade de interpretação de textos e de leituras aos alunos, que além de estar presente na proposta dos PCNs, propõe que seja realizado nas aulas de História o desenvolvimento de competências ligadas à leitura, análise, contextualização e interpretação das diversas fontes.
Sendo assim a contribuição e a validade da utilização da música no ensino e da importância de professores e pesquisadores do ensino de história e música que faz uso desse recurso, pois desvenda uma imensa fonte informações e investigação histórica tornando o ensino de história rico e prazeroso, contribuindo assim de forma de construção do conhecimento histórico.
[...] a música popular tem ocupado espaço, como instrumento pelo qual se revela o registro da vida cotidiana, na visão de autores que observam o contexto social no qual vivem. As representações sociais de autores e intérpretes serão instrumentos na transformação dos conceitos espontâneos em conceitos científicos, porque como registros são evidências, restos que o passado deixou para trás e que facilitam a compreensão histórica pelos alunos, pela empatia que estabelecem entre eles e aqueles que viveram em outros contextos históricos. (ABUD, 2005, p. 4)
Ao fazer o uso de canções como fonte histórica, se torna um recurso didático riquíssimo, pois segundo Kátia Abud, os alunos podem construir seu conhecimento histórico através do uso de documentos diferenciados, pois a música expressa à realidade em que o compositor viveu, contribuindo assim para uma aproximação do passado a partir de documentos não estáticos em que demonstram apenas versões apresentadas por um lado da história.
Neste sentido de aproximar a aula de história para a realidade dos alunos, que o uso da música popular tem seu papel de descrever o pensamento de determinada época, e para desenvolver as aulas em que será utilizada a música é preciso, segundo Abud que;
[...] um trabalho didático, no qual as letras de músicas populares sejam colocadas como evidências de fatos históricos. Elas são representações, não se constitui num discurso neutro, mas identificam o modo como, em diferentes lugares e em diferentes tempos, uma determinada realidade social é pensada e construída (ABUD,2005, p.312)
Por fim vamos trabalhar com abordagens fundamentais para o trabalho com fontes musicais, entender a articulação entre a letra e música, abordar este tipo de fonte de um modo que não deixamos passar o sentido sociocultural, ideológico por tanto histórico, pois estes segundo Napolitano seria o conjunto dos produtos de uma canção.
As chamadas linguagens alternativas para o ensino de história mobilizam conceitos e processam símbolos culturais e sociais, mediante os quais apresentam certa imagem do mundo. (ABUD, 2005, p.2)
A proposta de trabalhar com um objeto histórico dito novo na sala de aula, é a de gerar interesse e demonstrar que podemos apreender o processo histórico de diversas formas, e consequentemente aproximar estes conteúdos para a nossa realidade. É fundamental a compreensão de todos os aspectos abordados, sejam eles sociais, culturais, econômicos, políticos, pois as ausências destas temáticas no ensino podem legitimar estereótipos mesmo que de forma subjetiva, reproduzindo preconceitos que contribui para a normatização de desigualdades socialmente construídas, como a desigualdade de gêneros.

Referências bibliográficas
ARAÚJO, Maria Paula, FERNANDES, Tânia Maria.“O diálogo da história oral com a historiografia contemporânea”. In: História Oral: teoria, educação e sociedade. Juiz de Fora: Ed UFJF, 2006.
ABUD, Katia Maria. Registro e representação do cotidiano: a música popular na aula de história.Cad. CEDES [online]. 2005, vol.25, n.67, pp. 309-317. ISSN 0101-3262.  Acessado em: 20 de junho de 2016. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0101-32622005000300004
BARBOSA, Susane Claudino. Nem “umas” nem “outras”, todas... – a representação da mulher na MPB na década de 1970.  Linhas Revista do programa de mestrado e educação e cultura. Vol. 5, nº 1 Jan/Jun 2004. p.2. Acessado em: 18 de julho de 2016Disponível em: http://www.periodicos.udesc.br/index.php/linhas/article/viewFile/1243/1055
MENEZES BASTOS, Rafael José de. Oropa, França e Bahia: as Contribuições da Música Popular Brasileira às Músicas Populares do Mundo: Diálogos Transatlânticos Brasil/Europa/África. In: 26a.Reunião Brasileira de Antropologia, 2008, Porto Seguro. Desigualdade na Diversidade - CD Rom 26a. RBA. Brasília: ABA, 2008.
MOLINA, M. A. G.MORICONI, A. L. S.  Representações Femininas na MPB: De Amélia a Messalina. In: Márcia Molina; Expedito Leandro da Silva (Orgs.). (Org.). Cancioneiros urbanos: Língua, Identidades e Culturas no Brasil Contemporâneo. 1ed. Curitiba: Prismas, 2012, v. 1, p. 193-209. Acessado em: 18 de julho de 2016. Disponível em: http://www.filologia.org.br/xv_cnlf/tomo_1/84.pdf
MORAES, José Geraldo Vince de. História e música: canção popular e conhecimento histórico. Rev. bras. Hist. vol.20 n.39 São Paulo. 2000. Acessado em: 18 de julho de 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882000000100009
NAPOLITANO, Marcos. História & Música: história cultural da música popular. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
_______. “Fontes audiovisuais: a história depois do papel” IN: PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes históricas. São Paulo, Contexto, 2005.
PINSK, Carla Bassanezi. Estudos de gênero e história social. Estudos Feministas. Florianópolis, N°17. Vol.1: janeiro-abril/2009.p.162.Disponível: http://www.scielo.br/pdf/ref/v17n1/a09v17n1.pdf  Acessado em: 18 de julho de 2016.
PEREZ, Isabel Cristina Gallindo. Estado Novo através da música: uma experiência em sala de aula. Programas e Projetos - Produções PDE - Artigos – História. 2007. Disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/artigo_isabel_cristina_galindo_perez.pdf   Acessado em 20 de agosto de 2016.
PERROT, Michelle. Os excluídos da história: operários, mulheres e prisioneiros. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001 a. p.167-234.
SCOTT, Joan Wallach. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade. Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, jul/dez. 1995.Disponível em: http://ia600308.us.archive.org/21/items/scott_gender/scott_gender.pdf. Acessado: 18 de julho de 2016.
SOIHET, Rachel. PEDRO, Joana Maria. Descobrindo historicamente o gênero. Cadernos Pagu, Campinas (SP), N°.11, p. 89-98, 1998. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbh/v27n54/a15v2754.pdfAcessado:  18 de janeiro de 2014.



19 comentários:

  1. Ao utilizar o gênero musical na sala de aula, oportunizamos a atenção, a percepção, a sensibilidade e a análise de uma realidade ora distante da realidade do aluno ora entrelaçado com as consequências dos eventos na sociedade atual. Com a música, podemos ouvir, cantar, refletir e gerar novas concepções.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Olá Denise, sim ao optarmos por esse objeto histórico para trabalharmos certos períodos, temos como objetivo de demonstrar que a história pode ser estudada a partir de diversas fontes e demonstrar ao aluno que todos somos agentes de transformação. No caso do uso da música, podemos abordar diversos elementos que ela nos remete, como o período de produção, a visão dos cantores compositores e perceber todo o registro de uma época, mesmo que esse objeto não tenha sido produzido com tal objetivo, podemos realizar questionamentos sobre ele que pode nos levar a conhecimento de acontecimentos, e resgate de sujeitos históricos que podem ter sido deixados de lado por algumas analises históricas.
      Att,
      Cilésia Lemos.

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  2. Olá Cilésia. Senti falta de exemplos de músicas que pudessem ser usadas em sala para combater essa visão estereotipada da mulher. Se puder compartilhar as que usa, seria de grande proveito. Com relação ao uso da MPB em sala, você considera proveitoso o uso das letras aliado ao áudio para estimular o gosto musical de nossos(as) alunos(as) ou apenas o usa da letra e sua crítica? Falo isso porque as vezes usamos só a letra por perceber que os(as) alunos(as) apreciam outros estilos de música, ou por supor que a aula ficará cansativa caso passemos a música toda(algumas músicas são difíceis de serem compreendidas num primeiro contato, ou tem uma dinâmica mais morosa), ou ainda pelo trabalho que exige o uso de recursos de áudio em sala(aparelho de som, ou notebook e caixinhas, enfim).Claro que a experiência de ouvir a música enriquece tudo, afinal, se não seria apenas mais um texto, mas a dinâmica da sala de aula nem sempre possibilita seu uso. E ainda tem algumas músicas que tem um clipe tão interessante que vale a pena levar também. Poderia falar um pouco sobre suas experiências nesse sentido? Obrigada
    Cristiane Brand de Paula Gouveia Pasini

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    1. Olá Cristiane,
      não exemplifiquei as músicas no qual utilizo em minha pesquisa em respeito ao tamanho do artigo a ser publicado aqui no evento. Mas trabalhei com diversas músicas de Chico Buarque como por exemplo Geni e o Zepelim, Mulheres de Atenas e tantas outras, pois Chico Buarque é um dos cantores que mais trabalha a temática feminina em suas músicas. Caetano Veloso, fiz uso de Tigresa, uma música em que o cantor representa uma mulher independente, que rompe com os padrões esperados pela sociedade brasileira da década de 70. Outro exemplo são algumas canções do músico Tom Zé, nesse caso específico trabalho com um disco inteiro do cantor que ele gravou sobre a temática feminina, o disco de 2005 "Estudando Pagode: na opereta segrega mulher e amor", nesse disco o cantor apresenta em suas músicas as diversas violências sofrida pela mulher, na sociedade, nos relacionamentos. Me passe seu email depois que posso te mandar uma lista com diversas músicas com temáticas femininas a ser trabalhadas em sala de aula.
      Ao trabalhar a música, não penso em trabalhar apenas o conteúdo de suas letras, pois o ritmo e estilo faz parte de sua composição, contudo quando levamos algumas música para sala de aula, a preocupação menor deve ser o estilo musical, pois podemos fazer uso de diversos ritmos para compreender a mensagem e visão do cantor/compositor(a) podemos no caso ainda de analise de representação feminina, utilizar o funk, sertanejo e até mesmo o brega, pois as músicas de mercado também possuem mensagens e fazendo uso destas podemos nos aproximar da realidade de muitos alunos. Acredito que mesmo com a barreira dos "gostos", tempo de aula e até mesmo de recursos, o uso da música só contribui para o processo de ensino e aprendizagem e até mesmo para desconstrução de estigmas em relação a ritmos, cantores, etc. Por fim , uso de clipes, capa de discos contribuem ainda mais as análises, pois os alunos estarão em contato com diversas linguagens textuais.
      Espero ter respondido.
      Att,
      Cilésia Lemos

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    2. Com certeza respondeu :D Agradeço muito pelas sugestões, vou usar.
      Meu email é esse, caso possa me passar a lista e não for dar muito trabalho. Agradeço muito a disponibilidade e atenção.
      chrisbrandgouv@hotmail.com

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  3. Olá,
    Entendi que o trabalho é sobre as representações do feminino na análise da música popular Brasileira, no entanto, ao ler o artigo, percebi pouco protagonismo das próprias mulheres da MPB, por exemplo, o papel e importância de Elis Regina, de Rita Lee, de Gal Costa. Você não acha que isso é uma lacuna?
    Rodrigo Henrique Araújo da Costa

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    1. Olá Rodrigo,
      ótimo questionamento, quando delimitei meu objeto de análise, pensei em trabalhar a partir da perspectiva feminina, utilizando diversas cantoras brasileiras como as citadas por você, contudo ao ter contato com diversas músicas e perceber a frequência da abordagem do tema feminino em canções, mas feito pelo olhar masculino, quis tentar compreender a partir das analises como os discursos masculinos falam sobre as atuações da mulher no caso da sociedade brasileira em diversos âmbitos da sociedade e na música não foi diferente. O uso deste objeto em sala de aula seria para demonstrar como a mulher é representada na música por cantores homens, pois representa o pensamento da época de produção da música, alguns cantores apresentam o discurso dualístico sobre a mulher a santa versus pecadora, outros já cantam as conquistas, o rompimento com padrões esperados pela sociedade. Procurei compreender como o discurso sobre a mulher, feitos por homens está presente na cena musical, e através disso levar o questionamento para sala de aula o porque da perpetuação do discurso masculino sobre a mulher, e como são apresentadas em suas canções.
      Att,
      Cilésia Lemos

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  4. Qual a contribuição das abordagens utilizando fontes musicais para a compreensão das relações de dominação masculina na sociedade atual?

    Naurinete Fernandes Inácio Reis

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    1. Olá Naurinete,
      Acredito que a contribuição das abordagens musicais no ensino, se dá a partir do momento em que esta temática é levada para discussão em sala de aula. Sabemos que a música, é apenas um dos diversos espaços na sociedade em que a dominação do discurso masculino sobre a mulher esta presente, possibilitar a discussão da temática é tentar romper com pensamentos a cerca do papel da mulher e desmitificar preconceitos e estigmas gerados por nossa sociedade patriarcal. Exemplificar e analisar esses discursos através das musicas contribuem para a formação de um aluno crítico e do debate para uma educação na sexista.
      Att,
      Cilésia Lemos

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  5. A abordagem feminina pela perspectiva das músicas apresenta algumas manchas do machismo, algo que ainda é marcante na sociedade atual. Vivemos num país que as leis são feitas para todos, mas cumpridas por poucos. As cantoras:
    Elis Regina, Clara Nunes, wanderleia, Rita Lee são exemplos da luta pela igualdade.

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    1. Sim Denise, esse é o principal objetivo do trabalho, apresentar que as canções são um retrato da época de produção, pois está embutidas nas mesmas o imaginário a cerca da mulher a partir da perspectiva masculina, mesmo com tantas representantes femininas na música, conquistas sociais alcançada pelas mulheres, ainda vemos discursos machistas presentes em todos os âmbitos da sociedade, e a música é mais espaço em que esses discursos são reproduzidos.
      Att,
      Cilésia Lemos

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  6. Olá Cilésia, também senti falta de exemplos, ainda mais por que a MPB possibilita um debate estético-ideólogico com várias visões. Já trabalhou com a apresentação da Maria Alcina, interpretando "Fio Maravilha" na edição do FIC de 1972?

    Grato,
    Thiago Rafael de Souza

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  7. Que outros temas você sugere para trabalhar a música popular brasileira em sala de aula?
    Adriana Barbosa Santos

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    1. Olá Adriana,
      Além dos papéis de gênero que podemos identificar nas músicas, podemos perceber também grande quantidade em temáticas étinicas-raciais, por exemplo muitas músicas da Clara Nunes, Elza Soares, Jorge Ben Jor, etc. Temáticas relacionadas ao trabalho, realidade social de periferias presentes no samba_ Bezerra da Silva), hip hop ( Racionais, Criolo). Além das músicas de protesto, em que retratam o período da ditadura civil militar, presente em muitos repertórios da MPB. Acredito, que o mais importante de trabalhar a música em sala de aula como objeto critico da história, não ficarmos restrito a um ritmo, e sim a todo componente presente nas canções, letras, contexto de produção, visão e discurso utilizado pelo artista.
      Att,
      Cilésia Lemos

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  8. Vejo uma grande dificuldade em levar MPB para o ensino de história na periferia, para a educação básica. Sabemos que o hit do momento é o funk em muitas destas, e que as letras do funk estão repletas de história social. Já tem algum estudo sobre isso também?
    Leandra Paulista de Carvalho

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  9. como trabalhar musica na atualidade em sala de aula hoje se algumas letras de musicas são muito vulgares principalmente com respeito a mulher? Assina --Maria Conceição da Silva.

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    1. Olá Maria,
      Atualmente, em alguns ritmos, existem canções que utilizam de um linguajar impróprio para a sala de aula, mas ao fazermos a seleção de qual música, temática temos que levar em consideração a mensagem transmissora da música. Em canções que utilizam de certos esteriótipos e cantam algum tipo de violência devemos trabalha-las e tentar desconstruir, no sentido de levar o aluno a perceber que aquela música utiliza de um discurso que legitima algum tipo de violência. Por exemplo, pode-se trabalhar com alguns funk em que usam do termo "Novinha" para se remeter a meninas mais novas, problematizando uso do termo, em que geralmente sexualizam meninas menores de idade, normatizando uma sexualidade precoce. São varias possibilidades de trabalho com a música, até com aquelas em que usam de discurso enraizado sobre a mulher ou até mesmo qualquer outra temática.

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  10. Olá Cilésia, Quais são as principais diferenças encontradas no tratamento dado a mulher na música brasileira no período estudado por você?
    Ana Karina do Nascimento Zanin

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