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Alex Juarez

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MEMÓRIA NA ESCOLA
Alex Juarez Müller
Mestre em História UPF

A educação patrimonial efetiva “é dialógica, reflexiva e crítica, que contribui para a construção democrática do conhecimento e para a transformação da realidade. Isso implica conceber o patrimônio cultural como um elemento social inserido nos espaços de vida dos sujeitos” (TOLENTINO, 2016, p. 38).
O que a educação patrimonial não é? De acordo com Tolentino (2016) a educação patrimonial não é cinco falácias: 1 - educação patrimonial não é um instrumento de alfabetização cultural, pois isso coloca a cultura como superior à outra; 2 - educação patrimonial não surgiu, no Brasil, somente nos anos 1980, pois a relação de educação e patrimônio está presente nos museus desde o século XIX; 3 - educação patrimonial não é conscientizar para preservar, se fosse assim não seriam preservados em sua maioria os bens de herança europeia; 4 - educação patrimonial não é apenas para os bens tutelados pelos Estado, é preciso o compromisso com a diversidade cultural; 5 - educação patrimonial não é apenas conhecer por si só, para garantir a preservação é preciso conhecer o patrimônio de uma forma crítica.
A educação patrimonial dialógica, reflexiva e crítica é aquela que atenta para os anseios do presente. Esse tratamento implica em seguir uma ordem sugestionada por Cuesta (2010) que é: problematizar o presente, pensar historicamente, educar o desejo, aprender dialogando e impugnar os códigos pedagógicos e profissionais (p.29). Portanto o ponto de partida na escola não são propriamente bens culturais já consolidados, mas as memórias do presente que necessitam ser problematizadas historicamente, para isso é preciso superar modelos já formatados de organização escolar, inclusive, indo além dos muros escolares e buscar pistas nas comunidades que rodeiam, como já destacamos anteriormente.
A escola se transforma no encontro desse processo, onde as memórias são tratadas historicamente e coletivamente, elas são intermediárias entre os indivíduos e as marcas culturais presentes nos lugares. Importante ressaltar que essas memórias passaram por relações de poder através de lutas e classificações que resultaram em fronteiras entre o visível e o não visível (BOURDIEU, 1989), assim o patrimônio não é estável e neutro e logo a educação patrimonial não pode simplesmente conscientizar para preservar, mas problematizar como os bens culturais são apropriados de maneira desigual (TOLENTINO, 2016).
A problematização das memórias não é só tarefa de alunos, mas também da comunidade e dos professores, pois o entendimento histórico não deve ser apenas de um grupo, mas todos que fazem parte daquele espaço necessitam estar engajados, fundamentalmente aqueles docentes que permanecem resistentes em romper com o código disciplinar escolar. A alternativa é buscar novos cenários que constituem em novas vozes, novos textos, novas imagens e novas memórias almejando a desescolarização do conhecimento e a desprivatização do público através da introdução da educação dos problemas sociais relevantes que nos preocupam dentro e fora das aulas (CUESTA, 2010).
Romper o código escolar é romper com os métodos convencionais que ainda lembram a escola a serviço da construção nacional do período Vargas, é sair da convencionalidade de que conhecimento ocorre somente em sala de aula a partir de profissionais diplomados e hierarquizados em categorias de níveis diversos (VIÑAO, 2002). Longe de querer descontruir o papel social do professor, entretanto é digno que a docência olhe para o presente e proporcione a problematização das diversas realidades que alunos e seu entorno carregam consigo. Abrir um canal direto de diálogo com o público escolar é um bom começo, inclusive já perdi a contagem correta de quantos alunos já mencionaram que sentem falta de professores que tenham paciência, que estejam dispostos a ouvir e conversar e que fujam do convencional “senta e copia”.
Usar e abusar da escola como ponto de encontro das diferentes memórias, fazer com que os alunos tragam suas vivências para dentro da aula de forma a serem tratadas através da crítica coletiva, situação que faz com que os próprios colegas se conheçam e possam saber sobre o outro. A partir da memória dos alunos é possível o (re)conhecimento de suas vidas e ampliar a noção de fontes além do tradicional tripé livro, quadro e professor. Fazer com que tragam documentos diversos como fotografias, certidão de nascimento, objetos diversos (roupas, brinquedos, etc.) e relatos orais (pais, avós, etc.) possibilitam a problematização sobre suas realidades.
A educação patrimonial pode auxiliar no processo de identificação dos alunos e da comunidade com a escola e vice-versa, auxiliando no entendimento que o patrimônio presente é de todos e que sua manutenção depende da coletividade, superando a falácia que patrimônio é necessariamente um bem cultural tutelado pelo Estado, podendo ser também qualquer equipamento social que esteja disponível aos grupos sociais.
Isso acontece quando a comunidade está dentro da escola e a escola dentro da comunidade, onde a educação patrimonial traz para a aula as memórias, problematiza, faz o trabalho de contramemória e retorna para a comunidade escolar. Superar o conjunto de normas e saberes inertes ao longo do tempo por culturas escolares peculiares a cada instituição de ensino (VIÑAO, 2002) exige desprender-se da sala de aula como único espaço de diálogo, assim é importante ensinar os alunos e professores a problematizarem o bairro. Digo problematizar porque ambos já conhecem o espaço que estão, pois transitam por ele para chegar a escola, porém nunca fizeram o serviço de contramemória.
A educação patrimonial possibilita realçar os bens patrimoniais materiais e imateriais presentes nos lugares, mas antes disso, constrói significados sociais para grupos esquecidos e permite reconhecer e discutir como é a paisagem que estão inseridos e entrar em temas como saneamento básico, exploração do meio ambiente, quais sãos equipamentos públicos existentes no bairro, o perfil da população, organização do espaço urbano, entre outros. Atos de violência com os lugares e com as pessoas que ali estão deixam de ser praticados quando se descortina o pertencimento escondido dos indivíduos com suas comunidades.
A Educação não acontece somente dentro da escola e educação patrimonial não ocorre somente na disciplina de história. A educação pode envolver todas as áreas do saber, a comunidade e outros espaços oficiais e não-oficiais que possibilitam a educação patrimonial dialógica, reflexiva e crítica. Uma educação cidadã que busque a autodeterminação dos sujeitos e que distancie-se de culturas escolares enrijecidas nos seus códigos hierarquizados é bem-vinda.
O diálogo amplo, reflexivo e crítico permite a abertura para outros espaços, como museus, centros culturais, diferentes áreas urbanas e rurais. A educação patrimonial não ocorrerá nesse caso de forma dada e muito menos passiva, pois se o trabalho de contramemória for realizado previamente possibilitará a problematização dos espaços visitados.
Os novos espaços podem ser inclusive virtuais como a ferramenta Google Art Project, que nos mostra a importância da fotografia como documento como por exemplo, no uso das imagens do Museu Afro Brasil localizado em São Paulo. Por meio das imagens do museu podemos levantar diversas discussões atuais como: a questão das cotas raciais na educação, condição da população afrodescendente no Brasil na atualidade, o trabalho escravo na construção do Brasil, História da África e religiosidade afro-brasileira, herança cultural na música (pagode, samba, hip hop, funk, rock n roll), entre outros.
O museu de hoje não deve ser o museu de ontem, ou seja, instituições voltadas unicamente para o ensino das ciências físicas, história natural, do estudo das grandes coleções e da legitimação de elites locais ou da nação (Gil & POSSAMAI 2014, POSSAMAI 2010). Assim, as instituições museológicas necessitam tratar das memórias através de processos educativos, inclusive podemos citar exemplos: as ações educativas do Centro Histórico Cultural Santa Casa que oferece uma oficina através do lixo arqueológico; e o serviço de educação patrimonial oferecido pelo Arquivo Público do Estado Rio Grande do Sul com os documentos da ditadura civil-militar e com a caixa pedagógica contendo documentos da escravidão.
Um espaço pertinente é o Instituto Inhotim, localizado em Brumadinho/MG, onde é possível analisar diferentes paisagens. O Inhotim nos permite pensar sobre a arte contemporânea, a fauna e a flora do Brasil. É possível em cada região buscar um espaço de contemplação e análise da paisagem, não sendo necessariamente um parque. Até mesmo os nomes que os lugares carregam são fontes de interpretação e problematização, como por exemplo, Região das Hortênsias, na Serra Gaúcha, que lembra uma planta asiática e Morro Ferrabrás, em Sapiranga/RS, nome de um monstro sarraceno de lendas medievais árabes – europeias.
Os museus locais também são excelentes equipamentos culturais para dialogar, refletir e problematizar o presente através da contramemória, pois habitualmente esses espaços reproduzem uma história narrada de forma cronológica com referência a determinados grupos sociais demonstrando o jogo de poder envolto na região. Nesse caso, é pertinente tratar a memória como fonte, como algo a ser problematizado, caso contrário a visita pode se tornar em apenas uma reprodução e perpetuação do que já existe.
O bairro da escola também é um museu, mesmo que informal, onde os olhares podem extrais muitas informações que permitem conhecer os ofícios locais, entender a dinâmica econômica através de comércios e indústrias, identificar lugares que sofrem com a violência urbana e discutir para compreender os problemas e agir com soluções possíveis.
Os espaços de memória estão presentes em distintos lugares, desde ambientes privados a um indivíduo ou um grupo seleto de pessoas ou a lugares públicos como uma rua ou praça. A educação patrimonial permite problematizar essas fontes que se deparam na escola e no seu entorno, portanto, ela não é um método pronto como uma receita de bolo, cada lugar tem sua dinâmica social e requer a sua crítica própria. Aos docentes, ela proporciona ultrapassar os muros escolares e, aos alunos e comunidade, compreenderem que são sujeitos que possuem o seu patrimônio cultural à espera da sua própria crítica. Em vista disso, a educação patrimonial traz a necessidade da discussão regional e nacional da reorganização dos conteúdos curriculares, já proposta pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como forma de reconhecer a importância dos anseios locais e retirar do silenciamento e da invisibilidade as memórias dos grupos sociais, portanto a escola encontra-se no entreposto onde pode ser realizado esse trabalho de contramemória.

Referências Bibliográficas
BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.
CUESTA, Raimundo. Antología de una década: artículos de Raimundo Cuesta (2000-2010). Memoria, Historia y Didáctica. Salamanca: 2010. Disponível em: < http://www.nebraskaria.es/wp-content/uploads/2016/08/Antolog%C3%ADa-de-una-d%C3%A9cada.pdf> Acessado em jan/2017.
GIL, Carmem Zeli de Vargas; POSSAMAI, Zita Rosane. Educação patrimonial: percursos, concepções e apropriações. MOUSEION, Canoas, n. 19, dez., 2014, p.13-26.
POSSAMAI, Zita Rosane. “Lições de coisas” no museu: o método intuitivo e o museu do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, nas primeiras décadas do século XX. Anais do VIII Congresso Luso-brasileiro de história da educação. São Luís: 2010.
TOLENTINO, Átila Bezerra. O que não é educação patrimonial: cinco falácias sobre seu conceito e sua prática. In: TOLENTINO, Átila Bezerra; BRAGA, Emanuel Oliveira (Orgs.). Educação patrimonial: políticas, relações de poder e ações afirmativas. João Pessoa: IPHAN-PB; Casa do Patrimônio da Paraíba, 2016.
VIÑAO, Antonio. Sistemas educativos, culturas escolares y reformas: continuidades y câmbios. Madrid: Ediciones Morata: 2002.


30 comentários:

  1. Bruna Liana Teza Canarin3 de abril de 2017 às 06:05

    A educação patrimonial não é apenas saber (conhecer) e preservar como tal, mas ir além dos meios e métodos que temos, é conhecer a fundo o patrimônio e fazer o trabalho de análises sobre os objetos, é propiciar aulas práticas para os alunos e não apenas ficar em teoria.
    Bruna Liana Teza Canarin

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    1. Boa noite Bruna!
      Agradeço o comentário.
      Realmente, é necessário romper a barreira de apenas saber/conhecer o patrimônio e partir para a aprendizagem prática. Também penso que devemos ter um bom embasamento teórico, principalmente se tratando de educação básica, espaço que lidamos com situações regionais "espinhosas", assim penso que devemos ter bem fundamentado o que estamos fazendo para poder defender nossas ideias e ao mesmo tempo proporcionar a problematização das fontes disponíveis.

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  2. As instituições de patrimônio Histórico, por exemplo, Museus, deveriam ter um programa de educação voltado para a formação de professores, para capacitá-los para utilizar esses espaços de educação não formal. Além de um espaço não formal de educação, a relação do museu com a escola possibilita um trabalho interdisciplinar. Gislaine C. de O. Vieira

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    1. Boa noite!
      Agradeço o comentário!
      Realmente, os museus podem contribuir muito na problematização das fontes históricas disponíveis nas comunidades, principalmente aqueles museus locais que são verdadeiros espaços de guarda da memória. Esses museus possibilitam aos professores munidos de fundamentação e objetivos claros, conduzir trabalhos de análise das fontes disponíveis e compreender os porquês de determinada localidade se organizar de tal maneira, percebendo as permanências e as ausências.

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  3. Temos história em todo lugar só gastar termos a curiosidade de descobrir como surgiu tudo aquilo que está aí seu redor saber investigar e saber despertar o interesse daqueles que não tiveram vontade de além.

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  4. Oi Alex, parabéns pela sua pesquisa. Como estudiosa da História Cultural e do Patrimônio penso que: 1. todos os temas/temporalidades da História (da Antiguidade à Contemporaneidade; da História do Brasil à História da América e da África) deveriam também tratar dos patrimônios culturais nesses espaços/tempos, ir além do quadrado "política-economia-sociedade"; 2. Todo o professor deve buscar aprender as metodologias da Educação Patrimonial e uma das mais importantes à aquela dos três tempos (o antes: trabalhar as noções de patrimônio e preparar o olhar dos alunos em sala de aula, o durante: a realização de uma visita técnica em um museu ou uma praça; o depois: a produção de um resultado a partir da atividade extra-sala entregue pelos alunos que pode ser um relatório, uma música, uma poesia, um desenho, etc.). Qual sua opinião sobre essas duas proposições?

    Janaina Cardoso de Mello
    UFS/UFAL/IFS
    Pós-Doutoranda em Estudos Culturais (PACC-UFRJ)

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    1. Boa noite Janaina!
      Obrigado pelo comentário!
      (1) A minha opinião é que, ainda, a história na educação básica está muito voltada para a Europa, penso que muitos professores não se motivam a sair do "quadrado", e ao mesmo tempo as discussões acadêmicas não chegam (como deveriam) até os docentes que estão na "linha de frente". Percebo que essa mesmice faz o professor cair no tradicional tripé que destacou: economia-política-sociedade. Aí vem a pergunta: O que esse tripé vai proporcionar de conhecimento útil/significativo para o adolescente?
      (2) Respondendo a pergunta, quase nada ou nada. A saída está na mudança de posição do professor (é ele o adulto em sala de aula, que estudou, recebeu treinamento para estar ali), passando muito pelo outro tripé que apontou - antes, durante e depois - o qual busca a construção do conhecimento conjuntamente com os alunos. Penso que a visita técnica pode começar pelo bairro que os estudantes residem e no terceiro passo, o depois, a atividade final deve possibilitar significado concreto a eles.

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  5. Que bases e fundamentos legais pra usar os arquivos das escolas em projetos de valorização da memória local? Muitas vezes somos confrontados quanto à validade de tal iniciativa por causa do cumprimento de currículo.

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    1. Boa noite Rodrigo!
      Obrigado pelo comentário!
      Penso que todos os conteúdos do currículo da História são mais contemporâneos do que passado. A primeira base legal que temos é que a história trabalha com documentos, motivo que nos dá justificativa (fundamentada por uma bibliografia de teóricos consolidados) o suficiente para trabalharmos com qualquer fonte histórica. Segundo, retomando a primeira frase, podemos trabalhar com feudalismo e ao mesmo comparar semelhanças e diferenças dos impostos da época com os atuais; ou trabalhar ditadura civil-militar e lidar com cadernos de chamada, boletins escolares da época e analisar se havia algum tipo de censura, atitude ou tratamento diferente do corpo docente, pais e alunos com a educação. Se temos bem fundamentado o que queremos, objetivos claros, temos argumentos suficientes para romper com o ensino puramente conteudista.

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  6. A educação patrimonial em nosso país é urgente, pois, é desolador ver patrimônios pichados, depredados, sendo corroído pelo tempo e nada ou muito pouco sendo feito. Educar as crianças e jovens é um caminho mas, qual seria o caminho certo para despertar essa consciência patrimonial na sociedade? Como fazer os adultos se interessarem pela preservação patrimonial? Ana Maria da Costa

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    1. Boa noite Ana Maria!
      Obrigado pelo comentário.
      Penso que o interesse passa pelo (re)conhecimento da sua história, problematizar a sua história, a sua casa, seu bairro, sua escola. O não conhecimento do seu entorno abre espaço para depredações, ao mesmo tempo mercantilização dos lugares a qualquer custo também expulsou a população do ambientes público. Por um lado, a pichação, por exemplo, é uma maneira que parte da sociedade excluída (das mais variadas formas) "grita" para ser vista/percebida (mesmo que os efeitos sejam impactantes). Tem um documentário que faz pensar sobre isso, o nome dele é Pixo, segue o link: https://vimeo.com/29691112

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. A educação patrimonial e história local nao seria um meio de atrair o interesse dos alunos? Como um professor poderia trabalhar isso no seu dia-a-dia?

    Raquel de Souza Martins Lima

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    1. Boa tarde Raquel!
      Obrigo pelo comentário.
      Com certeza Raquel, trabalhar a história local a partir das realidades dos alunos permite nos aproximar deles e eles de nós. Penso que apenas devemos ter cuidado para não repetir as memórias locais que, habitualmente, silenciam aqueles que são tradicionalmente subjugados. Um exemplo são os museus locais, que tradicionalmente apresentam-se como espaços de memória das elites locais (primeira família a colonizar a região, primeiro comerciante, primeiro prefeito, etc) e deixam de lado outros grupos importantes para a formação histórica regional, assim devemos saber como tratar essas fontes com os alunos, o que queremos extrair delas? Como vamos fazer isso? E o que vamos fazer com isso?

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  9. Bom dia Alex, como tu estás? Quero te parabenizar pelo teu texto, meses atrás nós estávamos jogando vôlei em Tramandaí e tu comentavas sobre o teu trabalho com patrimônio. Quando li teu texto me lembrei do livro “Liberdade para Aprender” de Carl. R. Rogers que utilizei para o trabalho final da faculdade, nele o autor coloca que os “alunos são curiosos por natureza” e “tem uma vontade natural de aprender”. Dentro dessa lógica de entendimento do autor citado, e da parte do teu que tu colocas que “inclusive já perdi a contagem correta de quantos alunos já mencionaram que sentem falta de professores que tenham paciência, que estejam dispostos a ouvir e conversar e que fujam do convencional “senta e copia”“, gostaria que tu falasses um pouco mais do desafio diário do professor em fazer da aula um momento privilegiado de construção de conhecimento e exploração dessa “vontade natural de aprender” do aluno. Abraço.
    Felipe Rosenthal Rabelo.
    Unespar – União da Vitória/PR.

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    1. Boa tarde Felipe!
      Obrigado pelo comentário.
      Prazer em falar contigo de novo!
      Felipe, concordo plenamente que alunos são curiosos por natureza e com vontade natural de aprender, a questão é o modelo de escola que temos (conteudista, valorização excessiva do copiar, divisão de vários períodos em um mesmo dia, o aluno não pode sair da "caixa", professores desmobilizados por diversos motivos, etc) e isso, como tu mesmo disse, se torna num desafio diário a ser rompido pelo professor. Na minha experiência docente com a educação básica, penso que realmente deve haver paciência, somos nós os adultos, também ouvir os alunos se torna um passo importante a medida que os seus responsáveis estão mais preocupados em trabalhar do que na formação moral e intelectual dos seus tutelados. Por fim, a história possibilita a discussão de temas contemporâneos, por mais que estejamos trabalhando algo da pré-história, como por exemplo, o criacionismo e o evolucionismo que sempre suscitam discussões que possibilitam trabalhar tolerância e diversidade religiosa a partir dos diferentes mitos de criação de diferentes religiosidades.

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  10. Parabéns pelo texto e pela abordagem relacionada à imaterialidade da cultura nas salas de aula de história. Essas imbricações entre história, memória coletiva e as idiossincrasias culturais do cotidiano dos alunos é um dos maiores desafios do professor de História, o que remete à pergunta: o que fazer para valorizar o patrimônio cultural imaterial das comunidades atendidas pela escola?

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    1. Boa tarde Marcos!
      Obrigado pelo comentário.
      Marcos, penso que acima de tudo problematizar, trazer para dentro da escola as realidades das comunidades atendidas. Essas realidades já se encontram lá dentro, apenas fingimos não ver, mas elas estão lá na forma de violência escolar, nos preconceitos que foram ouvidos em casa e na rua e são reproduzidos na escola, na depredação do patrimônio escolar, na música, nas gírias, nas vestimentas, na sexualidade, nos problemas com drogas (lícitas e ilícitas) e nos crescentes problemas de depressão entre os adolescentes. Na minha opinião, a escola precisa parar de fingir que esses problemas não estão lá dentro e ouvir, discutir e problematizar, só assim o patrimônio imaterial das comunidades locais deixará de ser sufocado e teremos escolas amadas pelos seus alunos e bairros com suas ruas e praças ocupadas pela população.

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  11. Boa noite os textos são exceslentes gostei muito de todos escolhi esse porque mim interesso muito por património local e gostei muito de uma parte onde é colocado que "a problematização das memórias nao é so tarefa de alunos mais também da comunidade e dos professores pois o entendimento historico não deve ser apenas de um grupo mais todos que fazem parte daquele espaço precisam estar engarjados" concordo plenamente o fazer historico necessita reunir alunos escola e toda a comunidade o doscente precisa está abito a trabalhar esse novo modo de fazer história ele precisa concientizar os educandos que esse novo jeito de fazer história pode e deve começar da própria comunidade dele.De que forma podemos romper essa metodologia de história que ainda visa o serviço da construção nacional do período Vargas?

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    1. Boa tarde Solange!
      Obrigado pelo comentário e pela pergunta.
      Penso que para romper com a ideia de que a história está a serviço da construção nacional precisamos romper com histórias locais pautadas no memorialismo, discutir porque repetimos discursos regionalistas que perpetuam alguns grupos no poder, penso que os regionalismos auxiliam na manutenção da história a serviço da nação e não da sociedade.

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  12. MISS LENE PEREIRA DA COSTA7 de abril de 2017 às 03:24

    Com base nas ideias apresentadas no texto o autor defende que para além do ensino de Historia a educação patrimonial e cultural também trabalhe a interdisciplinaridade ?

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    1. Boa tarde Miss Lene!
      Obrigado pelo comentário e o questionamento.
      Sim, penso que educação patrimonial também é tarefa das demais disciplinas, pois patrimônio não é tarefa apenas de uma disciplina, mas sim um compromisso da escola e da comunidade. A dificuldade é que tradicionalmente educação patrimonial esteve (está) vinculada ao ensino de história.

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  13. MISS LENE PEREIRA DA COSTA7 de abril de 2017 às 03:33

    Sabemos que múltiplas as possibilidades de se trabalhar com os recursos patrimoniais e memoriais dentre as opções temos as aulas expositivas e aulas de campo na perspectiva do autor qual o tipo de abordagem mais adequada e eficaz para a construção da aprendizagem Historica?

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    1. A aula de campo sempre é mais eficaz, porém não conseguimos fazer dela uma regra por diversos motivos, portanto devemos explorar ao máximo possibilidades de trazer as realidades da rua para dentro da escola, penso que para isso os recursos tecnológicos (projetor, laboratório de informática, filmes, áudio, etc) auxiliam/facilitam esse trabalho.

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  14. MISS LENE PEREIRA DA COSTA7 de abril de 2017 às 03:59

    Sabemos que múltiplas as possibilidades de se trabalhar com os recursos patrimoniais e memoriais dentre as opções temos as aulas expositivas e aulas de campo na perspectiva do autor qual o tipo de abordagem mais adequada e eficaz para a construção da aprendizagem Historica?
    Att,
    Miss Lene Pereira da Costa

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  15. Parabéns pelo trabalho Alex Juarez Müller, concordo com você, uma aula mais expositiva ajuda muito na compreensão dos alunos, assim como na ampliação desse conhecimento, partir do pressuposto das construções e monumentos de sua cidade, faz com que o aluno tenha outro olhos para tal construção ou objeto ao se deparar com ele em uma outra ocasião.

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    1. Boa tarde Andreia!
      Obrigado pelo comentário.
      Realmente, trabalhar com a realidade que está próxima dos alunos possibilita aproximar o estudante de sua história e consequente problematização da sua vida e do seu entorno, e penso eu que isso resulta numa cidade melhor/mais saudável para viver.

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  16. Parabéns pelo trabalho.
    o trabalho do patrimônio sempre gera desconforto devido a alteração do modelo padrão de aula, o professor acaba ficando acomodado. Outro problema é a falta de um investimento dos municípios sobre o tombamento dos itens do município. O senhor concorda que com o apoio dos municípios a educação patrimonial teria um ganho muito grande?
    Abraço
    Anderson da Silva Schmitt

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  17. Olá, Alex!
    Boa noite!

    Parabéns pelo seu trabalho! Gostei bastante da sua perspectiva em trabalhar o tema patrimônio material e imaterial em sala de aula muito interessante. Tendo em vista minha primeira experiência trabalhando em um museu do interior, ainda na graduação, pude observar de perto o dilema da própria instituição ao buscar cursos de formação para sua equipe pequena e mista, e mais ainda, a tentativa desta de tentar ultrapassar suas paredes para tentar levar para as escolas, os bairros, a comunidade local um pouco de educação patrimonial visando mesmo o apoio e o interesse da população para esta discussão que é tão importante e necessária no mundo que ser quer sustentável -pensando nos museus do interior cuja verba mal dá para o básico na manutenção das instituições-, de que a responsabilidade pela preservação e divulgação desses patrimônios é de todos nós e começa em casa, no bairro, na escola, em cada lugar de memória.
    Como você pode perceber, haviam muitos planos para que tal projeto desse certo, mas esbarramos em algumas pedras gigantescas, 1 delas, bem conhecidas de todos nós, a BUROCRACIA, a outra, FALTA DE INTERESSE de instituições de ensino, principalmente, em receber tal projeto.
    Com tantas barreiras o projeto acabou atingindo a poucos, mas as ações continuam no intuito de convencer a cidade a se interessar pelo seu patrimônio e história.
    O que eu gostaria de saber de você, é: como você vê essa falta de interesse dos orgãos e instituições públicas em nosso país e sua irresponsabilidade em relação aos cuidados ou, a falta de cuidados com o patrimônio histórico brasileiro?

    Obrigada!

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