Páginas

Arnaldo Lucas; Caroline Trapp

UMA GERAÇÃO SEM HISTÓRIA: DO PROJETO ESCOLA SEM PARTIDO À REFORMA DO ENSINO MÉDIO
Arnaldo Lucas Pires Junior
Doutorando em História Social – UFRJ
Caroline Trapp de Queiroz
Doutoranda em Educação – UERJ

O objetivo desse texto não é apresentar uma pesquisa histórica, propriamente dita, mas sim colocar em discussão alguns princípios do Programa “Escola Sem Partido”, chamando atenção aos possíveis resultados que a proposta acarreta quando combinada à atual “Reforma do Ensino Médio”, que exclui do currículo, dentre outras disciplinas, a obrigatoriedade do ensino de História.
Para iniciar nossa análise, é importante compreender que o currículo, dentre tantas definições, se trata de um organizador das experiências vividas no processo educativo (LOPES, MACEDO, 2011, p.19) e, como tal, não se restringe à forma prescritiva, abrangendo toda a dinâmica das relações tecidas nesse processo. Assim, ainda que as concepções de currículo variem, de modo geral é possível pensa-lo como “o coração da escola, o espaço central em que todos atuamos, o que nos torna, nos diferentes níveis do processo educacional, responsáveis pela sua elaboração” (MOREIRA; CANDAU, 2007, p.19).
O que Moreira e Candau destacam aponta justamente para o fato de que os currículos são definidos num entrecruzamento de decisões que envolvem governo, cultura, movimentos sociais e comunidades acadêmica e escolar. Nesse sentido, cabe pensa-lo como uma arena de disputas de poder que justifica cada novo governo desenvolver uma proposta curricular específica. Essa constatação nos chama atenção às propostas que circulam em nossa realidade atual, o que implica pensar sobre o “Programa Escola sem Partido”, Projeto de Lei (n.193/16) que está tramitando no Senado e que propõe inclusões na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (n.9394/96) que modificam por completo sua estrutura política e filosófica.
Considerando os limites desse texto, propomos uma breve análise do Artigo 2° do PL, que prevê, dentre outros, os seguintes princípios para a educação nacional:
I - neutralidade política, ideológica e religiosa do Estado;
II - pluralismo de ideias no ambiente acadêmico;
III - liberdade de aprender e de ensinar;
IV - liberdade de consciência e de crença;
Como ponto principal, contestamos a questão da neutralidade política, destacando que a educação não pode ser concebida como empreendimento neutro justamente porque a política transcende a esfera institucional, constituindo-se como uma espécie de negociação contínua que realizamos para compatibilizar interesses em diferentes setores da vida cotidiana (MAAR, 1982, p.10). É nessa medida que falar sobre neutralidade política numa proposta curricular não faz sentido, pois “pela própria natureza da instituição, o educador [está] implicado, de modo consciente ou não, num ato político” (APPLE, 1982, p.9).
Essa questão contradiz, inclusive, outras que seguem à “Proposta”, como as de “pluralismo de ideias no ambiente acadêmico”, “liberdade de aprender e de ensinar” e “liberdade de consciência e de crença”, pois quando se afirma neutralidade política na ação pedagógica, retira-se do ambiente escolar justamente a possibilidade de debater diferentes concepções, inclusive sob pontos de vista científicos, impedindo que haja quaisquer das liberdades descritas – ainda que a própria dinâmica escolar dite liberdades não previstas em documentos normativos por meio de uma “autonomia relativa” (BORDIEU, 2011, p.208). Nesse processo de tolhimento, determinados conceitos – como revolução, luta de classes e ideologia – são roubados de seu lastro histórico e filosófico, sendo taxados como “partidários” e, por isso mesmo, deméritos de uma abordagem educacional.
No bojo das discussões sobre o “Programa Escola sem Partido”, deu-se um primeiro passo oficial, no mês passado, em direção à modificação das bases educacionais do país com a aprovação, no Senado, da “Reforma do Ensino Médio”, que dentre tantas mudanças, torna facultativo o ensino de História. Embora essa “Reforma” pareça, a princípio, apenas uma ideia ruim, devemos estar atentos aos limites que a tornam, também, uma ideia perigosa. Uma ideia ruim passa a ser perigosa quando se torna axiomática, ou seja, quando se encerra como evidente e incontestável, e esse é justamente o caso da “Reforma”, que se apoia na concepção de que existem “talentos naturais” e que seria, portanto, desperdício de tempo obrigar estudantes à formação integral globalizante, em vez de uma pautada em “itinerários formativos” – uma espécie de à la carte educacional em que é possível escolher que disciplinas se quer estudar, com base nos talentos e interesses que se tem.
Como a maioria das ideias axiomáticas, a “Reforma” também não resiste à experimentação científica. Para refutá-la, recorremos à pesquisa de Catalano e Kleiner (1984), cujo objetivo era descobrir relações entre aprendizagem e performance motora. Para isso, eles desenvolveram um equipamento que consistia numa linha de luzes que se aproximavam do observador em uma das pontas e se afastavam na outra. As luzes acendiam em sequência, da mais distante à mais próxima, e os participantes eram orientados a pressionar um botão logo no início do acendimento da última das luzes, a mais próxima.
Os participantes do experimento foram divididos em dois grupos: um deles exposto a um conjunto de luzes que se movia em ritmo constante, e o outro, que tinha de executar a mesma tarefa em um conjunto de luzes que se movia em ritmos diferentes. Depois de algumas horas de treinamento, os dois grupos foram expostos a um terceiro ritmo de luzes, até então desconhecido para ambos. O resultado mostrou que o grupo treinado em uma variedade rítmica maior teve desempenho até 50% superior ao grupo treinado em um só ritmo. Estava então descrito o princípio da variedade na aprendizagem, ou seja, quanto mais amplo for o “treinamento”, melhor uma pessoa se sairá em uma atividade desconhecida, seja ela motora ou criativa. A pesquisa foi além e acabou descobrindo também que indivíduos treinados em um só conjunto de estímulos são incapazes de aplicar esses mesmos estímulos em atividades mais amplas – por exemplo, um trabalhador de fábrica que corte pedaços de pano com uma faca diariamente não fará a mínima ideia de como cortar bem os condimentos ao manipular a mesma faca numa cozinha.
Essa descoberta nos faz pensar no verdadeiro impacto que os “itinerários formativos” podem acarretar no desenvolvimento dos estudantes. Não se trata apenas da defesa do retorno da disciplina de História, ou qualquer outra, afirmando sua importância como área de conhecimento específica, mas sim da constatação de que a aprendizagem dessas disciplinas é capaz de formar químicos, físicos e matemáticos melhores. Não porque estas disciplinas carregam conteúdos que estes profissionais utilizarão em sua atividade, mas sim porque elas apresentam um conjunto de padrões totalmente diferente das outras disciplinas.
O químico que nunca estudou História, assim como o historiador que nunca estudou Química, será como os sujeitos que compõem o primeiro grupo do estudo que comentamos, se sairá muito bem com o “seu” ritmo de luzes, mas assim que for exposto a um novo padrão, terá uma resposta inferior à dada por aqueles que tiveram uma formação ampla. Eis o grande perigo desta “Reforma”, a produção de toda uma geração cega para a variedade de conhecimentos do mundo – geração que será marcada pelo aprofundamento da desigualdade de oportunidades educacionais. Talvez seja justamente esse o projeto político que torna o “Escola sem Partido” tão necessário na manutenção de um ensino meramente utilitarista.

Referências bibliográficas
APPLE, Michael. Ideologia e Currículo. São Paulo: Brasiliense, 1982.
BORDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. A reprodução: Elementos para uma teoria do sistema de ensino. Rio de Janeiro: Vozes, 2011.
CATALANO, JF; KLEINER BM. Distant transfer in coincident timing as a function of variability of practice. Percept Mot Skills, n.58, p.851–856, 1984.
LOPES, Alice; MACEDO, Elizabeth. Teorias de Currículo. São Paulo: Cortez, 2011.
MAAR, Wolfgang. O que é Política. São Paulo: Brasiliense, 1982.

MOREIRA, Antonio; CANDAU, Vera. Currículo, Cultura e Sociedade.  In: Indagações sobre o currículo no ensino fundamental. Programa Salto para o futuro. Boletim 17. Set.2007.

67 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Olá bom dia!
    Moro do estado de Alagoas, único da federação a aprovar o Projeto medonho do Escola sem Partido. No âmbito nacional o projeto causou grandes questionamentos, então vem o igualmente medonho governo, nos brindar com essa Reforma do Ensino Médio, sob a batuta de que os grandes centros educacionais, Europa e Estados Unidos, já usam essa metodologia. Só esqueceram que Europa e Estados Unidos têm uma política de investimentos educacionais completamente diferente da nossa. O ensino é tratado como prioridade. Lógico que nem tudo é perfeito. Mas o imperfeitos deles, é infinitamente perfeito se comparados à história do nosso ensino. As desigualdades de condições, a precarização do ensino, a falta de estrutura, etc.são alguns elementos que podemos elencar de pontos negativos de nosso ensino. No entanto, o governo não cogitou em abrir uma frente de debates com professores, alunos e pais, para se chegar a uma saída. Acredito que a intenção da não obrigatoriedade de muitas disciplinas, sobretudo, História, vem como complemento ao escola sem partido. Bem sabemos que os professores das áreas de humanas, sobretudo, História, são os que mais estimulam a criticidade do aluno frente ao cotidiano processo histórico que fazemos parte. Vejo essa reforma, como forma de um cala boca, revestido de leveza. A escola sem partido, nos remete de forma mais intensa ao período ditatorial, onde as pessoas eram tolhidas em suas falas. Não seria exagero acreditar que estamos vivendo um período de repressão encubada, mascarada. Essa reforma nos preocupa, pois não sabemos que espécie de cidadãos estaremos formando. Me preocupa bastante também o futuro do curso de História nas universidades. Como formar professores, se não há disciplina na base educacional? A pergunta que remeto nesse momento é, como ficará a estrutura do curso nas universidades, como ficará as formações continuadas, mestrado, doutorado? O que poderemos esperar de futuro?

    Aureanne Silva de Oliveira

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Aureanne, primeiramente obrigado pela tua pergunta. Tua questão parece que foi bem comum entre os colegas, nós todos estamos preocupados com o futuro da nossa profissão e, principalmente, com o futuro de nossa formação. Nós historiadores sabemos que todo exercício de futurologia é cheio de falhas, mas vou tentar arriscar sobre o que me parece uma tendência quase automática da aprovação das reformas. Acredito que haverá um esvaziamento maior do que já existe nas graduações em diferentes licenciaturas, isso, obviamente, gerará impactos nas pós-graduações em seus diferentes âmbitos. Não precisamos ir muito longe, diversos programas de pós-graduação enfrentaram duras quedas nos números de candidatos neste último ano. Infelizmente, a tendência é de agudização desse quadro. Quanto a estrutura do curso, a situação fica ainda mais grave, lembre-se que parte dessa reforma infere também a possibilidade da utilização de "pessoas de notório saber" como substitutos dos docentes específicos de cada disciplina. A definição vaga desse notório saber é proposital e de um ponto de vista prático só servirá para a desvalorização ainda maior da profissão docente. Gostaria de ser mais otimista, mas infelizmente não estamos em um bom quadro.

      Abraços.
      Arnaldo Lucas

      Excluir
  3. Olá doutorandos,

    Com um dos mais simples experimentos vocês demonstraram o quanto essa separação das áreas de conhecimento é nociva a formação integral dos (as) estudantes brasileiros (as). Torna-se claro para mim, que o real interesse do atual Estado brasileiro é contribuir decididamente na formação de indivíduos intelectualmente desprovidos de uma série de debates que perpassam o seus cotidianos. Massificando uma propaganda que não questiona, mas que afirma categoricamente que o "novo" Ensino Médio é a melhor opção para a educação brasileira - além de pagar youtubers para publicaram pareceres também favoráveis - é mais um argumento para contradizer a absurda proposta da 'Escola Sem Partido'. Até que ponto essa proposta da Escola Sem Partido e do novo Ensino Médio assemelham-se às leis produzidas sobre o processo educacional durante a ditadura civil-militar brasileira?

    Maicon Roberto Poli de Aguiar.

    ResponderExcluir
    Respostas

    1. Olá Maicon, obrigado pela sua pergunta.
      De fato, muito tem se comparado a Reforma do Ensino Médio com as reformas praticadas pela Ditadura Militar e, em especial, as inserções feitas à época, da disciplina unificada de Estudos Sociais e da aberração chamada Moral e Cívica. Igualar ambas as reformas é um tanto quanto anacrônico e não creio que seja o argumento mais prudente a ser levantado, contudo, podemos traçar alguns paralelos que podem nos ajudar a entender o contexto em que vivemos. Pode-se dizer que como força motriz de ambas está uma postura conservadora e liberalizante que compreende a educação a partir da ideia de acúmulo de saberes voltados ao exercício de determinada atividade técnica. Por favor, não entenda meu comentário como uma desvalorização do ensino e da atividade técnica, mas sim a constatação de que há uma dimensão cidadã no Ensino de História, uma dimensão de localização de si mesmo dentro do mundo e do mundo dentro de si, das oportunidades sociais e do papel dos agentes enquanto elementos de mudança central nos contextos históricos. Essa dimensão perde-se em ambas as reformas e essa perda é sim intencional.

      Abraços.
      Arnaldo Lucas

      Excluir
  4. Boa noite, sempre comentei com meus alunos que a grande dificuldade de crescimento no Brasil está no fato do povo brasileiro ser politiqueiro e não politizado. Assim sendo trabalho sempre com meus alunos de forma crítica e construtiva, respeitando sempre seus pontos de vista. Caso está lei seja aprovada como ficará o ensino de história?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Luciano. O ensino de História fica debilitado, preso em um dos pés pela falsa noção de neutralidade – algo que não existe em nenhuma relação humana, especialmente no processo de ensino e aprendizagem –, e pelo outro pé a profissão docente, já repleta de desafios, é rotulada sobre um novo aspecto negativo.

      Abraços.
      Arnaldo Lucas

      Excluir
  5. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  6. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  7. Felicito-lhes pelo texto e principalmente pela bibliografia utilizada em sua composição. Apesar de ser evangélica e cursar Licenciatura em História, o que tem sido um desconstrução diária de preconceitos, considero a reforma no ensino médio algo tendencioso de um governo que apenas visa construir máquinas de trabalho e apagar mentes pensantes; quanto a escola sem partido visa construir um seres ignorantes e intolerantes. Minha indagação é: até que ponto tais projetos podem interferir na base de cursos superiores como por exemplo o curso de História? E mesmo com a aprovação de tais projetos, na opinião de vocês como um docente deve posicionar-se na sala de aula?

    Josielia Moura Soares

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A uma primeira vista, a Escola sem Partido e a Reforma do Ensino Médio não atingem diretamente o Ensino Superior, na medida em que as IE’s ainda têm a liberdade de delimitação e escolha de seus currículos. Contudo, o que acredito ser mais perigoso para o processo de Ensino no âmbito da graduação é uma certa “contaminação” com a noção de que as disciplinas são instrumentos de transposição de um conteúdo fixo. Você cita na sua pergunta a transformação diária que sofre ao cursar História, a pior coisa que pode acontecer com um aluno de nossa disciplina é sair com as mesmas ideias pré-concebidas que carregava ao entrar no curso, temo que isso se torne mais comum. Quanto à postura do docente, creio que é um momento em que devemos exercer resistência ativa, a única forma de derrotarmos este projeto e retrocedermos de alguma forma essa maré conservadora é através da denúncia, do combate e da união dos docentes em torno de uma educação livre e pautada na pluralidade de ideias.

      Abraços,
      Arnaldo Lucas.

      Excluir
  8. juventude não está para brincadeiras, a geração dos anos 90 vem colocando de certa forma “medo” nos políticos, uma juventude que lembra a rebeldia dos jovens dos anos 60... de forma simplista o governo quer” castrar a revolução no berço”, caso consigam a aprovação deste projeto nacionalmente, qual a postura vocês recomendam a nós professores?
    Diógenes Ribeiro da Silva

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Diógenes,
      Ao meu ver, a postura deve ser a de resistência ativa e denúncia das ideias que embasam esta proposta. Não podemos tomar como finalizado esse processo, precisamos agir na conscientização e na mobilização de nossos colegas, não é hora para resistência individual ou desobediência passiva, é hora de agir. Inclusive dividindo isso com seus alunos, discutindo a proposta com eles e apontando as intenções que a subjazem. É hora de ação.

      Abraços,
      Arnaldo Lucas

      Excluir
  9. Boa noite!
    É fundamental no ensino de História que o professor fale em política na sala de aula. Como podemos falar de política sem que isso comprometa nosso trabalho?

    ResponderExcluir
  10. Boa tarde. Sou professora do curso de História da Universidade Estadual Vale do Acaraú, na cidade de Sobral, estado do Ceará. Desde que a Reforma foi sancionada pelo presidente da república tenho ouvido de alguns colegas que a mesma não retirou a obrigatoriedade da História como disciplina porque nunca houve essa obrigatoriedade em nenhum documento governamental. Faz sentido isso? Lembro que a LDB de 1996 nos artigos 26 e 36 fala do estudo dos processos históricos, o que no meu entendimento estabelece a obrigatoriedade da disciplina. O que vocês acham?

    Ana Amélia Rodrigues de Oliveira

    ResponderExcluir
  11. Boa Tarde! Como explico aos meus alunos, que a escola sem partido caso seja aprovada, qualquer um que se qualifique em uma determinada área pode lhe dar aula, mesmo não tendo ensino superior, como trabalhar esse tema na sala de aula, sem que meus alunos pensem que o diploma é algo desnecessário?

    APOLIANE DO CARMO SANTANA

    ResponderExcluir
    Respostas

    1. Olá Apoliane, a vacuidão do conceito de “saber notório” é tremenda. Qualquer lei que se embase em uma definição tão vaga de qualquer coisa procura, em última instância, algum outro objetivo subentendido. Nesse caso, me parece claro que o objetivo central é de fragilização da profissão docente e a consequência prática é a desvalorização – tanto financeira quanto simbólica – ainda maior da profissão do professor. Há uma grande contradição entre termos nessa reforma, ela infere que o conhecimento não deve ser politizado, o que faz dele apenas um saber técnico/prático, mas afirma que “não-técnicos” em uma determinada área podem lecionar. Precisamos ressaltar essas contradições e discuti-las com os alunos, especialmente mostrando uma visão mais ampla do conceito de político.

      Abraços,
      Arnaldo Lucas Pires Junior.

      Excluir
  12. O que vem se pensando para educação no Brasil nesses últimos anos é o enterro do que vem sendo morto aos poucos. Obrigar um ser humano a optar não por uma área mas por excluir todas as outras devido sua escolha aos dezesseis anos de idade é extinguir toda a perspectiva que se pode criar de futuro e limitar a nada.
    Enquanto ao rumo em que a História vem tomando, sendo o Historiador uma profissão não regulamentada e a disciplina uma mera opção para os alunos qual a perspectiva que vocês enquanto doutorandos possuem? Concluí a graduação recentemente e admito que as vezes me sinto frustrado por ver minha área sem sua real importância. Na opinião de vocês como os estudantes, graduados, licenciados, bacharéis e todos os demais da área da História devem reagir a essa "ameaça"?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Este comentário foi removido pelo autor.

      Excluir
    2. Olá André, obrigado pela sua questão.

      A princípio, nesse período de consolidação do projeto e da reforma, acredito que a discussão de nossas pautas, a arregimentação de forças e o diálogo são as melhores estratégias. Uma vez consolidada - e eu espero que essa possibilidade não se concretize - tanto a reforma quanto o Projeto, aí meu conselho seria o de resistência e desobediência na medida de nossas possibilidades. Torçamos para não precisar recorrer a esta segunda estratégia.

      Abraços.
      Arnaldo Lucas Pires Junior

      Excluir
  13. Boa noite, primeiramente quero parabenizar pelo excelente texto.
    sobre o projeto escola sem partido, tenho a seguinte pergunta:o projeto sendo aprovado tira a obrigatoriedade do ensino de historia, mas se o sistema educacional tem uma base curricular, sera dada a cada estado ou município ou mesmo a escola, a liberdade de inseri-lo na sua grade curricular?
    uma reflexão que me vem a mente é, sobre a reforma do ensino médio. como um jovem em meio a um processo de formação de sua personalidade e posicionamento como cidadão, será capaz de definir qual área de conhecimento favorecerá na sua formação. tendo em vista que não conhecerá todas as outras que serão excluídas de seu currículo no ato de sua escolha?
    CLEMILDA DA SILVA LIMA

    ResponderExcluir
  14. Boa noite,

    Sou professor do ensino médio na rede de ensino público do estado do Ceará e doutorando em História pela Universidade Federal do Ceará. Minha pergunta é: existe alguma preocupação com o futuro dos cursos de licenciatura em História? Pois o fim da obrigatoriedade pode levar a uma drática diminuição no número de vagas para professores desta disciplina e, por tabela, a mesma diminuição na procura pelas respectivas licenciaturas.

    Jorge Luiz Ferreira Lima
    Doutorando em História Social - UFC

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Jorge,
      Realmente tanto a oferta como a procura diminuirá em todos os âmbitos, infelizmente essa reforma irá moldar a graduação de forma terrível. Já não temos tantas aulas no Ensino médio antes da reforma e após? Como ficará?? Como será feita a carga Horária desses professores?
      Att,
      Karoline Margarida Fernandes Januário

      Excluir
    2. Oi, observei seu comentário e como você já esta a algum tempo provavelmente atuando como professor de história, gostaria de saber alguns temas que vão ter que deixar de serem abordados na escola com esse projeto? E como esse projeto interfere na realização de seu trabalho?

      Thaís Jung

      Excluir
  15. Parabéns pelo texto e pela escolha do tema!
    Diante das atuais circunstâncias que se encontra o nosso ensino médio (fim da obrigatoriedade da disciplina de História, projeto de lei "Escola sem partido"), vocês acham que o período hodierno está se igualando ao da época da ditadura civil-militar?
    Obrigado!

    Att, Pedro Henrique Caires de Almeida

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Pedro, obrigado pela pergunta.

      De fato, muito tem se comparado a Reforma do Ensino Médio com as reformas praticadas pela Ditadura Militar e, em especial, as inserções feitas à época, da disciplina unificada de Estudos Sociais e da aberração chamada Moral e Cívica. Igualar ambas as reformas é um tanto quanto anacrônico e não creio que seja o argumento mais prudente a ser levantado, contudo, podemos traçar alguns paralelos que podem nos ajudar a entender o contexto em que vivemos. Pode-se dizer que como força motriz de ambas está uma postura conservadora e liberalizante que compreende a educação a partir da ideia de acúmulo de saberes voltados ao exercício de determinada atividade técnica. Por favor, não entenda meu comentário como uma desvalorização do ensino e da atividade técnica, mas sim a constatação de que há uma dimensão cidadã no Ensino de História, uma dimensão de localização de si mesmo dentro do mundo e do mundo dentro de si, das oportunidades sociais e do papel dos agentes enquanto elementos de mudança central nos contextos históricos. Essa dimensão perde-se em ambas as reformas e essa perda é sim intencional.

      Abraços.
      Arnaldo Lucas Pires Junior

      Excluir
  16. Bom dia caros colegas,

    Bacana o trabalho feito por vocês!
    Vemos que tal PL realmente afeta de forma negativa as oportunidades, inclusive de escolhas, por parte dos estudantes de Ensino Médio e nas licenciaturas, pois acaba por dificultar o envolvimento de pessoas que com uma formação mais ampla teriam maior predisposição para o estudo da mesma.Como vocês veem o futuro da disciplina no Brasil? Quais os principais riscos que corremos enquanto professores da disciplina?

    Obrigado!

    João Paulo de Oliveira Farias.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá João, obrigado pela sua pergunta.

      De fato, muito tem se comparado a Reforma do Ensino Médio com as reformas praticadas pela Ditadura Militar e, em especial, as inserções feitas à época, da disciplina unificada de Estudos Sociais e da aberração chamada Moral e Cívica. Igualar ambas as reformas é um tanto quanto anacrônico e não creio que seja o argumento mais prudente a ser levantado, contudo, podemos traçar alguns paralelos que podem nos ajudar a entender o contexto em que vivemos. Pode-se dizer que como força motriz de ambas está uma postura conservadora e liberalizante que compreende a educação a partir da ideia de acúmulo de saberes voltados ao exercício de determinada atividade técnica. Por favor, não entenda meu comentário como uma desvalorização do ensino e da atividade técnica, mas sim a constatação de que há uma dimensão cidadã no Ensino de História, uma dimensão de localização de si mesmo dentro do mundo e do mundo dentro de si, das oportunidades sociais e do papel dos agentes enquanto elementos de mudança central nos contextos históricos. Essa dimensão perde-se em ambas as reformas e essa perda é sim intencional.

      Abraços.
      Arnaldo Lucas Pires Junior

      Excluir
  17. Bom dia caros colegas,

    Bacana o trabalho feito por vocês!
    Vemos que tal PL realmente afeta de forma negativa as oportunidades, inclusive de escolhas, por parte dos estudantes de Ensino Médio e nas licenciaturas, pois acaba por dificultar o envolvimento de pessoas que com uma formação mais ampla teriam maior predisposição para o estudo da mesma.Como vocês veem o futuro da disciplina no Brasil? Quais os principais riscos que corremos enquanto professores da disciplina?

    Obrigado!

    João Paulo de Oliveira Farias.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá João, obrigado pela sua pergunta.

      De fato, muito tem se comparado a Reforma do Ensino Médio com as reformas praticadas pela Ditadura Militar e, em especial, as inserções feitas à época, da disciplina unificada de Estudos Sociais e da aberração chamada Moral e Cívica. Igualar ambas as reformas é um tanto quanto anacrônico e não creio que seja o argumento mais prudente a ser levantado, contudo, podemos traçar alguns paralelos que podem nos ajudar a entender o contexto em que vivemos. Pode-se dizer que como força motriz de ambas está uma postura conservadora e liberalizante que compreende a educação a partir da ideia de acúmulo de saberes voltados ao exercício de determinada atividade técnica. Por favor, não entenda meu comentário como uma desvalorização do ensino e da atividade técnica, mas sim a constatação de que há uma dimensão cidadã no Ensino de História, uma dimensão de localização de si mesmo dentro do mundo e do mundo dentro de si, das oportunidades sociais e do papel dos agentes enquanto elementos de mudança central nos contextos históricos. Essa dimensão perde-se em ambas as reformas e essa perda é sim intencional.

      Abraços.
      Arnaldo Lucas Pires Junior

      Excluir
  18. Bom dia amigos,

    O assunto é urgente. Acredito que o crescimento do tom obscurantista que vem sendo observado na sociedade brasileira proporciona fenômenos como o Escola Sem Partido. Minha impressão é que as vozes mais dissonantes tem vido de grupos de esquerdo, entretanto acredito que a preocupação deveria vir também de grupos liberais ou outras matizes, uma vez que a falta de pluralidade também pode os afetar.

    Pensando no plano organizacional do país e percebendo a tendência de setores da sociedade de apoiarem o Escola Sem Partido, podemos ser pessimistas quanto ao futuro? Como profissionais de ensino podem responder estas investidas? É possível ser mais elucidativo quanto a importância do tema junto a sociedade?

    VITOR FEITOSA RICARDO

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Vitor, obrigado pela sua pergunta.

      Tendo a ser pessimista pelo grau de centralidade que os discursos conservadores parecem ter tomado na sociedade brasileira atual. Acredito que o futuro da profissão e do ensino de História no Brasil depende muito das decisões que tomaremos agora e, principalmente, do modo como nos mobilizaremos para combater estes processos. A situação chama à ação, precisamos responder com agilidade, organizando debates, coordenando vozes dissonantes e, principalmente, explicando o quão perniciosos são a Reforma e o Projeto, não só para a sociedade em geral, mas, principalmente, para nossos alunos. Não me parece que teremos uma luta fácil pela frente, mas o contexto político não nos deixa opção senão lutar.

      Abraços.
      Arnaldo Lucas Pires Junior.

      Excluir
  19. Olá,

    Pauta bem relevante proposta nesse texto. Dessas transformações na legislação que caracterizam um projeto - patrocinado por entidades empresarias e figuras políticas - para Educação brasileira, que além de vigiar os profissionais da educação, acrescenta um modelo tecnicista, bancário, como criticava Paulo Freire. Quais as possíveis relações que vocês estabelecem entre esses projetos e a BNCC?

    ResponderExcluir
  20. Arnaldo e Caroline,

    Gostei da reflexão que buscaram fomentar, sobretudo o exemplo trazido.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pelo Feedback positivo Pedro.

      Abraços,
      Arnaldo Lucas Pires Junior.

      Excluir
  21. Boa tarde, Arnaldo e Caroline. Gostei da reflexão que esse texto expõe sobre a necessidade de um ensino que não retire do aluno, a possibilidade de uma ampla reflexão. Penso que essas reformas ganham força em uma sociedade que também não tem clareza sobre a utilidade das disciplinas e mais especificamente, a disciplina histórica. Esse debate tem que sair de dentro dos muros e dialogar de uma forma ampla, para que tenha mais efetividade.
    Grata,
    LÍVIA CAROLINE ALVES

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu é que agradeço a leitura e o comentário Lívia.

      Abraços,
      Arnaldo Lucas Pires Junior.

      Excluir
  22. Gente primeiro quero me desculpar pq não tive tempo de ler todos os comentários, por isso talvez repita o quê alguém já comentou.
    Sou professora do Fundamental II dá rede municipal de Fortaleza.
    Tanto a reforma do ensino médio como a lei da mordaça são anticonstitucionais como cruéis inclusive.
    São mecanismos claros de negar o direito à informação, direito ao conhecimento. Fora que está escrito, está ESCRITO no pl da famigerada escola "sem" partido que PROFESSOR NÃO TEM DIREITO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO. Tá escrito isso lá.
    Esse projeto, se aprovado, irá gerar clima de denúncia, perseguições, coações. É muito subjetivo a posição política de alguém e como historiadores sabemos que não somos parciais, logo tudo poderia ser encarado como ilegal, como doutrinação. Ainda tem isso, doutrinação, sério?
    A fora isso a desforma do ensino médio, um incentivo à evasão escolar pq o intuito é transformar o ensino médio em integral, ou seja, o pobre que na adolescência precisa trabalhar não pensará duas vezes em abandonar a escola. Fora que estaremos desempregados,com a não obrigatoriedade se só dez pessoas da escola quiserem estudar história? Não forma turma, e as escolas que tem mais de um professor, aí meus caros, veremos colegas "denunciando" seus pares para a escola"sem" partido para garantir o seu sustento.
    Retrocesso mesmo. Agora uma crítica a nós mesmos, temos que começar a pensar o ensino de história de verdade, de dentro da escola. Sair dessa zona de conforto que é a academia e encarar as crianças, o ambiente escolar.
    Já passou da hora das licenciaturas formar professores, incentivar as modificações e intervenções na escola, devemos fugir desse academicismo descolado da realidade, da rotina escolar.
    Enfim, quase um desabafo, desculpe a emoção, mas de verdade é revoltante pra mim.
    Francisca Eveline Pereira Viana.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pelo seu desabafo Francisca, acho que você conseguiu dar voz a muitas das inquietações que todos nós temos. Força e luta!

      Abraços.
      Arnaldo Lucas Pires Junior.

      Excluir
  23. Qual a perspectiva dos professores no contexto do Brasil atual?
    Adriana Barbosa Santos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Adriana, considero a situação atual preocupante. Não só pela reforma e pelo Escola sem partido, mas também pelos constantes cortes orçamentários que sofremos na área de educação, ciência e tecnologia. Gostaria de ter uma palavra de otimismo para te passar, mas ultimamente não tenho tido muitas razões para acreditar que as coisas possam melhorar por si. Em momentos como estes precisamos lutar, se as condições objetivas parecem caóticas, é sinal que precisamos construir novos contextos e isso só se faz através da ação direta mobilizada.

      Abraços,
      Arnaldo Lucas Pires Junior

      Excluir
  24. Olá, bom dia! Sobre essa perseguição à liberdade de ensinar e aprender nas escolas brasileiras que esse projeto quer impor, e sobre essa esquisita "reforma" do ensino médio, fica a dúvida: Será que eles fazem parte do movimento conservador que está crescendo no Brasil e na América Latina nos últimos anos? Seriam ferramentas de consolidação do conservadorismo crescente?

    Oscar Martins Ribeiro dos Santos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Oscar.

      De fato, essas políticas estão inseridas em um ambiente conservador - um certo flerte fascista - que a sociedade brasileira tem enfrentado ultimamente. São reformas e projetos de típico cunho liberal que enxergam a educação não como fim, mas como meio de aquisição de saberes técnicos capazes de orientar alguém para o exercício de um ofício, isso é muito pouco, educar TEM que ser mais do que isso! Esvaziar a História de seu componente de construção social cidadã e da capacidade que a disciplina tem em transformar pessoas cumpre uma função dentro da consolidação de uma sociedade conservadora e isso é muito perigoso.

      Abraços,
      Arnaldo Lucas Pires Junior.

      Excluir
  25. Eduardo Ribeiro Xavier

    Prezados, tudo bem? é de forma perceptível que vemos a destruição da educação, da liberdade de reflexão, pensamento e senso crítico com a reforma do Ensino Médio, com a finalidade de impor que o aluno estude apenas por itinerários formativos. No entanto, não é a primeira vez na História do Brasil que disciplinas como Geografia, História, Filosofia e Sociologia são atacadas de forma cruel e covarde. Queridos doutorandos, isso se assemelha a mesma reforma que houve durante o regime militar?
    Assinado: Eduardo Ribeiro Xavier.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Seria anacrônico para um historiador dizer que dois fatos históricos são idênticos, mas acho que possuem semelhanças. A principal delas é ter como força motriz uma postura conservadora e liberalizante que compreende a educação a partir da ideia de acúmulo de saberes voltados ao exercício de determinada atividade técnica. Por favor, não entenda meu comentário como uma desvalorização do ensino e da atividade técnica, mas sim a constatação de que há uma dimensão cidadã no Ensino de História, uma dimensão de localização de si mesmo dentro do mundo e do mundo dentro de si, das oportunidades sociais e do papel dos agentes enquanto elementos de mudança central nos contextos históricos. Essa dimensão perde-se em ambas as reformas e essa perda é sim intencional.

      Abraços.
      Arnaldo Lucas Pires Junior

      Excluir
  26. Boa noite Arnaldo e Caroline. Primeiramente parabéns pelo trabalho, tema importantíssimo e propício para o momento que estamos vivendo. Gostaria de saber, a opinião de vocês quanto as diversas denúncias realizadas nos últimos meses dos professores de história, ao qual eles vêm sendo perseguidos e coagidos devido ao movimento Escola Sem Partido. Na opinião de vocês, o que esses educadores devem fazer?

    Grato. Wallysson Klebson de Medeiros Silva.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Wallysson, obrigado pela sua pergunta.

      Essas denúncias são preocupantes, esse movimento de caças as bruxas traz à tona o namoro que a sociedade brasileira anda tendo com um fascismo ao melhor estilo tupiniquim durante o último ano. Essa escalada de pensamentos reacionários começa a fazer suas primeiras vítimas entre nossos colegas professores, precisamos tomar cuidado. De um ponto de vista legal, o que posso aconselhar a estes colegas é que tentem impor sua liberdade de expressão e se assegurem judicialmente para isso, contudo, não creio que esses processos levem a muita coisa, o objetivo dos defensores do Escola sem Partido não é a vitória judicial, mas sim a desmoralização dos docentes.
      Já do ponto de vista social, acho que precisamos nos organizar e lutar. É o momento de ação, cada um de nós, com nossos colegas de escola, de sindicato, de partido e cidade, devemos sentar e discutir propostas conjuntas, planos de ação para contrapor esse absurdo. Reitero que é fundamental discutir com os alunos sobre o projeto, mostrar nosso posicionamento e colocar diante deles os fatos sobre o projeto. A pior coisa que podemos fazer agora é ficar quietos.


      Abraços,
      Arnaldo Lucas Pires Junior.

      Excluir
  27. A minha dúvida é: O quanto de influência o professor pode ter sobre o aluno? Assim, como os professores podem tomar cuidado ao passar seu pensamento para o aluno?
    Joyce de Araújo e Silva

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Joyce, acho que o nível de influência é diretamente relativo a capacidade do professor em construir um ambiente aberto à discussão de ideias em contexto plural. Um professor que sabe ouvir argumentos, contrapô-los e mesmo aceita que estes diferentes posicionamentos sejam expostos dentro de sala exercerá a maior influência positiva possível, a da compreensão e do respeito ao diferente, tudo que me parece estar longe dos projetos defendidos pelo Escola sem Partido. O pluralismo já é um dos centros da nossa política educacional, deveríamos lutar para impô-lo e reforça-lo, não cobri-lo com um manto de uma pretensa neutralidade que não tem nada de neutra.

      Obrigado pela pergunta.
      Arnaldo Lucas Pires Junior.

      Excluir
  28. Parabéns pelo texto autores.
    Trabalho na rede pública de minha cidade e penso que não há como o professor ser neutro, nem como não abordar questões políticas em sala de aula, afinal a política rege a nossa vida e prática cotidiana, quer estejamos conscientes disso ou não. Não abordar questões que envolvam assuntos dessa natureza é não permitir que o aluno perceba a multiplicidade de ideias, conceitos e maneiras de interpretar o mundo e de mudar sua realidade. Ser neutro é ser omisso, o professor tem um papel social voltado a formação da cidadania e esta não pode se esquivar de debates.
    Simone Aparecida Dupla

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Exatamente Simone. A neutralidade é um disfarce de quem não quer mostrar a posição que assume. Não existe conhecimento neutro, todo conhecimento é resultado de uma seleção prévia, esse é o pecado de origem desse projeto Escola sem Partido.

      Abraços.
      Arnaldo Lucas Pires Junior

      Excluir
  29. Aline Ferreira Antunes6 de abril de 2017 às 07:56

    Achei a leitura tranquila, fácil e bem objetiva, o que é importante para este tipo de assunto tão delicado e tão atual. Após a leitura, tenho apenas duas sugestões aos autores: primeiro a leitura do livro “Ideologia do movimento escola sem partido” (editora ação educativa – com vários autores) que talvez possa contribuir com as discussões, e em segundo lugar, colocarem de maneira mais expositiva o site do movimento escola sem partido, problematizando a existência e as ideias defendidas por esse grupo de pessoas. Acredito que estes dois pontos poderão contribuir para um aprofundamento da discussão.

    Obrigada pelos apontamentos, pela objetividade e pela clareza tanto de posicionamento quanto de aportes teóricos

    Aline Ferreira Antunes

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Aline, eu é que agradeço pelas sugestões. Irei conferi-las com certeza. Obrigado.

      Abraços.
      Arnaldo Lucas Pires Junior

      Excluir
  30. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  31. Eles falam em pluralismo de ideias, falam em neutralidade, mas os autores da "escola sem partido" e seus seguidores são perseguidores, querem calar os professores de esquerda, querem dar voz apenas à direita. Desde quando existe neutralidade quando se fala em História? Será que para continuarmos trabalhando teremos que colocar uma venda nos olhos e um sensor na boca?

    Roseane Cristina Mazurechen

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Exatamente Roseane! Não existe pluralismo regido por uma pretensa "neutralidade" que se impõe sobre as opiniões individuais. O pluralismo é justamente o valor central que assegura que todas as opiniões - dentro da medida do respeito ao ser humano - sejam discutidas de maneira igual no espaço acadêmico/científico e escolar. Não há História neutra, não há Ciência alguma neutra, a neutralidade é um disfarce que alguns usam, muitas vezes por medo de assumir seus próprios posicionamentos.

      Abraços.
      Arnaldo Lucas Pires Junior.

      Excluir
  32. Boa noite.

    Excelente texto. Diante dos últimos acontecimentos, a Reforma do Ensino Médio, O ESP e a Base Nacional Comum Curricular, gostaria de saber como vocês avaliam o papel e o eventual raio de alcance da ANPUH? Tendo em visto que a mesma, apenas, recentemente tem na sua militância pelas redes sociais, apresentando notas e etc.

    Atenciosamente,

    Renato Alcântara de Abreu

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Renato, obrigado pela ótima pergunta, me deu oportunidade de colocar meu ponto de vista sobre o papel da ANPUH em tudo isso.

      A entidade tem lançado algumas cartas de desprezo, algumas notas contra discursos proferidos por defensores do movimento, mas atuação tem se dado muito mais no âmbito das ideias do que necessariamente na arregimentação de forças em prol da nossa causa. Como argumento, alguns dirão que a Associação não é um sindicato de classe, e que caberiam aos sindicatos exercerem esse papel. Contudo, a associação possui estrutura muitas vezes superior a maioria dos sindicatos setoriais e tem entre seus quadros membros que são responsáveis direitos pelas próximas gerações de professores, que obviamente serão atingidos diretamente pela Reforma. A ação da ANPUH foi importante, mas deveria ser muito mais abrangente. Acredito que inserir a discussão sobre o tema do Escola sem Partido e da Reforma no próximo encontro nacional seria uma boa forma de arregimentar forças em prol de nossa causa, por exemplo.

      Abraços e obrigado novamente pela pergunta.
      Arnaldo Lucas Pires Junior

      Excluir
  33. Excelente texto, gostaria de expor minha opinião sobre o Projeto de Lei Escola sem Partido aqui: Estão retirando o acesso ao conhecimento sobre a história, pois, se você não souber a história não saberá sobre a realidade e se não se cativa ou propõe questionamentos aos alunos sobre a realidade, teremos cidadãos concordando com qualquer premissa dita. Consequentemente teremos uma sociedade mais alienada e manipulada ao sistema capitalista.

    Thaís Jung

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pela opinião e participação Thaís.


      Abçs.
      Arnaldo Lucas Pires Junior.

      Excluir
  34. Vivemos hoje no Brasil um momento complexo, não só cultural mas politicamente. Grupos políticos ultraconservadores se destacam no cenário político, o resultado disso é o projeto Escola sem Partido. No entanto, percebo que tais termos que definem o projeto são um tanto incoerentes, em vista que o mesmo vem com o objetivo de doutrinar os alunos, de retirar qualquer ideias mais humanas que ainda resta nas escolas e principalmente de alienar em massa nossos alunos, interferindo-os na compreensão das necessidades das "minorias". Mesmo sabendo, do quão grande é e se tornar a cada dia os políticos conservadores o que fazer para que tal retrocesso não seje aprovado? E mesmo em caso de aprovação teríamos, enquanto historiadores maneiras de fugir dessas correntes?
    Att Francisco Cardozo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Francisco,
      Precisamos agir em conjunto dialogando com outras categorias, com a sociedade e, especialmente, com nossos alunos. Apontando as incoerências e distorções do projeto, discutindo uma noção mais alargada de político e desbaratando o mito da parcialidade. Mais ofensiva que qualquer contradição interna do próprio projeto é a ideia de que nossos alunos são folhas em brancas e que nossas ideias são inscritas neles diretamente. Só uma pessoa que nunca entrou em uma sala de aula pode pensar nisso. Essa concepção de ensino unidirecional não só é antiquada como demonstra uma certa visão elitista da sociedade e do papel da educação nela. O construir do conhecimento é resultado de diálogo contínuo, é por isso que o pluralismo é um elemento fundamental para a formação de cidadãos mais completos e ativos. Agora, uma vez formalizada a conclusão do projeto, cabe a nós a desobediência e resistência no interior de cada uma de nossas aulas em cada sala que entremos – dentro dos limites e possibilidades de cada um é claro, todos nós precisamos de nossos empregos.

      Abraços.
      Arnaldo Lucas Pires Junior

      Excluir
  35. Boa noite. O tema debatido em questão é muito importante, pois defende muito mais que a simples reprodução de fatos históricos cristalizados numa aula de história sem nada de novo ou de real relevância pra oferecer ao aluno. Acredito firmemente que a retirada do ensino histórico em sala de aula ocasionará grande perda na formação da criticidade e do pensamento autônomo dos alunos. Por isso pergunto aos autores, quais seriam as principais consequências sociais diante de uma possível inevitabilidade da aplicação da "Reforma"?

    Suellen de Lima.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Suellen obrigado pela pergunta e pela oportunidade do exercício de futurologia! (rs)
      Acredito que o pior que possa acontecer à “uma geração sem história” – para aludir ao
      título do texto – é uma incapacidade de localizar-se sócio/espaço/temporalmente no conjunto das lutas e dos desafios que a humanidade tem enfrentado. A repressão do
      posicionamento político que surge desse movimento de tomada de consciência de si
      diante do mundo é talvez uma das maiores violências que se pode cometer contra uma
      geração. O futuro nos cobrará isso, uma geração sem história é uma geração que não conhece o seu lugar no mundo e o que fazer para lutar por um mundo melhor.

      Abraços.
      Arnaldo Lucas Pires Junior.

      Excluir
  36. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.