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André Ricardo; Paula Ricelle

A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE HISTÓRIA: DESAFIOS E PERSPECTIVA DO MERCADO DE TRABALHO NO BRASIL – RELATOS DE UM MINICURSO
André Ricardo Barbosa Duarte
Dnt. UFMG
Paula Ricelle de Oliveira
Dnt. CEFET-MG

Essa comunicação tem por objetivo relatar as atividades desenvolvidas no minicurso “A formação do profissional de história: desafios e perspectivas do mercado de trabalho no Brasil” ofertado no V Encontro de Pesquisa em História (EPHIS/2016), que proporcionou importantes debates entre os participantes sobre a profissão do professor (a) de História e do Historiador (a), tendo em vista as demandas e atuação no mercado de trabalho.
A ideia de ministrar um minicurso sobre as profissões do historiador (a) no V EPHIS/2016, nasceu dentro do próprio evento que ocorreu no ano anterior. O EPHIS iniciou em 2012 por meio de iniciativas dos discentes do departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e tem por objetivo promover o intercâmbio e diálogo entre os pesquisadores de História do país. Por ser um evento organizado por e para estudantes, recebe número expressivo de inscrições de graduandos. Participamos do encontro em 2015 e, ao assistir a apresentação de trabalho desses discentes, percebemos inquietações quanto ao planejamento de sua formação já no inicio do curso, pois ao ingressar na graduação em História os discentes se deparam com a necessidade de definir sua trajetória de formação acadêmica entre optar pelo currículo do bacharelado e/ou licenciatura.
Nesse sentido elaboramos o minicurso A formação do profissional de história: desafios e perspectivas do mercado de trabalho no Brasil” com objetivos de discutir sobre a profissão do professor (a) de História e do Historiador (a) à luz das demandas do mercado de trabalho no Brasil. Ao graduar em História quais são as possibilidades e nichos de mercado para esses novos profissionais? Quais são as demandas e exigências do mercado para ingresso e permanência na profissão? Essas foram às questões que nortearam o nosso minicurso.
O minicurso foi ofertado em dois dias totalizando seis horas de duração. Dentro desse espaço foi possível apresentar e discutir a situação atual do mercado para professor (a) de História e Historiador (a), traçando a memória de formação do trabalho docente no Brasil e a trajetória de reconhecimento do historiador como profissão.
Logo no inicio nos deparamos com um problema, a falta de referências bibliográfica sobre o tema, pouco são as pesquisas que aceitam o desafio de discutir o mercado de trabalho para o professor (a) de História e o historiador (a). Assim, apoiamos o nosso trabalho nas poucas pesquisas disponíveis e levantamos dados e fontes que nos auxiliaram na construção da proposta.
Desta maneira, o percurso formativo da proposta abordou um conjunto de dados obtidos pelo Censo da Educação Básica e do Ensino superior elaborado pelo Instituto de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), bem como recentes pesquisas, tais como Alves e Pinto (2011); Cara (2011); Gatti Barreto (2009) e Gatti (2010; 2011) e Oliveira (2010; 2011) que apontam para a escassez de docentes nas redes públicas e privadas e as condições de trabalho desses profissionais.
Também, foi abordada é discutida a trajetória e memória dos projetos de lei tramitados nas instâncias legislativas nacionais, com foco no Projeto de Lei nº 4.699/2012, que tem o objetivo de reconhecer e regulamentar o métier do historiador, logo os espaços de atuação. Para tanto, consultamos a página da Câmara dos Deputados a fim de traçar o percurso do PL, bem como os autores Margarida Maria Dias Oliveira (2004); André Castelo Branco Machado (2010), que contribuíram para o debate a cerca do projeto, além de alguns sites que abordavam o tema. Anthony Grafton; Jim Grossman (2011) e James M. Banner JR. (2012) nos auxiliaram na discussão teórica.
Como uma das propostas do minicurso é apresentar as diversas possibilidades de inserção do historiador no mercado de trabalho para além da atividade docente, executamos um levantamento de concursos públicos no Brasil com demandas de vagas para historiador (a). Desta maneira, realizamos buscas no site PCI-Concursos em maio de 2016, com a palavra chave “historiador”.  Foram encontrados 37 editais de concursos públicos publicitados no período de 2010 a 2016, com isso foi possível trabalhar dados a respeito de vagas para historiador no mercado de trabalho no Brasil.
Com intenções de levantar dados que nos leve a entender quais são os interesses dos participantes em relação ao mercado na área de História, solicitamos que eles respondessem um questionário com cinco perguntas objetivas, sendo três fechadas e duas abertas.
As duas primeiras questões tinham o intuito de levantar informações quanto a atual formação do respondente em relação ao curso de História. Já as outras questões buscavam perceber a atuação profissional e suas expectativas em relação ao mercado de trabalho. Foi possível coletar 17 questionários. Entretanto, mesmo não sendo solicitada a identificação, 03 deles não autorizaram o uso das informações, sendo esses excluídos da amostra.
Assim, com base nas respostas dos 14 participantes, obtivemos os seguintes dados: 11 estão com o curso em andamento; 03 são formados em História; 11 optaram pela licenciatura; 02 possuem ambas as formações (licenciatura e bacharel); 01 não informou sua opção de formação.
Na questão 03 perguntamos aos respondentes se eles atuam no campo da História, 08 afirmaram que sim e os outros 06 assinalaram o não. Na sequência solicitamos, em questão aberta, qual a atuação profissional no momento. As respostas demonstraram que 06 participantes lecionam História; 03 são estudantes; 02 se dedicam a iniciação científica; 01 trabalha com teatro; 01 afirmou não estar atuando; e 01 não respondeu.
Na questão 05, perguntamos quais são as intenções para atuar no mercado de trabalho na área da História. Optamos por colocar essa questão em aberto, pois consistia em uma das propostas do minicurso discutir sobre as possibilidades de mercado para quem possui o diploma em História. Dessa forma, os respondentes colocaram mais de uma opção, e foi possível obter os seguintes resultados: 08 pretendem exercer a docência na educação básica; 02 no ensino superior; 04 no magistério, sem especificar em qual nível. Em relação ao exercício da pesquisa como atividade profissional, foi a opção de 04 dos informantes.
Esses dados levam a várias discussões e suscitam outras questões.  A priori, é importante ressaltar que o fato de grande parte dos respondentes estarem com o curso em andamento se deve ao contexto no qual o questionário foi coletado. O EPHIS é um evento que acontece anualmente e recebe um número significativo de inscrições por parte dos graduandos em História. Ademais, vale observar que a opção expressiva pela licenciatura ocorre, pois, na UFMG, ao fazer a matrícula, o aluno é direcionado para a licenciatura. Porém, durante a graduação o estudante pode optar pela troca para o bacharelado, já que no início do curso as disciplinas são as mesmas, ou, ainda, podem ser cursadas como complemento à formação após a obtenção da primeira opção. Então, como o EPHIS acontece dentro da UFMG, consequentemente grande parte dos participantes desse levantamento são dessa instituição.
É considerável o número de respondentes que atuam no campo da História, tendo em vista que a grande maioria dos respondentes, 11 no total, declarou estar com a graduação em andamento. Outro fator que nos chama a atenção concentra-se na intenção de atuação desses sujeitos, ao responder a questão 05, que se configura de forma aberta. Foi possível constatar que todos têm pretensão de seguir na carreira docente, independente do nível de ensino. Por outro lado, não foi constatada em nenhum questionário a pretensão de atuar no campo, como o da preservação patrimonial, documental, entre outros, que vão além da docência e pesquisas acadêmicas.
Durante toda a apresentação do minicurso optamos por deixa-lo aberto a qualquer interferência dos cursistas, assim foi possível obter uma dinâmica mais interativa e colaborativa. Dessa forma concluímos que a realização do minicurso parece ter cumprido o objetivo inicial apresentado na proposta do evento, ou seja, proporcionado o debate e reflexão sobre a profissão do professor (a) de História e do Historiador (a).
O interesse dos cursistas sobre o tema impulsionou a formação de um grupo no Facebooknomeado “Historiadores profissionais” com objetivos de divulgar vagas de estágios, empregos, concursos... entre outros para os portadores de diploma de História.  Também buscamos divulgar eventos, palestras, artigos, cursos, exposições... na área de história e ciências humanas. É nosso foco, também, expor e divulgar leis, decretos, normas, resoluções... que giram em torno da nossa profissão.
Com as vagas esgotadas, esse ano iremos novamente ofertar o minicurso no EPHIS/2017 com uma nova roupagem e um grande desafio: a reforma do ensino médio. Também iremos apresentar um trabalho para divulgar o tema e a nova coleta de dados que já estamos realizando. A intenção dessa comunicação no 3º Simpósio Eletrônico Internacional de Ensino de História é expor a necessidade de abordar esse tema e ampliar o leque de discussão.

Referências bibliográficas
ALVES, Tiago; PINTO, José. M. R. Remuneração e características do trabalho docente no Brasil: um aporte. In. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 41, n. 143, maio/ago. 2011. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742011000200014> . Acesso em 07 de novembro de 2016.
BANNER JR., James M. Being a Historian. An Introduction to the Professional World of History. Nova York: Cambridge University Press, 2012.
BRASIL, Câmara dos Deputados. Projeto de lei nº 4.699-c de 2012 do Senado Federal
(PLS Nº 368/09 na casa de origem). Dispõe sobre a regulamentação da profissão de Historiador e dá outras providências.
CARA, Daniel Tojeira. O custo da qualidade (Educação Básica). Brasília, 2011. Disponível em: < http://www.cartacapital.com.br/educacao/carta-fundamental-arquivo/o-custo-da-qualidade> . Acesso em 07 de novembro de 2016.
GATTI, B. A.; BARRETO, Elba. S. S. Professores do Brasil: impasses e desafios. Brasília: UNESCO, 2009. Disponível em < http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001846/184682por.pdf> Acesso em 07 de novembro de 2016.
GATTI, Bernardete A. Formação de Professores no Brasil: Características e Problemas. In. Educação e Sociedade, Campinas, v. 31, n. 113, p. 1355-1379, out.-dez. 2010. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/es/v31n113/16.pdf>.  Acesso em 01 de abril de 2012.
GRAFTON, Anthony; GROSSMAN Jim. No more plan B. Perspective on History, 2011. Disponível em < http://www.niu.edu/history/docs/graddocs/NoMorePlanB.pdf> Acesso em maio de 2016.
OLIVEIRA, Dalila Andrade. Os trabalhadores da educação e a construção política da profissão no Brasil. In. Educar em Revista, Curitiba, nº especial, p. 17-35, 2010. Editora UFPR.
OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de. Licenciado em História, bacharel em História, Historiador: desafios e perspectivas em torno de um profissional. Revista História Hoje. São Paulo, n 4, 2004.
MACHADO.  André Castelo Branco. Contribuições ao debate sobre a regulamentação da profissão de Historiador. Revista Espaço Acadêmico. nº 113. 2010.


19 comentários:

  1. Bom dia, Dnt. André Ricardo e Dnt. Paula.

    Parabenizo pelo tema abordado. Como vocês indicaram, a preocupação com uma colocação no mercado de trabalho não se restringe aos graduandos, mas atinge a todos/as profissionais de História (licenciados ou bacharéis e pós-graduados).

    Me formei em 2015, estou concluindo uma especialização e iniciando o mestrado e, como muitos colegas aqui no Rio de Janeiro não consegui até o momento nenhuma vaga como professora.

    Além das poucas vagas nos concursos públicos, a precarização do trabalho do professor é uma realidade assustadora. Quem está empregado faz malabarismos para dar conta de 9 turmas ou mais, espalhadas entre 2 e 3 escolas em diferentes pontos da cidade, tudo para que no final do mês as contas estejam em dia.

    As discussões em torno da BNCC, do programa Escola Sem Partido e a aprovação da Reforma do Ensino Médio contribuem para uma perspectiva de futuro nada otimista (para não dizermos outra coisa). Seja no mercado de trabalho ou em nossa formação (pois vão atingir o nosso currículo), estas mudanças em curso já estão sendo sentidas (vide os vários processos contra professores). E, se ainda não fosse o bastante, ainda passamos por uma crise política e econômica horrorosas.

    Diante deste quadro e considerando as análises da pesquisa e dos textos legais realizadas por vocês, o que podemos esperar? Existe algum indicativo de que haja uma abertura/ampliação de postos de trabalho em História? Pergunto isso, porque vejo muitos/as graduados/as (como eu) que por não conseguirem uma colocação no mercado, estão cada vez mais resolutos em continuar investindo na área.

    Abraços,
    Danielle da Costa

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    1. Olá Danielle! Pensamos que esse é um tema necessário e pertinente ao contexto político educacional em que estamos vivendo, sobretudo por todas as colocações que você fez, por isso optamos por aborda-lo. Esse ano vamos ministrar o minicurso tendo tudo isso em mente, é impossível desvencilhar nossa profissão dessas questões. Porém, acreditamos que ainda é cedo para que possamos tecer algumas conclusões sobre o impacto dessas leis na nossa profissão, mas sabemos que não é em nada um cenário otimista para os professorxs em geral e, especialmente para nós, professorxs de História. Se tratando da profissão do historiador, o Projeto de Lei nº 4.699/2012, que tem o objetivo de reconhecer e regulamentar a profissão do historiador e seus espaços de atuação prevê no artigo 6º que as entidades que prestam serviços em história ofereçam vagas aos (às) historiadores (as). Isso significa que museus, arquivos, instituições culturais e turísticas, entre outros, deverão, obrigatoriamente, contratar esses profissionais. Nessa perspectiva, poderá acontecer uma elevação na demanda para atuar em outros campos para além da pesquisa acadêmica e o ensino na educação básica e superior. Porém, sabemos que essa é uma medida que não condiz com o governo golpista que rege nosso país, por isso não precisamos esperar muito.

      Não estamos aqui para desanimar os diplomados em história (pois nós também somos), mas para debatermos a situação da nossa profissão, precisamos pensarmos e lutarmos juntos pelo direito a história e a nossa profissão.

      Agradecemos sua leitura e contribuição!

      André Ricardo Duarte e Paula Ricelle de Oliveira

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  2. Boa noite, Dnt. André Ricardo e Dnt. Paula.

    No início do texto vocês falam o seguinte:"Logo no inicio nos deparamos com um problema, a falta de referências bibliográfica sobre o tema, pouco são as pesquisas que aceitam o desafio de discutir o mercado de trabalho para o professor (a) de História e o historiador (a)." Na opinião de vocês, a que se deve essa falta de interesse de pesquisadores no tema?

    Abraços
    Beatriz Rosa.

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    1. Olá Beatriz! Obrigado (a) pela pergunta. É difícil mensurar a falta de interesse em pesquisar determinado tema. Ao fazer o levantamento bibliográfico sobre a profissão do historiador (a) percebemos que há um debate no que diz respeito ao Projeto de Lei nº 4.699/2012 e evidência provocações para debates da profissão do historiador em seus aspectos de regulamentação, criação de marcos legais e como se estrutura (ou deve se estrutura) o mercado de trabalho para os graduados e pós-graduados, porém é restrita as publicações no que se refere ao mercado para esses profissionais. Contudo, percebemos, também, o grande interesse dos graduandos sobre o tema, um bom indicador que podemos apresentar é a demanda para o minicurso que ministramos no V Encontro de Pesquisa em História (EPHIS) promovido pela FAFICH/UFMG em 2016. Nessa ocasião, houve um número significativo de cursistas nesse minicurso e, para o VI EPHIS/2017 que ocorrerá em maio desse ano, quando novamente vamos ministrar o minicurso, as vagas estão esgotadas. Dentro das leituras que realizamos, os autores Grafton e Grossman (2011) nos ajudam a responder sua pergunta. Eles afirmam que alertam seus alunos que há alternativas às carreiras acadêmicas e os advertem a desenvolverem um “plano B”, “há muitas maneiras de ser um historiador, há muitas maneiras de aplicar o que você aprendeu para uma carreira." (Grafton e Grossman, 2011 s/p). Muitos entendem o exercício da profissão de historiador (a) limitado à academia e pesquisa, aqueles que extrapolam essa fronteira e carregam o que aprenderam para o mundo dos negócios são vistos “como tendo cruzado a linha da luz da investigação humanística na escuridão do capitalismo sujo” (Grafton e Grossman, 2011 s/p), como se a vida acadêmica estivesse isenta de amarga concorrência, afirmam os autores. Com essa colocação percebemos que a falta de interesse pelo tema pode ser entendida na perspectiva de que ser historiador (a) se limita a academia (fazer pesquisa e lecionar), extrapolar essas barreiras é deixa de ser um (a) profissional da história, sendo que há um mercado que cabe aos historiadores explorar, tais como editoras, centros culturais, turismo, marketing ... que não é bem vista pelo mundo acadêmico. Em relação a ausência de pesquisas sobre ao mercado de trabalho para o professor de história, destacamos que por se tratar de uma área de conhecimento que está no campo das licenciaturas, pesquisas como as condições de trabalho docente, identidade docente e ensino acabam por abarcar esses profissionais e apresentar indicadores que são extensivos aos docentes de história. Agora, acreditamos que com a proposta da reforma do ensino médio, onde a história passa a ser uma área do conhecimento de curso facultativo, surge a necessidade de discutir quais serão os impactos na demanda por vagas para esses profissionais nas redes públicas e privadas de educação básica.
      André Ricardo Duarte e Paula Ricelle de Oliveira

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  3. No cenário atual brasileiro, como fica a formação do profissional de história?
    Adriana Barbosa Santos

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    1. Adriana, obrigado (a) pela sua leitura e contribuição no debate. Não temos o objetivo de trabalhar a formação do profissional de história, porém ao abordar o mercado de trabalho acabamos esbarrando nessa questão. Diante desse complexo cenário político que estamos vivendo é difícil mensurar alguma conclusão. Contudo, é impossível não abordar o tema, acreditamos que ainda é cedo para tecer algumas conclusões do impacto dessas reformas (do ensino médio, escola sem partido, previdência, terceirização ...) na nossa profissão, mas sabemos que não é em nada um cenário otimista. Precisamos debater essas questões e aprofundar a discussão para juntos enfrentarmos essa situação.
      André Ricardo Duarte e Paula Ricelle de Oliveira

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  4. Boa tarde, parabéns aos autores pela temática do mini curso. Gostaria de saber se depois de fazerem esse mini curso e se aprofundar um pouco mais nos pontos críticos tanto para quem é professor, quanto para quem é historiador, se algum dos membros repensou sua prática profissional?

    Att., Zaqueu Abreu Reis

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    1. Olá Zaqueu! Obrigado pela sua contribuição.

      Na sua pergunta é colocado "se algum membro repensou sua prática profissional?". Acredito que você se refere aos cursistas e quando coloca a "prática profissional" vamos construir nossa resposta em dois aspectos: 1º Atratividade da carreira; 2º Prática de ensino e pesquisa. Partindo disso, podemos afirmar que o cenário de precarização do trabalho docente, sobretudo nas redes públicas de educação básica, provoca ansiedade em todos aqueles que cursam as licenciaturas. É fato que a remuneração e as condições de trabalho não têm atraído jovens para as cadeiras de licenciatura e isso reflete na alta faixa etária dos docentes em atividade nas redes municipais e estaduais. Tivemos muitos cursistas jovens nessa oportunidade. Muitxs alunxs da graduação em História da universidade que promove o evento. E boa parte manifestou, pelo que extraímos das respostas do questionário aplicado, interesse em continuar no curso e lecionar. Portanto, esperamos e desejamos muitos que esses jovens ingressem na docência para dar folego aos sistemas públicos de ensino.
      Considerando sua pergunta, a partir do 2º aspecto de nossa compreensão, não podemos afirmar se houve ou não mudanças, pois tratamos e debatemos um universo de dados e informações bem focados na regulamentação da profissão e nas condições de trabalho docente. Tratamos sobre carreira, jornada de trabalho, remuneração, campos de atuação, etc.
      Agora, se na pergunta a palavra “membros” se referir aos ofertantes do curso, podemos responder que os dois autores continuam firmes e atuantes no campo da educação. A professora Paula Ricelle após a conclusão da graduação em História (PUC/MG), concluiu o mestrado em Linguagens (CEFET/MG) e nesse momento cursa o doutorado (CEFET/MG) com pesquisa voltada para a educação nos aspectos relacionados ao uso do livro de didático de História em escolas públicas e leciona na rede estadual de educação de MG. Eu, professor André Ricardo Duarte que por ora envio essa resposta, graduei em História (PUC/MG), conclui o mestrado em educação (UEMG), curso o doutorado também em educação (UFMG) e leciono na rede pública municipal de Contagem/MG. Seguimos aprendendo e militando na educação pública.
      Obrigado,
      Abs.

      Paula Ricelle Oliveira
      André Ricardo B. Duarte

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  5. Quero parabenizar a todos pela excelente iniciativa. Vendo todas as colocações questiono: O que caracteriza o historiador como professor ou professor como historiador ? É possível diferenciar ?

    Maria Elma de Lima Agostinho

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    1. Olá Maria Elma! Que bom que você gostou da proposta! Obrigada (o) pela leitura e contribuição! Sua pergunta é bastante pertinente uma vez que a ideia do minicurso nasceu com essa indagação, pois, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ao fazer a matrícula, o aluno é direcionado para a licenciatura. Porém, durante a graduação o estudante pode optar pela troca para o bacharelado, já que no início do curso as disciplinas são as mesmas, ou, ainda, podem ser cursadas como complemento à formação após a obtenção da primeira opção. Dessa maneira, percebemos que os graduandos tinham muitas dúvidas de qual opção seguir. No nosso minicurso mostramos para eles quais as possibilidades de mercado para cada formação, porém, também, deixamos claro que uma opção é completamente dependente da outra. Não tem como ser professor sem ser pesquisador, nesse momento é oportuno destacar que as palavras de Lerbert quando diz: “[...] caso se queira que os professores ensinem de outra maneira é preciso que eles tenham vivido dolorosa e tragicamente a situação da pesquisa” (LERBERT, apud Morin, 2002, p.532). Por outro lado, os profissionais da História que não almejam à docência devem ter em mente que muitas das áreas que solicitam historiador precisa dos conhecimentos pertinentes ao âmbito pedagógico, como os museus, editoras de livros e materiais didáticos, centro culturais, entre outros, que requer conhecimento didático da disciplina e preparação para um diálogo com públicos diferenciados. Essa prática é prevista pelas Diretrizes Curriculares dos Cursos de Graduação em História (2001) que propõem que o graduando deverá estar apto ao exercício do trabalho de historiador, com domínio do conhecimento histórico e das práticas essenciais de sua produção e difusão, sendo que a difusão não se restringe ao ato da docência. Assim, entendemos que é difícil caracterizar o historiador como professor ou professor como historiador, pois as formações se complementam.

      André Ricardo Duarte Barbosa e Paula Ricelle de Oliveira

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  6. Parabéns pela coragem de abordar esse tema. Eis uma das questões mais cruciais para o professor licenciado em História. Mercado de trabalho, profissionalização e reformas curriculares que diminuem o espaço, o número de aulas e os salários e ao mesmo tempo, o aumento da jornada de trabalho. Observa-se neste contexto uma desmotivação e abandono profissional nos primeiro anos da docência e um desinvestimento precoce na profissão do professor de História.
    Marcos Lourenço de Amorim

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    1. Olá Marcos! Realmente é um tema muito complexo, mas que precisa ser trabalhado! Agradecemos sua leitura e contribuição!
      André Ricardo Duarte e Paula Ricelle de Oliveira

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  7. Muito legal o seu trabalho. Com essas reformas sendo efetuadas como a PEC do teto e a reforma do ensino médio, a carreira de professor e principalmente de história sofrerá muitas mudanças. O que você pensa sobre esses temas? Acredita num processo de diminuição dos cursos de formação de professores e esvaziamento da disciplina de história nas universidades? Marlon Barcelos Ferreira

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    1. Olá Marlon, obrigada pela leitura e contribuição no debate!
      Acreditamos que ainda é cedo para que possamos tecer algumas conclusões sobre o impacto dessas leis na nossa profissão, mas sabemos que não é em nada um cenário otimista para os professorxs em geral e, especialmente para nós, professorxs de História. Percebemos que aqui em Minas Gerais os cursos de História já vêm sofrendo uma perceptível redução nos últimos anos. Agora esse novo contexto político, também, acreditamos que haverá uma redução de números de ingressos na graduação não só de História, mas de todas as licenciaturas
      André Ricardo Duarte e Paula Ricelle de Oliveira

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  8. Sou Luciano De Sousa Gonçalves, estou no terceiro período do curso de história, e entrando em contato com as disciplinas metodológicas do curso agora, adorei o texto e ficaria muito feliz se os alunos veteranos ou formandos e até professores tivessem está iniciativa de propor um minicurso deste caráter. Em minha experiência até agora no curso vejo de forma obvia que muitos cursos de história se diferem um dos outros conforme as suas grades curriculares. Estou num curso de licenciatura, mas vejo que não são somente as matérias de prática e estágio que vão lhe dar base e consistência para conseguir vir a ministrar uma aula. A meu ver muitos alunos que estão dentro da graduação em história querem se inserir somente na pesquisa esquecendo-se de fazer um dialogo com a licenciatura que é o objetivo do curso. O curso de história aonde estudo prepara muitos pesquisadores e poucos professores aqueles que realmente querem está em contato com a sala de aula e exercerem a docência, tendo em vista que muitos ao terem contato com a sala de aula pelas primeiras vezes têm um grande baque e vêem que o curso não os preparou em grande parte para a sala de aula fazendo com que venham a desistir do curso. É claro que temos os programas de iniciação a docência o PIBID, porém nem todos podem vim a ter acesso, pois como todo processo seletivo ocorre uma seleção com os alunos que estão com o coeficiente maior. Minha colocação é e corrija-me, por favor, se estiver errado, é que alguns cursos de licenciatura em história estão preparando exímios pesquisadores deixando de se preocupar tanto com a docência, deixando agora uma pergunta, o que realmente deve ser feito para que isso não venha a acontecer? Uma mudança nas grades curriculares ou vir do aluno o interesse de está em contato com a sala de aula e vir a procurar escolas para que possa vir a ter está experiência de lecionar e observar.

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    1. Olá Luciano, obrigada pela leitura e participação no debate!
      A academia é, ainda, muito engessada para esse tema. Considerando historiador apenas aquele que está no mundo acadêmico. Defendemos a necessidade de se discutir os currículos dos cursos de graduação em História e a formação do (a) historiador (a) e professores (as), refletindo sobre suas práticas e possíveis inserções no mercado de trabalho. Não é intenção do nosso trabalho estabelecer métodos e critérios para o currículo de graduação em História, mas sim provocar a discussão da necessidade de reconhecer os distintos saberes e habilidades cabíveis a esses futuros profissionais. Porém, também, acreditamos que a nossa formação não deve advir somente da academia, a nós cabe a complementação na prática da profissão.
      Paula Ricelle de Oliveira e André Ricardo Duarte

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  9. Boa tarde, sou aluno do quinto período de história, fico muito preocupado com todas essas mudanças que ocorrem em nossa sociedade. No que diz respeito a graduação de história, sinto que as instituições de ensino deveriam trabalhar essa relação do historiador e as possibilidades no campo de atuação, geralmente quando ingressamos no curso de história parece que as únicas opções de atuação do historiador se limitam ao magistério e o trabalho de pesquisador.
    A pergunta que faço é, as instituições de ensino tem um o papel de esclarecer sobre essas possibilidades de áreas de atuação, ou a elas cabem apenas a função de capacitar por meio do conteúdo curricular do curso?

    Att.
    Josué Ribeiro Ventura.

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    1. Olá Josué, obrigada pela leitura e participação no debate!
      Defendemos a necessidade de se discutir os currículos dos cursos de graduação em História e a formação do (a) historiador (a) e professores (as), refletindo sobre suas práticas e possíveis inserções no mercado de trabalho. Não é intenção do nosso trabalho estabelecer métodos e critérios para o currículo de graduação em História, mas sim provocar a discussão da necessidade de reconhecer os distintos saberes e habilidades cabíveis a esses futuros profissionais. Nessa perspectiva, as instituições estarão não só esclarecendo sobre as possibilidades de mercado de trabalho, bem como capacitando o acadêmico com seu conteúdo curricular.
      Paula Ricelle de Oliveira e André Ricardo Barbosa Duarte

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