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Anderson Carlos

OS JOGOS ELETRÔNICOS COMO ALIADOS NAS AULAS DE HISTÓRIA: AGE OF EMPIRES E EUROPA UNIVERSALIS SÃO BONS EXEMPLOS
Anderson Carlos Meira Rodrigues
UFPE

“De acordo com dados recentes, desde 2002, a indústria dos jogos digitais vem superando o cinema, música e livros – o que a coloca como principal referência no setor de entretenimento” (ARRUDA, 2009, p. 12). O jogo eletrônico apesar de muito venerado na contemporaneidade ainda não é utilizado entre os professores com tanta avidez. Além disso, boa parte de professores, sejam de antigas ou novas gerações percebem o jogo eletrônico como algo “corruptível”, o qual impede em muitos momentos o aluno de se interessar pelo estudo proposto na escola. Neste sentido podemos acreditar que apesar desta visão negativa de muitos a respeito dos jogos eletrônicos este recurso pode nos proporcionar grandes resultados pedagógicos.
Este trabalho nasce das minhas experiências no estágio de prática de ensino na disciplina de história do Colégio de Aplicação, localizado na Universidade Federal de Pernambuco.  A turma que me inseri para a intervenção pedagógica foi o 7° ano, que tinha em sua unidade a incumbência de estudar a colonização na América durante a Idade Moderna. Para trabalhar a temática, resolvi utilizar os jogos eletrônicos Age Of Empire e Europa Universalis.
O fato dos jogos eletrônicos não serem explorados por professores com muita frequência, faz com que o próprio alunado perceba tal prática como um entretenimento fútil. Desta forma, para utilização dos jogos Age Of Empires III e Europa Universalis IV na sala de aula foi importante, desde o principio, demonstrar aos alunos que aquilo não se tratava de uma mera diversão. Assim, a sala foi dividida em grupos, ou melhor, foi produzido uma espécie de um contrato, o qual os alunos foram inseridos em um mundo historiográfico, ou seja, tornaram-se estagiários cujo a sua função seria a vanguarda de analisar documentos históricos ainda não analisados na escola: os jogos Age Of Empires III e Europa Universalis IV.
O critério para divisão dos grupos foi o sorteio. Esta estratégia deveu-se ao fato para que aumentassem as chances de integrações entre grupos na sala de aula, já que pouco se integravam. Dividido os grupos e assinado o contrato pedagógico foi solicitado que os alunos jogassem os jogos eletrônicos citados desde a primeira aula, além de que demonstrassem suas considerações acerca destas primeiras impressões. Ficou constatado, nas primeiras impressões a falta de uma visão de historicidade dos alunos, com isso, esta foi a oportunidade de situá-los no tempo e no espaço que os jogos se inserem, claro, com as ressalvas necessárias.
As explicações de colonização, feitoria, pirataria, a religião, o pacto colonial (relação entre a metrópole e a colônia) dentre outros, que são tão importantes nas aulas sobre as grandes navegações da Idade Moderna, foram trabalhados a partir dos jogos. Além disso, os acordos/desacordos políticos e as rivalidades entre as nações navegadoras europeias, somado ao comércio, as dificuldades de povoamento (provisões, conquista, moradia...), o trabalho e o papel do colonizador, temas já discutidos habitualmente nas salas de aula são representados de uma maneira interessante no jogo.
O jogo e a história sempre estiveram interligados. Muitos são os jogos que buscam de alguma maneira recriar o passado como uma representação eletrônica. Trabalhar com jogos em aulas de história, sem dúvida, representa um projeto de interdisciplinaridade. Podemos constatar que os jogos eletrônicos como uma das formas de reflexo do saber histórico, cujo suas bases podem estar longe do ambiente escolar, ou seja, estaria inserido a ideia de que a história transcende os espaços tradicionais de conhecimento e ensino.
O jogo eletrônico, como estratégia pedagógica poderá ajudar ao professor, dentre outras coisas, para manter alunos motivados. “A ação pedagógica por meio de projetos supõe primeiramente que os alunos estejam motivados, envolvidos, quer individualmente, quer em grupo (...)” (FONSECA, 2009). Acreditamos, sinceramente, que o jogo eletrônico pode ter o poder de aproximar os conteúdos ministrados em aula com o alunado, já que se trata de um grande entretenimento atual.  Esta experiência pedagógica proporcionou uma motivação por boa parte dos alunos. Verificamos que a utilização dos jogos eletrônicos proporcionou a integração e a participação na sala de aula com alguns alunos, que até então possuíam um histórico de pouca interação no espaço escolar.
Os jogos eletrônicos como material pedagógico pode ser considerado ainda algo a se explorar. Concluímos que a utilização deste artificio representa um grade desafio que proporciona a classe docente sair de uma “zona de conforto”. Os jogos eletrônicos com toda certeza é um grande equipamento pedagógico, tendo a necessidade deste reconhecimento pela classe docente. No caso mais especifico do ensino de história na educação básica, os jogos eletrônicos, podem servir como uma materialização do passado, no sentido da representação do mesmo. É bastante obvio que o jogo jamais representará o passado real, tão buscado por muitos historiadores, no entanto, este artificio demonstra como aquele fato histórico é representado e o imaginário que ele proporciona.

Referências Bibliográficas
ARRUDA, Eucidio Pimenta. Jogos digitais e aprendizagens : o jogo Age of Empires III
desenvolve ideias e raciocínios históricos de jovens jogadores? Tese de Mestrado, UFMG/FaE, 2009.
AMARAL, Ricardo Ribeiro; PACHECO, Soênia Maria. Roleplayng game e excursões didáticas: extrapolando os muros da escola. In: Rosa, Adriana Letícia Torres da. e Barros, Natália Conceição Silva (Org) Ensino e Pesquisa na Educação Básica: abordagens e tecnologias. Recife, Editora Universitária da UFPE.
FONSECA, Selva Guimarães.Didática e pratica de ensino de história: Experiências, reflexões e aprendizados. 9ed.Campinas, SP: Papirus, 2009.
AGE OF EMPIRES III (versão em português). United States of América, Microsoft Corporation, 2005.
EUROPA UNIVERSALIS III. Suécia: Paradox Interactive, 2007.


60 comentários:

  1. Bom dia. Qual foi sua maior dificuldade no quesito "interação do aluno" ?.... Houve apoio total e irrestrito por parte da Instituição de Ensino onde o projeto foi aplicado ?... Wendell D. Rodrigues

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    1. Olá, Welndel obrigado pela sua pergunta. Veja a maior dificuldade foi transformar partes dos jogos em vídeos, o qual mostrava em sala com o auxilio de um data show. Outra dificuldade foi para que uma parte dos alunos conseguisse instalar estes jogos em seus computadores pessoais. A instituição que apliquei este jogo foi bastante solicita. Trabalhei este projeto no Colégio de Aplicação da UFPE onde fui estagiário da turma de 7° ano. Por se tratar de um colégio criado para inovações e para formação de professores os alunos já eram acostumados a novos projetos. Também contei com uma ajuda fundamental da minha supervisora de estágio.

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    2. Certo. Obrigado pelos esclarecimentos. Wendell D. Rodrigues

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  2. Olá Anderson,
    Parabéns pelo trabalho. Gostaria de perguntar como pensas a questão da infraestrutura necessária para a aplicação dos jogos eletrônicos como ferramentas de ensino. Em outras palavras, dada a necessidade de compra de licenças, disponibilidade de computadores ou tablets, em contraste com a precariedade de nossas escolas, quais seriam as alternativas, no teu ponto de vista??

    Israel da Silva Aquino
    Mestrado em História - UFRGS

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    1. Olá Israel, obrigado.
      Sobre a pergunta, a infraestrutura é uma grande dificuldade para a implantação destes jogos. As licenças dos dois jogos nem custam altos valores, já que são jogos pouco procurados e, além disso, um pouco antigos. O que pesa de fato é a escola possuir computadores para todos os alunos. Minha saída na época foi utilizar vídeos dos jogos existentes no you tube. Sobre a precariedade da escola pública, acredito que se os nossos governantes olhassem com mais importância a educação no Brasil, perceberiam que os jogos eletrônicos poderia se tornar um grande aliado na educação.

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  3. Oi Anderson! Levando em consideração que usar jogo eletrônico como recurso pedagógico não é comum entre professores, quais foram as reações dos mesmos diante desta atividade? Houve interesse em saber como se articulam os encaminhamentos dos jogos com as reflexões históricas?

    Ítalo Nelli Borges.
    Doutorando em História - UFU.

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    1. Olá Ítalo, prazer em respondê-lo. Percebi que existia até entre os meus colegas mais novos uma certa resistência. No entanto, contei com o apoio irrestrito da professora que me supervisionou meu estágio o qual apliquei este projeto. Pretendo diversificar o número de jogos e trabalhar com mais temáticas. É bom deixar claro que os alunos analisavam o jogo não como as "verdades" históricas e sim como existia uma tentativa de representatividade de fatos históricos nos jogos trabalhados e o que poderia de haver em interesses nos mesmos.

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  4. Olá Anderson,
    primeiramente parabéns! A sua iniciativa de trabalhar com o jogo eletrônico em sala de aula é fabulosa e inspiradora. No seu texto, você descreve que a utilização desse artifício possibilitou a integração e a participação de alguns alunos, que até então possuíam um histórico de pouca interação no espaço escolar. Esse reflexo positivo também pode ser observado na aprendizagem – construção histórica dos alunos perante a temática trabalhada?

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    1. Sim Kamila. O fato deles perceberem que "em tudo existe História" e principalmente em todos os lugares existem representações históricas, fez com que o alunado se sentisse um grande investigador da historiografia. Percebi que muitos alunos começaram a perceber os interesses que talvez existissem por trás do jogo. Por exemplo, como o indígena é visto no jogo Age Of Empires ou como Portugal já inicia o jogo na Idade Moderna em crise econômica no jogo do Europa Universalis

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  5. Anderson, Gostaria mais de saber quais foram os resultados obtidos com a sua experiência e quais foram as dificuldades encontradas para a realização do projeto


    Estevam Machado
    Mestre e doutorando em história (UFPE)

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    1. Estevam é um prazer lhe responder,
      O maior sucesso foi no que concerne a interação dos alunos e a percepção dos mesmos da importância e praticidade que existe no estudo histórico. Considerando que a história se constrói no presente, os alunos perceberam que os símbolos na história contribuem para uma representação contemporânea. A principal dificuldade foi a resistência de alguns alunos e pais deles.

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  6. Olá Anderson, boa noite!
    Primeiro quero te parabenizar por esse trabalho com jogos e agradecer a sua disponibilidade nesse simpósio. Bom, estou em busca de um material (artigo, livro, dissertação...) que traga mais opções de jogos para outros conteúdos, pois apesar de ter interesse no trabalho com jogos em sala de aula confesso que não tenho muito conhecimento sobre os jogos que podem ser utilizados. Sendo assim, você tem alguma indicação para me ajudar nessa questão?
    Rebeca Manaia de Santana

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    1. Olá Rebeca. Sugiro a utilização de filmes. No entanto, mostrar filmes aos alunos no período da aula percebo como cansativo, além de desperdiçar o pouco tempo que temos nesta carga horária já tão sacrificada. Utilize filmes que eles assistam em casa e tragam análises a respeito. Não se trata de resumos de filmes e sim que eles analisem como o filme se propõe a tratar aquele conteúdo já trabalhado em sala. Caso queira continuar a conversa está aí meu e-mail: andersonmeira.r@hotmail.com

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  7. Anderson,
    Parabéns pelo trabalho e pela iniciativa de trazer elementos mais próximos ao universo dos jovens para o ensino da História.
    A meu ver, uma das principais funções de um professor de História é desmistificar a História no sentido de romper com o senso comum e com falácias históricas, tais como a deificação e a vilanização de personagens históricos e desconstruir falácias que carregam uma carga importante na construção social, como o "descobrimento" da América, por exemplo.
    A partir dessa dinâmica, vejo dificuldades em conciliar a experiência de um jogo sem qualquer dever histórico com a necessidade de apresentar elementos factuais de relevância histórica para os alunos. Uma vez que o jogo não possui qualquer obrigação com a historicidade, inclusive o jogo se apresenta dessa forma, eventos, personagens e demais elementos históricos podem ficar em segundo plano, em detrimento à jogabilidade ou a busca por uma melhor dinâmica de jogo.
    Entendo que o uso de jogos aproxima o aluno e alimenta o interesse pela disciplina, e logo pelo aprendizado; no entanto, não estou certo sobre o bom uso dos jogos, ao menos nos termos em que os mesmos são apresentados.
    Gostaria de saber sua opinião a respeito. Até que ponto os jogos devem ser utilizados, em que medida eles podem ser elementos efetivos no ensino de História e se você enxerga limitações ou formas adequadas de uso?
    Um abraço,
    Eduardo Santos Maia

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    1. OLá Eduardo, ótima pergunta.
      Veja, ao meu ver a ferramenta dos jogos eletrônico não pode ser vista como o grande construtor de verdades históricas. Concordo quando você afirmar que os jogos não possuem compromissos com a historiografia. No entanto, jogos como estes, demonstram bem como os fatos históricos são retratados e representados. Nesse contexto, os jogos servem para demonstrar ao aluno qual a visão/representação histórica temos sobre determinados fatos. Assim, os alunos podem criticamente analisar quem fez os jogos e quais possíveis interesses desta representação. Em suma, o que está debate ao trabalhar os jogos eletrônicos não é o conhecimento histórico que o mesmo pode proporcionar e sim como um documento de análise de como percebemos os fatos históricos.

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  8. Parabéns Anderson, ótimo trabalho. Concordo que há muitos pontos positivos em utilizarmos os jogos em sala de aula. Gostaria de saber se tu analisastes as representações das civilizações apresentadas nos jogos utilizados e suas discrepâncias (ou não) no livro didático da turma?

    Leonardo Moura Campani
    Cursando Especialização em Estudos Culturais - UFRGS

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    1. Olá Leonardo.
      Sobre sua pergunta, analisei bastante estas representações. Principalmente a visão indígena demonstrada no jogo, como também, as representações heroicas de alguns personagens. A medida que vão passando os estágios, o jogo Age OF Empires chega até a luta pela independência dos EUA. Então foi bastante proveitoso demonstrar aos alunos que a história se faz no presente com as interpretações contemporâneas e como coisas como um jogo eletrônico podem contribuir para a formação de uma imagem sobre um povo. Comparei o jogo com o livro didático e outras formas de documentos como artigos e as representações cinematográficas. Caso queira manter contato está aí meu email: andersonmeira.r@hotmail.com

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  9. Anderson, Parabéns pelo seu trabalho!
    Primeiramente gostaria de saber, assim como já mencionado, qual a principal dificuldade para a realização do projeto?
    Segundo, você acredita que teria obtido o mesmo resultado se primeiro tivesse exposto e conteúdo e depois eles tivesse jogado?
    Obrigada,
    Janaina Roberta Lorenzon.

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    1. As principais dificuldades foram a resistência encontrada entre alguns alunos e principalmente pais que percebem os jogos como algo desvirtuoso para o aprendizado. Sobre o resultado, penso que o caminho inverso poderia ser feito. No entanto, o fato de ter mostrado o jogo nas primeiras aulas ocasionou um interesse muito maior entre os alunos, ou seja, motivou e deu certo "fôlego" para toda continuidade do projeto.
      Obrigado Janaina

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  10. Olá Anderson,
    Você utilizou um jogo que eu joguei demais, o Age Of Empires. Ele ainda está amplamente disponível? É possível que os alunos tenham acesso a ele facilmente?

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    1. Olá José.
      Age Of Empires, pelo menos a versão que eu usei está cada vez mais difícil conseguir. Mas com certa habilidade ainda existem dowloads pela internet. Na época disponibilizei o link do jogo e alguns vídeos de tutorias que ensinavam a instalá-lo

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    2. Penso que muitas pesquisas e experiências vão surgir no campo histórico relacionado ao ensino e jogos eletrônicos

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  11. Caro Anderson, parabéns pela proposta! No início do texto, você discorre sobre a visão negativa que algumas pessoas ainda têm a respeito dos games. Gostaria apenas de comentar que, em países como os EUA, os games têm sido utilizados como ferramenta didática pelo menos desde os anos 90. Parece que por aqui alguns tabus persistem ao tempo, mesmo que já tenham há muito sido superados lá fora. Por essa razão a sua proposta é tão importante - para ajudar a quebrar esse tabu que ainda persiste. AGE III é um game fantástico para ser trabalhado em sala de aula, e isso fica claro em seu relato. Você chamou atenção para "a falta de uma visão de historicidade dos alunos", e a partir dessa lacuna você empenhou-se em situá-los no tempo e no espaço do game, fazendo as devidas ressalvas. Uma ressalva que eu gostaria de pontuar aqui, que vale para todos os jogos da série AGE, é a perspectiva externalista do fim de uma civilização. Ou seja, a civilização nasce, cresce e atravessa várias eras (seguindo a periodização da história tradicional) e por fim é destruída pelo inimigo externo. Vale pensar que os primeiros a escreverem sobre a queda de Roma atribuíram-na ao agente externo (a invasão dos povos bárbaros). Posteriormente é que os historiadores se deram conta de que as causas internas também foram determinantes para a queda (como a dimensão do império e a dificuldade de administrá-lo). Você chamou a atenção dos alunos para essa questão? Você considera possível trabalhá-las com eles? Se sim, de que forma?

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    1. Olá Lúcio.
      Sobre sua pergunta eu trabalhei essa questão. O jogo era apenas um elemento que aguçaria a discussão de como os fatos históricos são representados e contribuem para a construção de "verdades" históricas. Aos poucos o alunado foi percebendo essa questão, mas claro, com a ajuda do professor estes foram investigando os produtores dos jogos e suas raízes

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    2. Ótimo ter trabalhado essa questão! Essa ressalva é realmente muito importante. Também é muito bom saber que alguns alunos perceberam por conta própria. Sou fã de AGE desde o game original, que joguei desde o seu lançamento no fim dos anos 90. Inclusive, ultimamente tenho jogado bastante o AGE III... mas comecei a reparar que o game funcionaria melhor se fosse algo como uma mistura de SimCity e AGE. Se a civilização pudesse ser destruída não apenas pelo inimigo, mas por fenômenos naturais, catástrofes, etc. A produção das fábricas poderia cair se os operários entrassem em greve, e as más condições de higiene poderiam causar epidemias que matariam os settlers, por exemplo. O game seria mais rico e uniria a perspectiva externalista e internalista para o fim de uma civilização. Quem sabe tentam algo novo no esperado AGE IV? Acho inclusive que essas possibilidades podem ser trabalhadas com os alunos. Talvez motivando eles a criarem o seu próprio AGE (mesmo que seja de tabuleiro). É só uma ideia. Vale destacar também (você já deve ter feito isso) que o AGE III escolheu para representarem as civilizações monarcas que existiram em épocas distintas, como Elizabeth I (Inglaterra) e Napoleão (França), e mesmo assim eles podem "dialogar" durante o game.
      Parabéns pelo trabalho!

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  12. Thiago Rodrigues Martins3 de abril de 2017 às 22:34

    Olá Anderson,
    queria saber mais sobre o modo em que foi aplicado o uso do Age of Empires. Você disponibilizou em alguns computadores para os grupos no mesmo save interligando em lan, ou então um save por grupo? E compreende mais alguns exemplos de jogos com essa interdisciplinaridade?

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    1. Eu disponibilizei um arquivo e contei também contei com alguns alunos que possuíam facilidades em mexer com esse tipo de tecnologia. Cada aluno jogou individualmente, já outros preferiram ver vídeos do jogo. Podemos manter contato pelo email andersonmeira.r@hotmail.com
      abraços,

      Anderson Carlos Meira Rodrigues, professor de história pela UFPE

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  13. Na sua opinião quais as principais barreiras que impedem que aconteçam aulas como essa? Thaís Jung

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    1. Como disse em outras postagens, a principal dificuldade é a resistência de alguns alunos e pais, pois se trata ainda de uma forma nova de ver jogos eletrônicos que sempre foram vistos como desvirtuadores do conhecimento.

      Anderson Carlos Meira Rodrigues, professor de história pela UFPE

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  14. Poderia dar uma ideia de como trabalhar jogos quando seu conhecimento é muito restrito sobre tecnologia? Acredito que atraia muito mais o interesse dos alunos e possa vir despertar uma consciência histórica e uma visão da realidade mais efetiva. Que recursos buscar e como selecionar esses jogos?
    Sandra Márcia Giaretta

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    1. Olá Sandra. Não é preciso de muito conhecimento de jogos ou de habilidade nos mesmos para utilizar como ferramenta em sala. Existem tutorias como instalar jogos. Sugiro para você que comece com filmes ou mesmo notícias contemporâneas publicadas em jornais e sites para que seja o caminho rumo a despertar o interesse dos alunos. Podemos continuar a conversar por aqui e pelo o email: andersonmeira.r@hotmail.com
      Grande abraço!

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  15. Olá Anderson. A ideia de utilizar os jogos de estratégia em sala de aula foi excelente. Eu de minha parte sempre hesitei usar o Age 3, pelo risco de reproduzir o Etnocentrismo. Gostaria de saber como você conseguiu superar isso.
    Abraço e parabéns
    Isaias

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    1. Olá Isaias
      Sobre o etnocentrismo utilizado no jogo é justamente uma grande chance de abordar a temática. Utilizei os jogos não como verdades absolutas, mas para que os alunos entendessem criticamente como as representações históricas estão arraigadas da visão européia da história

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  16. Olá Anderson! Parabéns pela sua ideia e aplicação desse trabalho em sala de aula! Gostaria de saber qual foi a receptividade dos alunos e principalmente de outras professoras, ou até mesmo da direção, em relação a sua aplicação. Percebi nas suas respostas que você teve apoio da sua supervisora de estágio, contudo, houve mais alguma professora que soube do seu trabalho e qual foi a reação? Abraço!
    Michell Ribeiro Sobral

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    1. Olá Michel, muito obrigado!
      Na escola havia um professor de física que trabalhava com jogos eletrônicos. Ele soube do meu projeto e em um dia conversamos a respeito, mas nada além disso. Recebi alguns elogios a respeito também de outros colegas. No entanto, como a maior parte das escolas, os professores pouco interagem a respeito de projetos interdisciplinar. Penso que poderíamos ter projetos fantásticos se cada professor estivesse em sintonia com estas novas formas de ensino. Sobre o alunado, boa parte esteve atento durante todo o projeto. Notei que isso abriu portas para outros conteúdos que abordei naquele ano.

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  17. Este comentário foi removido pelo autor.

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  18. A ideia de trabalhar com jogos foi muito boa, parabéns. Na sua opinião acredita que os jogos eletrônicos poderiam ajudar, não somente em historia, mas também em outras matérias ?
    Fernando Lazaretti.

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    1. Olá Fernando, muito obrigado.
      Veja, penso que em praticamente todos os estudos podemos adequar esta ferramenta. Lembro que na mesma época que desenvolvi esse projeto um professor de física utilizava outros jogos como ferramenta pedagógica com os alunos de ensino médio. O que deve ser feito é a busca pela inovação e perceber que as mídias e tudo que existe em volta podem ser nossos aliados na construção do ensino.

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  19. Boa noite, concordo plenamente com a utilização dos jogos eletrônicos como uma ferramenta pedagógica dentro da sociedade atual. Mas a escola deveria ter algum suporte quanto a esse novo método de aprendizagem? Qual seria a postura que a escola deveria adotar na utilização dessa ferramenta para que seja bem sucedida?
    Larissa Santos da Silva

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    1. Olá Larrisa
      Veja bem o ideal seria que a escola disponibilizasse computadores em bom estado e um razoável desenvolvimento. No entanto, sabemos que não é a realidade das escolas no Brasil. No situação utilizada não diz uso de nenhum computador, apenas mostrava vídeos do jogo e imagens através de um data show. Os alunos jogavam em casa. Desta forma penso que no caso de Age Of Empires e Europa Universalis não precisamos de uma mega estrutura

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  20. Olá Anderson, primeiramente gostaria de te parabenizar pelo texto e pelo relato de sua experiência. Sou doutorando em História pelo Programa de Pós-Graduação em História Social da UFRJ e também tenho bastante interesse nessa área. Acredito que a utilização de mídias interativas é um campo ainda a ser explorado, tanto para o ensino de História, como você demonstrou, quanto como elemento cultural da contemporaneidade e portanto objeto da própria história. Tal concepção pode mudar a forma como vemos atualmente as fontes históricas, não só adicionando um novo elemento à elas como também inserindo a ideia de interatividade. Sendo assim, minha pergunta vai nesse sentido. Talvez a principal inovação dos games na forma como se consome entretenimento seja a interatividade, diferente de outros elementos culturais, o videogame é interativo e depende do imput do jogador para que a narração caminhe em uma direção ou outra. Assim sendo, você percebeu uma relação mais direta dos seus alunos com os temas trabalhados através dos videogames? Será que o videogame é capaz de demonstra-los que a história é, na verdade, um "universo de possibilidades" que está sendo construído por eles mesmo a cada ação?

    Abraços e parabéns novamente.

    Arnaldo Lucas Pires Junior.

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    1. Bela pergunta Arnaldo e muito obrigado pelo seu reconhecimento do trabalho.
      Se eu pudesse definir a história em uma frase diria: "é a construção das possibilidades do presente", pois a história não é construída no passado e sim das interpretações do presente, sendo assim ele está em constante mudança e isso depende de muitos fatores. Através do uso dos jogos eletrônicos os alunos perceberam que além de um jogo existia naquela plataforma uma das maneiras de explicar fatos históricos e esta estava lotada de interesses e visões do autores do jogo. Podemos perceber, sobretudo pelo eurocentrismo bastante claro do jogo a relação de poder de quem conta a história.
      Podemos manter contato através do e-mail: andersonmeira.r@hotmail.com
      Abraços,
      Anderson Carlos Meira Rodrigues, professor de história pela UFPE

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  21. Olá Anderson,

    Eu gostei muito do seu texto e de como devemos buscar trabalhar com jogos eletrônicos como ferramentas didáticas. Eu comecei a jogar Europa Universalis I na década de 2000 e acompanhei a maioria dos jogos da Paradox (Europa Universalis II, III e IV; Victoria I e II; Crusader Kings I e II). Os jogos desta empresa tem uma função essencial para ajudar na educação dos nossos alunos: a questão de trazer um contexto passado e fazer com que o jogador tenha a liberdade de realizar ações políticas naquele dado momento. No caso do Europa Universalis, ao selecionar a Great Campaign você pode escolher uma dentre todos os reinos e outras unidades no século XV. O jogo possibilita você realizar ações sem um esquema básico da sucessão dos fatos históricos. Isso faz com que os alunos compreenderem que a “lógica histórica” não está presente no momento dos acontecimentos, ela é muito mais uma construção posterior feita pelos historiadores olhando retrospectivamente. Assim, em pleno século XV, a escolha pelo Reino de Portugal e por enfocar as grandes viagens oceânicas, as guerras com Marrocos ou Castela, ou as transações comerciais eram opções que estavam naquele horizonte de decisões políticas. Enfim, penso que Europa Universalis é uma grande lição de como compreender a História.

    Parabéns pelo seu trabalho e gostaria de manter contato com você.
    Lucas Montalvão Rabelo (lucas.montalvao@usp.br)

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    1. Olá Lucas, muito obrigado pelos parabéns.
      O jogo Europa Universalis é ótimo, sobretudo por poder escolher o ano que começa o jogo e então temos uma visão dos problemas da Coroa Portuguesa na Idade Moderna. A principal dificuldade do jogo é a disponibilização. Considero esse jogo entre os melhores, mas com certeza é um dos mais raros.
      Vamos manter contato. Este é o meu email: andersonmeira.r@hotmail.com

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  22. Ana Cristina Cavalcante da Silva5 de abril de 2017 às 17:08

    Parabéns pelo belíssimo trabalho!
    Levando em conta que os jogos são uma forma de entretimento, usando-os como recurso didático seria uma boa alternativa o uso destas ferramentas para o dinamismo em sala de aula e auxilio na construção do conhecimento?
    Ana Cristina Cavalcante da Silva

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    1. Olá Ana, obrigado pelo reconhecimento.
      Manter os alunos motivados é um grande desafio para qualquer professor. Os jogos, dentre outras coisas, ajudaram nesse quesito.

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  23. Um grande professor que eu admiro muito! Parabéns pelo artigo, meu amigo. Sucesso!

    Polyana Neves

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    1. Uma grande pessoa, parabéns a você pela sua grandeza em reconhecer o trabalho das pessoas. Te admiro muito!

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  25. Luciano Pereira de Souza Júnior6 de abril de 2017 às 13:34

    Boa tarde Anderson!
    Em primeiro lugar parabéns pelo seu trabalho, você deve estar notando a importância e relevância dele pela quantidade de comentários, qualquer professor que tenta ensinar algum tema utilizando um ferramenta comum do cotidiano dos alunos, merece destaque.
    A maioria dos jovens professores encontram essa dificuldade quando entram na faculdade, a maioria dos professores acham que os alunos devem se adaptar a sua metodologia, e não construir uma metodologia que aproxime ele dos alunos.

    Pergunta: Como você tentaria utilizar essa metodologia usando jogos eletrônicos, em uma sala com alunos de classe baixa, na sua concepção seria possível trabalhar esse tema com a mesma qualidade em escolas de comunidades carentes?

    Parabéns pelo trabalho Anderson, está perfeito!
    Abraços e sucesso

    PS: eu passo vídeos do Assassin's Creed Brotherhood quando vou falar de Renascença com os meus alunos.

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    1. Olá Luciano, obrigado pelo reconhecimento do trabalho.
      Olha sobre sua pergunta eu acredito que é possível também utilizar este tipo de ferramentas entre um alunado de um poder aquisitivo menor. Hoje os jogos eletrônicos se trata de uma realidade entre todas as classes. Além disso, é bom que se ressalte que estes jogos foram utilizados como representação, ou seja, alguns alunos nem se quer jogaram, apenas viram vídeos do jogo disponibilizados pelo you tube, como também, outros que levava para a sala de aula. Vamos manter contato. Meu email: andersonmeira.r@hotmail.com

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  27. Olá, sou muito fã dos jogos da Paradox e sempre quis tentar utilizar jogos com tematicas históricas em sala de aula, mas alguns pontos sempre me deram um pouco de medo, então tenho algumas duvidas em relação à temática e a forma como foi abordada.

    1. O jogo Age of Empires tem um foco bastante competitivo, onde as eras mas contemporâneas são sempre "melhores" que as mais antigas, você chegou a abordar com os alunos essas ideias de "linearidade" e "progresso"? Como fez para os alunos se focarem em refletir sobre os processos representados e não só tentarem competir em batalhas?

    2. O jogo Europa Universalis é extremamente complexo, mas é devido a essa complexidade mecânica que os fenômenos sociais e econômicos são simulados e podem ser observados pelos alunos; Como você fez para abordar um jogo tão complexo com alunos do sétimo ano? Por quanto tempo eles tiveram os jogos em mãos? Você acha que eles conseguiram entender os fenômenos representados nas mecânicas do jogo?

    Att.
    Vitor Gasparetto

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  28. Olá Vitor, vamos as perguntas
    Por questão de tempo eu fui direto ao assunto que queria abordar, o qual era a colonização e a relação dos indígenas e europeus. Falei um resumo das outras versões dos jogos, mas não dei enfase. Sobre como dar foco aos alunos no sentido de focarem nas bastalhas, a maior das estratégias que eu utilizei foi transformá-los em supostos "detetives da história", o qual eles iriam analisar os jogos eletrônicos e outras atividades que eu solicitei como, por exemplo filmes, no sentido de comparar tratando estas ferramentas como fontes históricas. Desta forma, desde o principio, os alunos perceberam que a questão central não estava em jogar e sim analisar o jogo.
    Sobre o jogo Europa Universalis e a sua complexidade não percebi grandes problemas, já que o tema central trabalhado por esse jogo foi como poderia ser analisado a prática mercantilista, o sistema econômico europeu durante a Idade Moderna.
    Os alunos passaram cerca de três meses analisando estes jogos. Sobre o resultado do projeto: foram bastante satisfatório. Quando somos professores em muitas ocasiões precisamos entrar em caminhos não muito convencionais, sairmos da nossa própria zona de conforto, nos motivar com coisas novas para motivar os alunos também.
    Podemos manter contato pelo o email: andersonmeira.r@hotmail.com

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  29. Olá Professor Anderson, gostei muito dessa sua ideia de usar os jogos eletrônicos, quem sabe posso usar um dia quando começar a lecionar.

    Gostaria de perguntar se você ​chegou a usar outros jogos como Civilization (que é um dos mais elogiados) ou se podemos adaptar para livros, séries e filmes já que algumas escolas brasileiras não tem computadores que os alunos possam usar.

    Obrigado pela atenção e espero manter contato para outros textos de sua autoria
    Rodrigo Almeida Carvalho - Manaus/Am

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  30. Olá Anderson, gostaria de parabeniza-lo pelo trabalho, pois é necessário muito cuidado em trabalhar de jogos eletrônicos em sala de aula.
    Gostaria de saber como você tratou dos conflitos nos jogos irreais, como os do império russo e tribos indígenas americanas da expansão do jogo The warchiefs. Além disto, gostaria de saber como trabalhou a arquitetura das metrópoles encontradas no game, bem como sua relação com as colônias administradas no jogo (como foi trabalhado em sala esta relação e se surgiram inquietações dos alunos em sala em relação ao tema).

    Ass:Danrley Messias Rodrigues dos Santos

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  31. Olá Anderson, gostaria de parabeniza-lo pelo trabalho, pois é necessário muito cuidado em trabalhar de jogos eletrônicos em sala de aula.
    Gostaria de saber como você tratou dos conflitos nos jogos irreais, como os do império russo e tribos indígenas americanas da expansão do jogo The warchiefs. Além disto, gostaria de saber como trabalhou a arquitetura das metrópoles encontradas no game, bem como sua relação com as colônias administradas no jogo (como foi trabalhado em sala esta relação e se surgiram inquietações dos alunos em sala em relação ao tema).

    Ass:Danrley Messias Rodrigues dos Santos

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  32. Olá, Anderson. Como apreciador de jogos e história, fico feliz em ver projetos de ensino como o seu.
    Sendo assim, gostaria de saber o que acha da utilização destes objetos de entretenimento de maneira mais ativa, utilizando como exemplo a franquia Assassin's Creed - que a despeito de adaptações históricas no enredo, tende a retratar bem a ambientação de sua trama - e da franquia Sid Meier's Civilization - este último mais próximo dos jogos citados no texto - que teve o sexto lançamento de sua franquia agora a pouco tempo. Será que essa prática daria certo em uma escala prática maior, ou apenas em situações isoladas?
    Sem mais, parabéns pelo ótimo texto e pelo projeto.
    Aguardo ansiosamente resposta. Atenciosamente,
    Josuá Ventura Nobre de Araújo - Aluno em graduação do curso de Filosofia pela UERJ.

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  33. Marcio Rossano Araujo Manfredini7 de abril de 2017 às 19:33

    Eu apoio e acho muito legal a ideia de usar os jogos eletrônicos de contextos históricos para a aula de História. De quê forma seria possível esta abordagem no ambiente escolar? Parabéns pelo tema.

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  34. Marcio Rossano Araujo Manfredini7 de abril de 2017 às 19:39

    Fiz anteriormente uma pergunta. Gostaria de aproveitar a visita neste blog para fazer outra: Haveria dentro da escola um apoio por parte da direção e/ou equipe pedagógica sobre o tema? Obrigado.

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