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Ana Paula Verde

WEBLOG E APRENDIZAGEM: O USO DO BLOG“CONSTRUINDO HST” COMO DISPOSITIVO DIALÓGICO DE MEDIAÇÃO NA DISCIPLINA HISTÓRIA DO MARANHÃO – SÉCULO XVII NO CENTRO DE ENSINO LICEU MARANHENSE – SÃO LUIS/MA
Ana Paula dos Santos Reinaldo Verde
Mnt. História UEMA

O uso do blog “construindo hst” na disciplina história do maranhão século xvii através do olhar dos alunos do 2º ano matutino do ensino médio do liceu maranhense
A construção do Blog “Construindo HST” nasceu particularmente da necessidade de relacionar o “mundo” vivenciado pelo aluno, a sociedade da informação, com a Disciplina História. Nesse sentido, foi exposta a justificativa de tal metodologia direcionada a forma de avaliar, pois “A Avaliação é um processo de captação das necessidades, a partir do confronto entre a situação atual desejada, visando uma intervenção na realidade para favorecer a aproximação entre ambas” (VASCONCELOS, 2008). Uma vez que, na sociedade da informação faz-se imprescindível, habilidades e competências, com as Tecnologias da Informação e Comunicação, não apenas para a prática social, mas doravante no mundo do trabalho.
Dessa forma, o Blog “Construindo HST”, ancorado na Disciplina História, direciona o aluno como sujeito histórico, proporcionando competência e valores necessários para fazer história, utilizando o conhecimento como mecanismo de intervenção social, proporcionando habilidade de aprender a aprender, a pensar, a comunicar-se, a pesquisar e a agir; a compreender textos, imagens, monumentos, documentos, músicas, entrevista a ter autonomia intelectual e uma visão crítica.
O primeiro material metodológico, utilizado no Blog, foi o Documento, gênero carta. A Carta de Pero Vaz de Caminha rendeu muitos comentários postados, revelando que aquele aluno que pouco participa em sala de aula, por motivos pessoais, como vergonha, ou uma cultura de ser apenas receptor de informação, pode se colocar como protagonista, dentro do ambiente virtual.
Assim, segundo Schmidt e Cainelli, uma nova concepção de documento histórico, implica a desconstrução de determinadas imagens canonizadas a respeito do passado, ajudando a tirar o aluno de sua passividade e reduzindo a distância de sua experiência e seu mundo de outros mundos e outras experiências descritas no discurso didático.
A luz desse documento, alguns alunos postaram:
Em 1500, numa expedição liderada por Pedro Álvares Cabral os portugueses chegaram ao Brasil e logo se depararam com um povo de características diferentes das suas, que equivocadamente os denominaram índios, por apresentarem características semelhantes à população da Índia.
Pero Vaz de Caminha foi um escrivão responsável pela descrição do “achado” em terras brasileiras por meio de uma carta ai réu Dom Manuel. Em uma de suas colocações ele ressalva o estranho modo de nudez apresentado pelo povo apenas acompanhado por uma extraordinária pintura, além do interesse em troca seus arcos e setas por carapuças e outras coisas lhes dadas.
Em síntese Pero Vaz de Caminha não só percebe a fácil interação indígena com os desconhecidos, mas também a inocência que o povo tinha em mostrar o corpo descoberto como se fosse o próprio rosto.
Ele só não disse se eles pegavam as indígenas... hahaha, com certeza! (INGRID NAZÁRIO; GLEYSON; TAYRO BARBOSA, TURMA 202/MAT., 2011).
Faz-se necessário, colocar que a utilização do documento histórico em sala de aula, não pode deixar em nenhum momento de lado a participação do professor, que deve estar consciente de seu papel mediador na construção do conhecimento, por parte do aluno.
O uso de documentos, associado à história local proporcionam ao aluno a sua inserção na comunidade da qual faz parte, criando sua própria historicidade e identidade, possibilitando analisar as micro-histórias, pertencentes a alguma outra história, que favoreça a sua própria particularidade, com a história local, a nacional, e a Universal.
Dessa forma utilizamos um Documento, gênero carta, remetido por Dom Felipe III, rei da Espanha, e de Portugal, bem como de todas suas colônias, no período histórico conhecido como União Ibérica (1580-1640) ao governador do Brasil, Gaspar de Sousa, ano de 1612-1615, retirada do livro de MARIZ, Vasco; PROVENÇAL, Lucien. La Ravardière e a França Equinocial: os franceses no Maranhão (1612 – 1615). Rio de Janeiro: Topbooks, 2007. p. 203 – 207
Comentários postados:
Construindo a História disse...Nesse texto do Rei Felipe III ao Governador geral do Brasil D. Gaspar de Souza, relata a expulsão dos Franceses no Maranhão em 1615, e a inserção que há do Brasil – Colônia na União Ibérica em 1580-1640. Nesta carta, o Rei da Espanha manda ordens de expedições irem as Terras do Maranhão para a expulsão dos franceses dessas terras; e também para ganhar a confiança dos nativos dessa região, tudo isso visando o poder e o fortalecimento da região. O objetivo era tentar ganhar a amizade dos índios e conquistar a confiança do líder português, para se beneficiarem. (ISADORA PASSOS; SAFIRA SOUSA; INGRID ISABELA, TURMA 202. MATUTINO).
Construindo a História disse...A carta relata, primeiramente, a saída de Jerônimo de Albuquerque e os homens mandados por ele Do Rio Grande até Pereira (primeira barra do MA). Após tal acontecimento, relata-se o choque que houve entre seus homens e os franceses a tréguas das terras do MA. Os franceses, apesar de estarem acompanhados por índios e soldados armados, não foi capaz de vencer a batalha o que o custou a morte de muitos. Na carta, o Rei Felipe III da Espanha cita as descobertas que fizeram após se assentarem em terra firme, tais descobertas. Afirmavam a presença dos franceses a mais de três anos em amizade com os nativos e, portanto há o interesse do mesmo, o que ordena o Rei Felipe III. (AMANDA LARYSSA; JULIANA ROLIM; LARISSA ALVES)
Percebemos que, a análise dos alunos, direcionado ao Documento, através do uso do Blog, proporcionando um espaço de comunicação, através de uma situação relacional, onde os mesmos expressaram a experiência da sua própria aprendizagem, construindo conhecimento a partir da interação social, com os seus colegas de turma, com o professor e com outros indivíduos. A escrita no Blog remete a representação do destinatário, a situacionalidade (acesso direto a fontes de informação), contextualização, interdisciplinaridade, e a intencionalidade do ato comunicativo, bem como a co-autoria.
Outras possibilidades no uso do Blog, estar na familiaridade dos alunos na rede mundial de computadores e seu vocabulário, como: navegação, endereço na internet, site, imagem, enviar, postar, comentário, pesquisar, editar, blog, login, e-mail, post, link, etc. A interdisciplinariedade nesse trabalho envolve as disciplinas de Língua Portuguesa, Inglês e Geografia.
A partir do final do século XIX, e com o início do século XXI, o surgimento e desenvolvimento, bem como a expansão, de novas linguagens de comunicação e informação, como a fotografia, a televisão e a internet, possibilitaram novas formas de se trabalhar a História, enquanto disciplina escolar, proporcionando o desafio de se constituírem novas interpretações das fontes históricas, como o documento.
Dessa forma, com a abertura curricular e avaliativa, dentro do ambiente escolar, foi possível, coadunar, a realidade vivenciada pelos alunos, pautada em uma sociedade da informação, com a Disciplina História e sua interdisciplinariedade, a utilização de fontes primarias de pesquisa, a noção do Blog, enquanto instrumento e objeto de comunicação, e co-autoria, nas interações entre educador e educando enfatizando o papel do professor passando este a conduzir, selecionar, organizar, intervir e orientar os educandos nas descobertas, processos esses necessários ao desenvolvimento de novos níveis de conceitualização sobre a disciplina História, visto que a História enquanto disciplina também deve acompanhar os avanços tecnológicos.
Em síntese, temos no uso de um blog pedagógico a possibilidade de mediação no processo ensino-aprendizagem, haja vista, seu caráter comunicacional, relacional, sendo uma ferramenta pedagógica virtual, que contribui no aspecto da produção textual tendo, sobretudo o favorecimento da autonomia digital.
Referências bibliográficas
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Lei nº. 9.394/96. Estabelecem diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1999.
BRAZÃO. José Paulo Gomes. Tese de doutorado. Weblogs, aprendizagem e cultura da escola: um estudo etnográfico numa sala de 1º Ciclo do Ensino Básico. Funchal: UMa/PT. 2008 (impresso).
DELLORS, Jacques et al. Educação um tesouro a descobrir: relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Corte/MEC, 2000.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 24. ed. São Paulo: Paz e GIROUX, Henry. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Tradução de Daniel Bueno. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
HALL, Stuart. Identidade cultural na pós-modernidade. São Paulo: DP&, 2007.
LIBÂNEO, Jose Carlos. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2008.
MARIZ, Vasco; PROVENÇAL, Lucien. La Ravardière e a França Equinocial: os franceses no Maranhão (1612 – 1615). Rio de Janeiro: Topbooks, 2007. p. 203 – 207.
SCHIMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2004.
TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na Educação: novas ferramentas para o professor da atualidade. 2. ed. São Paulo: Érica, 2000.
VASCONCELOS, Celso dos S. Avaliação: concepção dialética-libertadora do processo de avaliação escolar. 15. ed. São Paulo: Libertad, 2008.

18 comentários:

  1. Olá Ana Paula, parabenizo-a pela pesquisa e pela ideia do uso desse tipo de metodologia no ensino. Gostaria de saber se o uso de uma ferramenta digital e da internet contribuiu, de alguma forma, para o aumento ou despertamento do interesse dos alunos na disciplina, por se tratar de uma ferramenta que os aproxima de sua realidade cotidiana (uso da internet), assim como o uso de uma fonte primária, como a carta de Caminha, no processo de aprendizagem? Como foi a receptividade da metodologia pelos alunos?

    Abraços

    GLAUCIA FERNANDA APOLINARIO DE LIMA SILVA

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    1. Oi Glaucia começamos pelo planejamento e a partir dele levei a carta copia de Caminha para ser lida e analisada em sala de aula e anteriormente explanados a necessidade de se trabalhar com as TICs de forma pedagógica devido às questões do ENEM sobre as mesmas e e não partimos para os comentários escritos e depois para as postagens.

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    2. A receptividade foi boa e além de atribuições como nota parcial

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    3. A receptividade foi boa e além de atribuições como nota parcial

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  2. Carlos Augusto Portello3 de abril de 2017 às 13:00

    Olá Ana Paula
    O uso do Blog como ferramenta educacional é uma ideia que tenho faz algum tempo.
    Ao ver o seu projeto, percebi que seus alunos foram motivados a promoverem um debate sobre documentos históricos, levando a ver que sua história está relacionado ao passado. Está atividade de postar as informações no blog foi realizada pelos comentários dos alunos ou eles administravam as postagem? Como as postagens eram trabalhadas em sala de aula? O projeto ficou apenas na História do Brasil ou abordou a questão da História Mundial?
    Uma outra dúvida sobre a ideia do blog é a questão da visualização: Na escola que leciono existe uma plataforma digital com a ferramenta blog e fórum, mas a visualização das postagens é restrita apenas aos alunos da série. Pela sua experiência o nosso aluno precisa apresentar suas ideias nos blog para todos (pais, outros colegas, amigos)ou deixar em um ambiente restrito ?
    Parabéns pela inciativa...Obrigado pela ajuda.
    Atenciosamente Carlos Augusto Portello

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    1. Oi Carlos sobre as atividades utulipa mostra as pastagens do alunos como análise em salas aula e eram administradas com as perguntas surgidas ao longo do próprio material utilizado ou nas próprias postagens o objetivo do blogo era tratar só resta a história local tão desvalorizada em nosso estado e por políticas educacionais como o ENEM e a idéia primeira foi em âmbito local para um início de conversa abraços

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  3. os talentos são enormes, muitos alunos cedo já mostram isso, porem as oportunidades são poucas ou quase nada, como podemos ajudar esses alunos que moram em áreas que não possuem o acesso a internet de boa qualidade? pois uma coisa e ter um computador outra coisa é não ter o acesso a rede.

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    1. Oi William atualmente as salas de informatica estão sucateadas e em desuso e de fato existem area sem acesso a Internet mas que também vemos que os alunos possuem um celular o que possibilita esse acesso ou áreas com acesso livre mas quando as coisas não acontecem de fato usamos outras tecnologias como a carta uma fonte primaria riquíssima abraços

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  4. Olá, Ana Paula.
    Primeiro, quero parabenizar a sua pesquisa e o seu texto. Adorei como pensou a produção da História e a sua difusão pelo universo digital. Também trabalho na área da História e do ciberespaço. Utilizar das novas tecnologias é essencial para proporcionar um maior interesse por parte dos alunos, mas deixe-me perguntar: após a criação e a publicação do blog, como se deu o processo de difusão dessas informações? Digo, dentro do ciberespaço mesmo. As redes sociais online mais famosas, como o Facebook, o Twitter, etc., seriam uma boa opção para que a página não ficasse "parada" em um canto do ciberespaço. Divulgar esse tipo de conteúdo nos ambientes online mais frequentados pelos jovens seria uma boa opção, o que acha?

    Foi só essa pergunta mesmo, e algumas considerações que me vieram com a leitura do seu texto. Adorei, parabéns mesmo! Abraço.

    Matheus H. M. Sussai

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    1. Olá Matheus o blog infelizmente ficou ativo apenas 6 meses pois no período de férias passei uma atividade e ingenuamente por falta de experiência com essa ferramenta passei a senha aos alunos e o resultado foi uma imagem pornografica na página inicial após o retorno das aulas.Minha experiência com blog aconteceu através de uma formação em 2010 e num primeiro momento tentei aprofundar teoricamente sobre blog e dai nso extender a outras ferramentas virtuais e o que proporcionou a sua utilização foi o wifi livre na escola possibilitando com a historia local e ainda não escrevi sobre o ocorrido mas seria bom compartilhar esse caso para que não ocorra com outros colegas . abraços

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  5. Muito instigante o seu texto, parabéns. Gostaria de saber sobre como foi trabalhado a questão interdisciplinar no contexto do uso do blog nas aulas de História.

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  6. Boa ideia Ana Paula, a sua proposta de fazer um blog para interagir com os alunos foi bem interessante. Eu gostaria de saber se você utilizou essa ideia como parte da avaliação ou como um todo e se pretende utilizar iconografias e vídeos dentro do Blog?
    Bruno Amorim Pantoja

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    1. Olá a atividade do blog foi utilizada como nota parcia e infelizmente o blog teve pouco tempo de atividade mas a utilização de imagens e iconografiasons são uma boa sugestão.

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  7. Oi Ana Paula. Inicialmente parabenizo-a pelo êxito obtido. Tenho também uma pequena experiência em sentido similar ao seu, ainda que somente na educação superior. Lá percebi que uma série de situações que ocorrem no ambiente de sala de aula físico, reproduzem-se no espaço virtual também, como por exemplo, as interações dos discentes, sejam as exitosas e mesmo a não interação, por variados motivos. Você também percebeu a reprodução de certas características do cotidiano de sala de aula presencial no ambiente virtual? Obrigado.

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  8. luzia ferreira pereira7 de abril de 2017 às 09:31

    Boa tarde boa pergunta Paulo Henrique.Ana Paula por favor responda.

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  9. Olá Paulo nessa situação de aprendizagem o ambiente virtual acredito ter sido atrativo principalmente pela possibilidade do não formal a prova em sala de aula e os alunos postavam mesmo devido o wifi livre da escola e acredito que devido o contato duas vezes por semana com alunos proporcionou que o espaço fosse virtual fosse utilizado diferente do onde line no ensino superior que os encontros as vezes são mensais o que dificulta a exigência é a atenção maior abraços

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  10. E se os encontros não são mensais e sim semanais acredito que devido a idade ou não a dificuldade e a familiriadade com as TICs infl

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  11. Dificulta tornando se penoso e não prazerozona questões de intergeracionalidade abraços

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